Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

29 agosto 2011

Sobre o ato de observar

Perdendo a cabeça

Observar o ego não é nada fácil, uma vez que o danado é pra lá de matreiro. Ele busca constantemente se disfarçar, através do desfoque de si mesmo. Esse desfoque se dá na constante formação de inimigos externos, na criação e tentativa de solucionar problemas por ele mesmo criados, na formação de incessantes perguntas e suas consequentes buscas de respostas, em disputas, em confrontos, em debates, em constante estados de ansiedade e medo, na busca das defesas isolacionistas, na proteção de seus apegos, suas máscaras, seus dilemas. Sua tática de sobrevivência se encontra sempre em alguma manifestação de desfoque, desfoque este que retém nossa energia vital, nos mantém num estado de letargia que nos deixa totalmente distantes da prática do contato consciente com a nossa real natureza. Distantes desta consciência real do que somos, nos identificamos, acreditamos ser a nossa natureza os absurdos e conflitantes conteúdos que passam de modo acelerado em nossa mente, criando diversas formas de somatizações corporais, sendo a mais comum, nossa conhecida ansiedade, que nos leva sempre a alguma forma de compulsão. Não somos o conteúdo que passa em nossa mente; somos aquele estado consciente, que se faz consciente de todo conteúdo insano, com suas exigências descabidas, — tanto de nós como de terceiros —, que passam em nossa mente. Esse estado de observação, não nos é natural. Não fomos educados para isto, ao contrário, fomos educados para acreditar na esperteza de nossa mente, de nosso raciocínio, de nossa personalidade. É lógico que, ao princípio desta prática da observação, tenhamos dificuldades, algumas confusões se apresentem, uma vez que, quem sempre foi rei, nunca quer perder sua majestade. Nosso ego se rebelará feito criança mimada. Aqui, nada mais se faz necessário do que assistir seu espernear, sua birra, suas tentativas de instalação de caos interior. Observar tudo que se passa, sem querer escolher, nomear, rotular, ou qualquer outro tipo de ação. Apenas observar. Nessa observação, quando menos esperamos, "algo" acontece, "algo" se manifesta e, nessa manifestação, descobrimos que não estamos sós. Descobrimos uma Presença, descobrimos nossa real natureza. Não acredite, experimente!

Nelson Jonas Ramos de Oliveira 

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!