Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

15 junho 2015

Observe-se calmamente e não com a mente

Uma grande fonte de doença mental emocional encontra-se na ausência de tempo para si mesmo, a qual impede a percepção direta do SI mesmo. A falta de tempo para a coisa que nos é mais cara e que em última análise, de fato se apresenta como a “única coisa necessária e que deve ser amada sobre todas as coisas”, sem a qual, torna-se impossível a manifestação de autênticos contatos íntimos, profundos e significativos. Essa falta de nutrição psíquica, emocional, espiritual é que produz toda forma de doença.
É por isso que afirmamos sempre que é uma benção aquilo que em nossa inconsciência, consideramos como uma desgraça: essa confusão iniciática do processo de restauração do contato com a realidade Única que somos. Não há sombra de dúvidas de que esses momentos dolorosos e solitários são um portal, um rito de passagem pela “porta estreita” onde os ricos de imagens, conceitos e crenças confortantes, não conseguem atravessar. Esse é o buraco da agulha que nos espeta em nossas estagnantes zonas de conforto e que nos fazem sair de nosso débil leito da ignorância de si mesmo, largar nossas muletas psicológicas e caminhar sobre as águas depuradoras de um mar desconhecido. Há uma inteligência que faz com que este momento seja profundamente doloroso, incomodo, uma vez que, estamos tão adormecidos de nós mesmos que somente um grande choque do Ser é capaz de abalar as fronteiras defensivas da mente adquirida com seus respectivos sistemas de crença. Portanto, é natural a manifestação de períodos de barulho mental emocional; não há como ser diferente.
Ainda que agora o leitor não consiga ver por este prisma, tudo isso faz parte de um necessário processo de prontificação, o qual nos possibilita, em seu devido tempo, um estado de ser que em sua essência é de maestria. É por meio da manifestação desse estado de maestria, que podemos olhar aquele que ainda sofre — devido a inconsciente identificação com a mente adquirida — e, com propriedade lançar lhe uma palavra de estímulo cuja essência é: “Eu te compreendo! Você não precisa me dizer muito, pois sei o que você está vivendo! Ainda que você agora não acredite, isso também vai passar! Avante!” É esse processo que nos dá condição de sentar com todo aquele que sofre, olhar em seus olhos inseguros, segurar sua mão e mesmo sem palavras, transferir a reverberação energética na qual o mesmo sente-se relaxado, em solo sagrado e comunga da presença de nosso estado de ser.
Hoje, o que nos ocupa é a ação de olhar para as traves de tropeço que ocorreram em nosso caminhar pelo processo de prontificação e que, por períodos nos afastaram — através de alguma forma de entretenimento — e que fizeram com que perdêssemos a consciência do “eco desse sagrado chamado”. E tudo isso é um processo em que não há como se pular etapas, não há como acelerar momentos, pois isso criaria ainda mais disritmia na que já se encontra instalada. Como costumamos dizer, “não existe micro-ondas para o Espírito; não existe despertar express; não existe iluminação speed ou delivery.” É um processo que respeita o ritmo e a frequência de cada um que aceita o chamado. Da observação e frequência a este chamado, dá-se a potencialização de nossa frequência vibratória, a qual restaura nossa sensibilidade e o poder de manifestação criativa.
Infelizmente, ainda temos pouco material que nos leva a compreensão desse processo, visto que, na compreensão deste processo tudo se mostra menos conflitivo. Sem contar a enorme quantidade de material de “contra-inteligência” que nos distrai, e por nos distrair, trai a continuidade do processo de retomada da consciência única que somos. Hoje, com o massificação do advento da Internet, encontra-se uma infinidade de materiais para os quais a grande maioria não se encontra prontificada para a assimilação dos mesmos; e dependendo do tipo de material com que se entre em contato, o mesmo tem o poder de causar muito mais retrocesso do que nos impulsionar para o estado de ser que nos possibilita a percepção da calorosa Presença que a tudo anima. É por isso que ressaltamos tanto a necessidade de dar uma outra face para o processo iniciático, que é a face que não condiciona resultados e que se sente grata por tudo que se apresenta, pois, aquilo que se apresenta ela compreende como sendo o mestre que lhe ajuda na formação da tão necessária “base emocional”; sem a base emocional torna-se impossível um estado de ser não-reativo diante das constantes influências que são testes que nos avaliam para a possibilidade de novos níveis de percepção integrativa. Dar a outra face é sentir e expressar do mais fundo de si: “Venha o que vier eu não vou fugir... Observarei... Não escolherei o que vier!... Olharei até que a consciência me apresente aquilo que precisa ser reparado.”
Mas nem todos possuem a capacidade de dar a outra face para isso que acabam vendo como inimigo; a maioria quer uma forma de fuga; a maioria prefere sair em busca de uma “novacaína”, uma xilocaína contra as dores da maturação, que possibilite o esquecimento da emergente necessidade de separar o joio do trigo no enorme campo de suas estagnantes ilusões. Mas isso é o mesmo que fechar uma camisa, de modo apressado, de forma inconsciente, pulando uma das casas, logo nos primeiros movimentos... Ao final, não há como não se ver desajeitado... Não há como não se perceber torto... Não há como não ter que reparar e desfazer todo o serviço e depois retornar ao mesmo processo inicial.
Então, para todo aquele que esteja atravessando as poderosas primeiras ondas da rebentação desse mar desconhecido, nossa principal frase é: “Vá com cALMA... Mas vá!... cALMAmente e não com a mente, pois, devagar, se vai ao centro do Ser que somos, o qual se encontra muito mais próximo do que o som de nosso respirar”... É preciso ter consciência de que não dá para reparar em uma semana, um mês, décadas de um estado de ser inconsciente e inconsequente. Se vamos observando, calmamente, de forma incondicionada, tudo aquilo que a consciência vai nos trazendo, vamos nos apercebendo e deixando cair pela estrada o falso que nos é apresentado e nos aproximando cada vez mais da Verdade única que somos.
Portanto, é natural esse estado de letárgica confusão; não foi diferente para nenhum de nós esse processo aparentemente dual de Absurdo e Graça. O mesmo imita a natureza: não há como se ter apenas dias ensolarados, afinal, se assim fosse, onde teríamos a fecundidade do solo com seus filhos que nos nutrem?... Do mesmo modo que há sol, vento, chuva, nuvens nubladas e esparsas, é natural nossas oscilações emocionais até que se manifeste a humildade necessária para a fecundidade do Ser que somos, o qual tem a irrigação de seu solo pelo verter de nossas restauradoras lágrimas sacras. Se formos graciosamente sérios neste processo, os dias de sol e chuva nos apresentarão no findar do arco-íris de nossa observação, o pote de ouro da Realidade de nossa original Natureza Única, cujos frutos trazem ao mundo Graça, Felicidade, Liberdade, Alegria, Integrativa Compaixão e Abarcante Criatividade totalmente livre das ervas daninhas que se caracterizam pela necessidade de aprovação e aceitação.

Outsider


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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!