Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

15 junho 2015

Um compartilhar de vivências do coração

A mente adquirida é adicta de medições e comparações e é justamente devido a essa adicção, a qual a mantém sempre presa nos estreitos limites de seu velho território, que ela não consegue captar a essência, o reverberar da frequência mais profunda que motiva o uso das palavras.
É interessante perceber que, até antes do evento da crise iniciática, a mente adquirida disputava na horizontal arena da matéria: quem tem mais dinheiro, quem tem mais propriedades, carros, mais reconhecimento, mais poder e prestígio, mais conquistas e noites de sexo; depois da crise, após ler uma pequena quantidade de livros e de frequentar alguns locais na busca de entendimento de sua confusão, a mesma passa a disputar quem tem mais conhecimento, quem tem o melhor mestre, o melhor guru, quem explica melhor os textos e áudios de determinado guru, quem está mais próximo da iluminação, quem é iluminado ou não... É algo realmente impressionante e, de fato, não se pode mesmo subestimar o poder de se transvestir da mente adquirida. A pergunta que nos salta aos olhos é: “Pra que isso?” “Por que não manter apenas uma postura de livre compartilhar?” Não faz sentido algum sair de um mundo de fortes disputas materialistas para adentrar numa disputa espiritualista. Se entramos nessa barca furada, o único resultado possível está na continuidade do processo fragmentador o qual nos delega o amargor de uma solidão ácida. Dentro desse estado de amargor, a mente adquirida mostra-se incapaz do exercício de um compartilhar amoroso, restando tão somente, o característico vício de fazer abusivos e invasivos questionamentos que não tem como propósito único e primordial um pacificador compartilhar integrativo, mas sim, o espírito de inibidora disputa vexatória que não nos distancia não só dos demais mas, principalmente, do desvelar da realidade única que somos. É preciso estar muito atento a estes nebulosos períodos de nossa infância espiritual, os quais se mostram enormes e, por vezes, intransponíveis traves de tropeço que impedem a livre expressão do Ser.
Disputas de conhecimento, debates de ideias, quase sempre fundamentados em lero-lero livresco, só têm o poder de gerar polêmica, controvérsia e fragmentação. Diante delas, não podemos esquecer que o silêncio contemplativo é a nossa melhor opção de linguagem. A linguagem precisa sempre estar num compartilhar de vivências do coração; linguagens para disputa intelectual não são dignas de nossa energia vital. Sem o exercício da linguagem e escuta do coração, o único resultado possível é a continuidade da nutrição de uma mente exclusivista, separatista, totalmente incapaz de se aventurar pela benfazeja dimensão do Amor.
O propósito primordial do uso das palavras deve estar sempre alicerçado no compartilhar integrativo, o qual nos possibilita diálogos que nos aproximam cada vez mais da percepção de nossas ilusões e condicionamentos, os quais uma vez transcendidos, nos aproximam da curativa percepção da Perene Consciência Amorosa Integrativa, sem a qual, tudo se mostra como fonte de conflito. Diálogos para alimentar jogos egóicos ou que se mantenham na exterioridade do Ser, não são dignas de nossa energia vital, não são dignas do estado de ser que se nos apresenta quando de nossos momentos de profundo silêncio contemplativo.


Outsider

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!