Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

16 março 2012

Uma educação para o Amor


Qual seria, nesta era de tamanha explosão tecnológica científica, a mais importante e imprescindível descoberta humana? Como nunca antes, o ser humano vem sofrendo (e agravando dia-a-dia) de um doentio estado o qual chamarei aqui de "Disritmia Psicocoronária, um estado em que a mente e coração, não funcionam em harmonioso compasso e direção. A cada século, a raça humana é presenteada com raros homens e mulheres, que pelo seu modo de ser, deixam-nos claro que estavam devidamente imunizados contra esse tal estado de disritmia. No entanto, como nos mostra a história, a raça humana — que funciona sempre nos moldes do passado — não estava preparada para esses homens e mulheres, cuja mente e coração, funcionavam no poderosíssimo ritmo de um agora, futurante; eram mentes muito a frente de seu tempo. Sua tamanha capacidade de visão, aos adormecidos, causava profundo medo e preocupações autocentradas para a grande maioria dos disritmados líderes escravocratas. Sempre foi assim e parece que, por tudo que se vê na mídia, assim, continuará a ser.

Sabemos muito bem os perigos do avanço cientifico tecnológico, quando destituído de alma e coração. O Poder sem coração só gera corrupção, que é muito mais do que esconder dinheiro dentro da cueca. Corrupção, no sentido de desvirtuamento da origem, da essência daquilo que ao ser humano se torna manifesto. Em vista disso, me pergunto: 

"Qual seria a imprescindível descoberta capaz de facultar ao homem a potencialização de sua ainda dormente e embrionária Consciência Amorosa Integralmente Inteligente?"

Sem dúvida, a essência desse questionamento nada tem de novo, visto que, ao longo da história, homens e mulheres, cada um ao seu modo, se debruçaram sobre esta questão, com tamanha seriedade e paixão pelo "Demasiado Humano", pela "Excelência de Ser", ao ponto de muitos chegarem até mesmo ao sacrifício de sua própria existência. Com sua dedicada paixão, apresentaram ao mundo o conteúdo de suas meditações, não somente através de livros e palavras, mas sim, pelo exemplo vivo de sua vida de relação. Posteriormente as suas mortes, "bem intencionados seguidores", acabaram por corromper as percepções desses amorosos e ritmados homens, através da codificação de sistemas de crenças. Tais sistemas de crenças, como se pode ver, no que diz respeito a proliferação de um estado de beatifica consciência ritmada, nem sequer o traço da cedilha, tiveram por êxito.

Nossa cultura — que mais parece servir à um processo de descultura — criou um sistema de educação que força o ser humano ao ajustamento, à irreflexiva padronização, à repetição pelo acumulo de conhecimento, à um modo mecânico de pensar destituído da capacidade de levantar fundamentais questionamentos, um sistema de educação que força a aceitação passiva do modelo operante imposto pelo sistema dominante, modelo este que atrofia o desenvolvimento da lógica e da razão. Em vista disso, o sistema de educação se transformou numa máquina processadora de "embotados mecânicos especialistas", cuja preocupação primordial não está em descobrir e seguir o ritmo sutil de um coração amoroso, mas sim, em ser mais um vitorioso "aprendiz gladiador", no imenso e especulador coliseu do mercado de trabalho, cujo único interesse está no acumulo de cifras monetárias para a consumação de cambiáveis bens materiais. Neste imenso coliseu, em nome dos lucros, toda forma de barbárie tem se mostrado possível, inclusive, com a ajuda de uma mídia também corrompida, a barbárie de disfarçar a percepção da realidade da mecanicidade atuante. Tanto a educação como os meios de comunicação, estão fundamentados no processo de comparação, o qual é sempre medido pelos índices de ibope, os quais sustentam o desenvolvimento de uma mente escrava do medo, consequentemente, forçada à aceitação da imitação que condiciona e à recusa de valores originalmente criativos que apontem para a formação de consciência. O impulso para a satisfação do imediativo sensório, coloca de lado até mesmo uma razoável capacidade de raciocínio lógico, o qual teve seu desenvolvimento tolhido através de vários anos de adestramento escolar.  A essência da filosofia, da poesia e da arte, a qual potencializa o despertar de uma mente e coração sutil e amoroso, capazes de captar os sinais da Inteligência Amorosa Criativa, que tudo permeia e que ilumina a razão, foi substituída por valores científicos à serviço das "exatas financeiras" e das "humanas desumanas". O mantra de nossa educação pode ser resumido numa simples e repetida questão:

"Afinal, quanto eu levo nisso?"

Diante da egocentricidade de tal mantra, surge então a questão:

"Qual descoberta poderia alterar o fluxo da consciência humana, de modo que houvesse o realinhamento com o ritmo amoroso dessa Inteligência Criativa, de modo que a pergunta 'Quanto eu levo nisso?', poderia dar lugar a pergunta: 'Como posso colaborar com isso?'"

Qual educação poderia facilitar ao desumano ser humano a deixar de ver o mundo como um objeto a ser explorado, de forma inconsciente, apenas para a satisfação de seus interesses autocentrados? 

Qual educação poderia facultar ao ser humano o questionamento de como interagir de forma harmônica, consciente, com este organismo vivo, do qual o homem é parte integrante e não como senhor dominante, que é o modo como ele hoje se vê?

Penso que na resposta para estas questões, se encontra o remédio que pode facultar ao homem a cura de sua doença de disritmia psicocoronária, causadora das mais variadas formas de estresse, os quais impedem ao homem a retomada de seu próprio ritmo, sem o qual, torna-se impossível a manifestação de um estado co-criativo com a Fonte da Vida, a qual é toda alegria, felicidade, liberdade, poesia e, principalmente, Arte. É na descoberta da educação correta que se encontra, em nós, o artista e a arte de viver. Sem a descoberta desta educação, o ser humano continuará a ser aquilo que hoje é: um ajustado, conformado, embotado e corrompido telespectador; totalmente incapacitado de experienciar e exercitar, pelos palcos da vida, a genuína realidade expressa na limitação da palavra, "Amor".

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!