Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

03 abril 2012

Fim dos tempos


Acordei as 4h03m da manhã, com a seguinte linha de pensamento: Como deve ser terrível, nos últimos momentos da existência ver passar o filme dos dias e perceber uma coleção de equívocos, de auto-enganos adquiridos pela aceitação e influência de valores falsos, perceber nunca ter vivido uma autêntica comunhão, um verdadeiro partilhar, uma verdadeira intimidade, seja consigo mesmo ou com outro ser humano. Como deve ser terrível se deparar com o fato de nunca ter vivido a beleza da compaixão e do genuíno amor, de nunca ter se visto livre do sentimento de separatividade, da ansiedade, do medo e do profundo e angustiante vazio da solidão. Como deve ser triste e agonizante, nos momentos que precedem o último suspiro, não ter a consciência tranquila, não ter travado o bom combate e conseguido superar a alienante influência propagandista de um mundo mercador de ilusões; chegar ao portal da morte, sem ter morrido para si mesmo, totalmente desconhecido de sua real natureza e, portanto, sem saber quem realmente é. Como deve ser dolorosamente angustiante agarrar-se à cama, implorando por mais tempo, por uma segunda chance, por perceber que, de verdade, a vida foi uma grande mentira. Como deve ser triste, neste sagrado momento, não se sentir pronto, calmo, sereno e em interior harmonia, pode exclamar: 

— Pai, em tuas mãos, com desapego e alegria, entrego meu espírito, pois estou em casa!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!