Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

09 fevereiro 2012

A crucificação como arquétipo

A crucificação, para mim, — indiferente se houve ou não esse momento histórico —, é um arquétipo que aponta para o momento culminante, atingido depois de uma longa Via-crúcis de autoconhecimento, onde corremos de um lado para o outro, em meio a barulhenta e inconsciente multidão, onde caímos e levantamos — por vezes sob o maldoso sorriso de muitos que dela fazem parte — devido o pesado fardo de nossa existência destituída de real inteligência criadora. A crucificação é aquele momento em que nossos pés estão presos para que não possamos dar continuidade a constante fuga para o externo de nós; nossas mãos estão presas para que não possam mais fazer uso de livros, filmes e tantas outras coisas mais, as quais usamos durante nossa  Via-crúcis  de autoconhecimento. A coroa de espinhos, uma representação da observação do conflituoso e doloroso conteúdo de nossa mente, que nos faz, literalmente, soar, ainda que não seja um suor de sangue, mas um suor psíquico e visceral e não o costumeiro suor de nossa superficial e monótona rotina física. É a representação daquele momento em que, exaustos, finalmente dizemos: 

"Pai, em tuas mãos entrego meu espírito... Em Tuas mãos, Pai e, não mais, nas mãos de nenhum guru, de nenhum lugar, de nenhum sistema de crença, de nenhuma prática — por mais brilhantes que estes sejam — a nada mais que seja exterior a este ser que, em Seu Ser, sou". 

E isto se dá no topo do Gólgota, que no aramaico tem como significado a palavra "crânio"; é a representação do momento de esfacelamento do intelecto, da razão, da lógica e do nosso inconsciente vício de pensar, para a ocorrência da inefável trans-mentalização

nj.ro@hotmail.com

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!