Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

15 novembro 2011

A desilusão com o Baú da Felicidade

Ilustração: amarildo.com.br
Hoje pela manhã, recebi pelo Facebook uma curta e poderosa mensagem enviada pelo pessoal do Blog Palavras de Osho. A mensagem dizia:

"A luta contra os outros é apenas um truque para esquivar-se da guerra interior."

Veio como um grande convite da Grande Vida, um convite ao tão difícil movimento do viver e deixar viver.

Minutos mais tarde, após o café da manhã, enquanto lavava a louça da noite anterior, ao esfregar a gordura ressecada no fundo de uma assadeira refratária, um rápido pensamento me surgiu a mente...

Você nunca acreditou no Baú da Felicidade, não é mesmo? Nem por isso, você destratou aqueles que acreditaram nessa empreitada e que, de porta em porta, trabalhavam pela sua divulgação. O que você dizia aos andarilhos vendedores que, para garantir seu mirrado ganha pão, se entregavam a tal trabalho, que trazia um Baú de Felicidade somente para o proprietário da empresa?

— Obrigado! Não tenho interesse! Tudo de bom!

De fato, nunca briguei com o dono do Baú, nem com seus vendedores, muito menos com aqueles desavisados que investiam parte de seu orçamento nessa ilusória idéia de felicidade e liberdade vinda através de sorteio, com data e hora marcada e por transmissão ao vivo. Aliás, depois que fechava minha porta, nem mais me lembrava do Baú, seu dono e seus explorados vendedores. Eu continuava com minha vida, me entregando novamente naquilo que estava fazendo antes que o som melódico da campainha me desviasse a atenção.

Nos relacionamentos, estamos em busca de nosso Baú da Felicidade... Parece funcionar sempre do mesmo modo... Uma melodiosa campainha toca, damos a devida e respeitosa atenção as suas coloridas promessas; por vezes, nelas acreditamos e a elas nos dedicamos com energia e afinco. Ali permanecemos, até que se apresente a benção da desilusão. Cada um, conforme seu momento, responde de certo modo aos sentimentos gerados por essa desilusão. Aqui, com as mãos ainda cheirando a detergente chego a conclusão, de como é difícil ao ego, diante de tais desilusões, simplesmente responder:

— Obrigado! Não tenho interesse! Tudo de bom!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!