Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

11 novembro 2011

Vivendo e aprendendo a jogar


Logo pela manhã, ao abrir a tela do Facebook, me deparo com uma mensagem amiga que dizia: 
(...)
Realmente, temos que ser nossa própria luz, indiscutível. Acredito, porém, que a figura do mestre tenha uma importância relativa, ou seja, de apontar para aquilo que é nossa verdadeira natureza. A partir desse apontar, cabe a pessoa olhar para isso e descobrir aquilo que já É e que sempre foi. O interessante é que mesmo existindo "mestres" que, digamos assim, apenas repetem os ensinamentos e não tiveram uma experiência direta, mesmo assim algo está acontecendo, mesmo assim a GRAÇA está sendo apontada, mesmo assim algo está desabrochando... Até porque, no final das contas, nada é obra de ninguém, tudo acontece como tem que SER...

Diante desse trecho me ocorreu a seguinte reflexão

Se uma pessoa repete algo que "ouviu ou leu" de outro como pode apontar para algo que nunca viu por si mesma? Seria o mesmo, como diz Osho, alguém que nunca provou o gosto do leite sair falando para os outros o gosto que o leite tem... Isso é insanidade, tanto de quem testemunha, como daquele que confia nesse testemunhar indevido!

Mas, continuemos com o conteúdo da mensagem...

Como publicaram recentemente no FACEBOOK "a SETA não é aquilo que está sendo apontado". Aos buscadores sinceros TUDO vai acontecer como tem que acontecer, por isso, acho que não há necessidade de fazermos uma espécie de "caça às bruxas" e com isso criar mais conflitos...

Acho elegante deixar silenciosamente aquilo que não tem mais significado para nós, porque isso é estar em sintonia com o TODO e compreender que no final das contas TUDO está realmente certo, e, ao mesmo tempo, também acho interessante expressar algo que está incomodado e com isso chamar a atenção de outras pessoas para essa situação...TUDO é um jogo gracioso, onde TUDO e TODOS fazem parte...

Cara, esse entendimento acabou pacificando mais a questão que conversamos ontem... Obrigado pelo compartilhar...

Para mim, o problema ocorre quando o "mestre" pega o conteúdo de terceiros e transmite como se esse algo fosse seu. Isso, ao meu ver é corromper a fonte, é apropriação indevida. Em outras palavras, se faço assim: Está vendo aquela placa ali, meu amigo, colocada pelo Ramana? Pois bem, algo me diz que o caminho é por lá! Isso é uma coisa! Outra bem diferente é se faço assim: Está vendo aquela placa ali, meu amigo, colocada por mim sem ajuda de ninguém, sem ajuda de nenhum mapa, sem ajuda de nenhum livro? Pois bem, é por lá! Penso ter me colocado com clareza. Penso também, que a beleza está em que somos todos, ao mesmo tempo, tanto mestres e discípulos... Vivendo e aprendendo a jogar, como canta o compositor Guilherme Arantes.

E você leitor, como vê isso? Deixo à você este convite à reflexão.

Alguns, quando comento sobre isso, dizem que podemos amenizar alegando ser isso um mal necessário, algo como: é melhor alguém escravo numa entidade espiritual qualquer, por mais corrupta que seja, sem causar danos aos demais, do que alguém jogado na sarjeta ou causando danos a si mesmo e aos demais. Veja, mesmo o falso, se há um coração honesto, a seu tempo se beneficiará com isso, mesmo que seja somente para aprender sobre o falso. Olhando por ai, tudo bem! Pode ser considerado como um modo de corromper a verdade de modo abençoado.

Mas penso que o problema está tanto na auto-ilusão, como no iludir daquele que recebe a mensagem como se a mensagem fosse algo original. Em meu caso, fui muito agraciado pelo contato com um amigo de influência ramânica adváitica e sabe-se mais lá o que. Fui por demais agraciado ao ponto de perceber as dualidades presentes. Que faço então diante da tristeza causada pela desilusão? Agradeço por ver a ilusão, depois, pego meu banquinho e saio, confesso, não muito de fininho! Ok! Me ajudou até perceber o falso, portanto, agora, sigamos em frente! Sou um felizardo porque vi, mas, e aqueles que não tiverem a mesma graça? Temos vários exemplos disso em nossa sociedade: igrejas, templos... Aqui é só mais um! 

Resumindo: não adianta mesmo caçar bruxas! Elas sempre existiram e sempre existirão. O lance, é conseguir derrubá-la, momentaneamente de sua vassoura cósmica e dela fazer uso para limpar o lixo encontrado e, depois, alegremente, seguir viagem, a pé é claro! Se ela vai continuar voando e aos outros enfeitiçando, isso, já não é comigo!

Um fraterabraço, 

Nelson Jonas Ramos de Oliveira

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!