Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

24 janeiro 2012

Sobre o insatisfatoriamente conhecido


Seja nos breves encontros do apressado cotidiano ou nos prolongados encontros de lazer, os homens disparam a falar repetidos assuntos, em sua maioria, acontecimentos de um passado morto, ou então, fragmentos de suas recentes atividades, cuja superficialidade, — no que diz respeito a revelação da verdade —, nenhuma profundidade ou relevância possui. Esses encontros sustentados com conversas fúteis, por vezes mantidas com entonação de seriedade, em última análise, não passam de uma forma socialmente aceita de auto-engano, com o qual, apenas momentaneamente o homem consegue afastar de si mesmo, bem como dos outros — também destituídos de visão por comungarem do mesmo script social — a enorme superficialidade, o vazio e a ausência de liberdade causada pelas várias formas de medo que governam sua solitária e, na maioria das vezes, enfadonha vida. Estas conversas só servem para a manutenção de uma imagem pessoal, imagem esta construída por décadas e que é totalmente destoante da presente realidade interna. Em consequência, por serem estes encontros, — encontros de idealizadas, comparativas e competitivas imagens —,  da verdadeira e salutar intimidade e comunhão, que abre as portas para a poderosa experiência do amor autêntico, o homem se mantém na ignorância e, dessa forma, cativo do que lhe é  insatisfatoriamente conhecido. 

NJRO

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!