Sem a total compreensão do "eu", qualquer ação que busque por mudanças nas situações externas, só pode acarretar em mais conflito e confusão, uma vez que, mudança não é o mesmo que mutação. Na ação que busca por mudança — o que na realidade não é ação, mas sim, ré-ação — os resultados não podem ser muito diferentes dos conflituosos resultados já instalados, uma vez que as bases do "eu" é que sustentam, de forma abalada devido a constante presença do medo, os pilares da mudança. Só na compreensão do "eu" se opera uma mutação real e instantânea, uma vez que, na compreensão do "eu", toda manifestação de medo deixa de existir e, só quando a mente está livre do medo, se torna possível o vivenciar de um estado de ser cujas bases sejam o amor, a felicidade e a consequente liberdade. As mudanças podem trazer um alívio momentâneo, mas nunca a excelência do ser. Sem a profunda e instantânea compreensão do "eu", qualquer forma de mudança implicará numa espiral sem fim de mudanças sempre conflituosas. Mudança implica em reforma e, como a própria palavra indica, são ajustamentos à formas pré-estabelecidas, que falseiam o original. No contato com o estado original sem "eu" é que pode se manifestar a mutação que proporciona a verdadeira liberdade da mente humana de seu antigo sistema de pensamento e seus consequentes vícios comportamentais. Para o alcance desse estado de liberdade é imperativo a compreensão do "eu" com suas rotineiras exigências, necessidades, desejos, manias e motivações. De nada adianta o sincero desejo de suprimir um determinado desejo, uma vez que, a base desta supressão parte do próprio desejo, o que aponta para um processo de mudança de desejo e não para a compreensão do mecanismo do desejo, bem como da entidade desejante, o "eu". Sem a eliminação da entidade desejante — não pelo esforço, mas pela compreensão — torna-se impossível a manifestação de um estado livre de toda manifestação de ansiedade, medo, insatisfação e da busca por um novo objeto de desejo que traga alívio imediato para toda forma de conflito causado por tais dolorosos sentimentos.
Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.
31 janeiro 2012
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Escolho meus amigos pela pupila
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde