Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

23 janeiro 2012

O auto-engano da respeitabilidade

Apesar da sofisticação tecnológica/material, o homem funciona numa repetição mecânica, dentro do modelo de vida herdado da cultura parental/social. Ao se permitir isso, dá continuidade a esse limitante modo de existir, pautado na busca de  conveniências, que por sua vez, sustentam as mais variadas formas de auto-engano. Isso porque, ao homem, em sua infância, não ouve o incentivo para o livre questionar. Ao contrário, o homem foi sistematicamente incentivado para aparentar ordem em meio da desordem. Se ele é capaz de aparentar ordem em meio da desordem, em seu meio, conquista a respeitabilidade, se tornando uma autoridade, sem perceber que, por meio dessa respeitabilidade, instala-se a estagnação. Se o homem é capaz de aparentar ordem em meio da desordem, passa então a ser visto como uma "pessoa responsável" e, por ser responsável, lhe é facilitado a aquisição de transitoriedades que criam a ilusão de sucesso, através da qual se aprisiona cada vez mais ao embrutecido padrão socialmente estabelecido. 

Então, para proteger suas transitoriedades conquistadas, tão importantes para a manutenção de sua respeitabilidade dentro do grupo a que pertence, o homem elege autoridades, através de pessoas que também aparentam ordem em meio da desordem e, ao fazer isso, dessas autoridades torna-se silencioso, ajustado, e domesticado mantenedor, delas dependentes. E, sem que se perceba, com o passar dos anos, cada vez mais a vida escapa de suas mãos. Ao se permitir isso, o homem abre mão de sua individualidade, aceitando pagar caro para se ver, feito boi amansado e devidamente registrado, como parte do assustado gado, aprisionado dentro do intrincado curral social. 

Desse modo, a repetição do conhecimento do passado, sempre projetado na idéia de futura segurança, rouba do homem a possibilidade de abertura para o estado de insegurança criativa do presente, insegurança essa que parece ser a única forma possível de real segurança e verdadeira ordem. 

NJRO

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!