O que passa pela mente é pensamento, idéia e, portanto, ilusão. Tudo é ilusão. A realidade que agora se percebe, enquanto identificados com as influências e exigências do ego social, é tão real quanto a realidade vivida durante o sono. A Realidade só se apresenta quando despertos. Somos escravos, uma vez que vivemos o cotidiano imersos — quase sempre de forma inconsciente — num fluxo sem fim e desconexo de pensamentos e idéias. Nunca estamos num estado de holística consciência. A Consciência da Realidade encontra-se permanentemente anuviada pelo incessante movimento dos pensamentos que ocorrem na ponte do tempo passado-futuro, sustentada por nosso arquivo de memórias que, em sua essência, é pensamento. Vivemos a ilusão de estarmos acordados, no entanto, vivemos em múltiplas camadas de sonhos sobre sonhos. O que pensamos ser a Realidade, nada tem de Real. A Realidade só se apresenta quando no estado de percepção pura, onde o eu, o ego, com seu arsenal de memórias, não existe. Estas percepções, para a mente condicionada e inconsciente de seus condicionamentos, soam como uma "grande viagem", uma vez que desconhece outra realidade que não aquela a que se encontra ajustada. No entanto, como um dia disse Einstein, a mente que se abre para uma nova idéia, nunca mais volta ao seu estado anterior. A dificuldade de lidar com a "Real Realidade" está no fato de que, a mente, por si mesma, mediante seus limitados esforços, não tem como acessar a referida Realidade, não tem como capturá-la. Como a grande maioria dos seres humanos nem sequer despertaram para a consciência do movimento dos pensamentos e, uma vez que se identificam como sendo o conteúdo dos mesmos, claro que esta percepção soa um tanto absurda. A maioria dos seres humanos estão plenamente identificados com a afirmação "Penso, logo existo"; de fato, só existem, nada conhecem da Vida Real, totalmente livre do medo. Só os despertos possuem a chance de alcançar o estado em que possam afirmar: Sou Consciência, auto-consciente de toda manifestação no mundo das formas e além-formas. Para que isto se torne um fato, a estrutura do mundo das idéias, dos conceitos, das formas, da materialidade, das crenças condicionantes, estagnantes e debilitantes precisa ruir por completo, "não sobrando pedra sobre pedra". Estar desperto é estar além da aparência ilusória do mundo das formas, é estar consciente e em direta relação com Aquilo que não pode ser expresso e que, em última análise, anima tudo que é percebido no mundo das formas. Quem vive preso ao mundo das aparências, só aparências enxerga e, portanto, só aparentemente vive; nada conhece de Real.
Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.
09 janeiro 2012
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Escolho meus amigos pela pupila
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde