Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

31 janeiro 2012

Constatações sobre a compreensão do "eu"

"Operários", Tarsila do Amaral (1933)

Parece que a maior dificuldade enfrentada por aqueles que buscam pela compreensão do "eu", seja a indiferença parental/social com relação a necessidade de auto-conhecimento amplo e profundo. A maior parte da população está apenas interessada na superficial adaptação à algum conhecimento específico — cujos pilares são a imitação e a entendiante rotina — que lhes assegure a falsa respeitabilidade social, o senso de participação grupal para fins de divertimento, prestigioso e invejado posicionamento numa sociedade corrupta em acelerado estado de decadência. Para a compreensão do "eu" e suas diversas manifestações de medo, um dos primeiros medos a ser compreendido e, — pela compreensão transcendido — é o medo do ostracismo, cujo clamor aponta sempre para o ajustamento, a estagnante domesticação servil e uma vida de superficialidades.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!