Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

14 junho 2011

Livro: LAVAGEM CEREBRAL

Lavagem Cerebral - menticidio: O rapto do espírito
Autor: Merloo, Joost Abraham Maurit
Editora: Ibrasa
Categoria: Psicologia / Psicologia
S.B.N.: 9788534801317
Cód. Barras: 9788534801317
idioma: Português
Número de Paginas: 390

A primeira parte deste livro trata das várias técnicas usadas para fazer de um homem um conformista dócil. Além do exame de acontecimentos políticos da atualidade, chama-se a atenção para certas idéias desenvolvidas em laboratório e para o uso de drogas, como meio de facilitar a lavagem do cérebro. O último capítulo trata do mecanismo psicológico subjacente da submissão mental.
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Uma das principais descobertas da psicologia moderna é que a massa pode ser condicionada pelo tipo de linguagem empregada em situações específicas. Estímulos direcionados ao ponto certo podem agir como instrumentos de dominação sobre homens e animais.

As relações dos homens com o mundo exterior e os semelhantes, explicam os psicólogos, podem ser dominadas mediante a simbologia da linguagem. O homem aprende a pensar por meio das palavras e das imagens verbais que armazena na experiência diária, e são esses os valores que vão interagir na elaboração do processo que condiciona a gradual percepção pessoal da vida e do mundo.

O psicólogo russo Dobrogaev, logo depois da Segunda Guerra Mundial, afirmou que “a linguagem é o meio de adaptação do homem ao seu ambiente”, e tal condição é imposta pela necessidade que o homem tem de comunicar-se com os semelhantes e, ainda, pelo significado desse processo nas relações com o mundo exterior. Em outras palavras, pode-se avaliar melhor a essência desse pensamento, mediante a constatação simplista: quem consegue ditar e formular as palavras e frases que usamos no dia-a-dia, enfim, quem domina os meios de comunicação, “é o senhor do espírito”.

Segundo Joost Merloo, médico holandês que se dedicou ao estudo dos métodos de lavagem cerebral utilizados durante e após a guerra, opiniões pré-fabricadas podem ser distribuídas repetidamente pela mídia, “até que atinjam a célula nervosa e implantem no cérebro um padrão rígido de pensamento”. Baseado na teoria desenvolvida por Pavlov, Merloo acrescentou que “a opinião pública dirigida é o resultado de uma boa técnica de propaganda, sendo as eleições nada mais do que a verificação do efeito, temporariamente bem sucedido, da manipulação pavloviana do espírito. Todavia, as eleições podem exprimir somente o que o povo finge pensar ou crer, por ser perigoso manifestar-se de outra forma”.

A fórmula do condicionamento político das massas é simples e consiste na repetição mecânica de temas e sugestões que, a seu tempo, acabam reduzindo o impacto e as oportunidades para divulgar a dissensão. Assim trabalham as atuais máquinas de propaganda e marketing político, substitutas das antigas agências de relações públicas então existentes, que no fundo faziam a mesma coisa.

Merloo lembrou, no livro Lavagem cerebral - Menticídio, o rapto do espírito (Ibrasa, SP, 1980), que os nazistas abusaram do poder condicionante da palavra reproduzida ao infinito para que ninguém ficasse escusado de ouvir a mensagem. O meio mais conhecido da época era o rádio, e o simples ato de desligar o aparelho atraía a suspeita dos agentes da Gestapo. A propósito, nunca é demais continuar tirando lições da arrogante fórmula de Goebbels, o arquiteto da propaganda hitlerista, para quem a mentira repetida à saciedade tornava-se verdade incontestável.

O poeta e ensaísta russo refugiado nos Estados Unidos, Joseph Brodsky, analisando um contexto que conheceu na intimidade, escreveu que pessoas não se transformam em tiranos porque têm vocação para tanto, e nem por mero acaso: “O veículo da tirania é um partido político (ou a hierarquia militar, que tem uma estrutura semelhante à do partido), porque para se chegar ao topo de alguma coisa é preciso encontrar algo que tenha uma topografia vertical”. A citação é do livro Menos que um (Cia. das Letras, SP, 1994), cuja leitura é altamente recomendável.

O que leva alguém ao topo é a lenta passagem do tempo, diz Brodsky, e isso nos soa com certa familiaridade. “Mesmo nas fileiras da oposição, o progresso no partido é lento; quanto ao partido no poder, não tem nenhuma razão para apressar-se, e ao cabo de meio século de domínio ele próprio passa a ser capaz de distribuir o tempo.”

Brodsky sempre foi um temerário dissidente do marxismo-leninismo, tanto que em 1972 foi forçado a deixar São Petersburgo (Leningrado), onde nascera em 1940, para refugiar-se nos Estados Unidos.

Suas palavras, porém, reafirmam onde quer que sejam lidas e quais forem os leitores, o indelével sinete da rebeldia incapaz de remover as montanhas da tirania, é verdade, mas forte o suficiente para ajudar a forja de homens e mulheres que não se dobram ao autoritarismo.

Ivan Schmidt, jornalista.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!