Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

20 junho 2011

Filme - O Homem de Terno Branco


O HOMEM DE TERNO BRANCO 
(The man in the white suit, ING, 1951) 
Dir: Alexander Mackendrick. 
Com: Alec Guinness, Joan Greenwood, Cecil Parker.

Sidney Stratton (Alec Guinness), um cientista ingênuo, excêntrico e idealista desenvolve um tecido que não se desgasta e suja nunca, praticamente indestrutível. Seria uma descoberta espetacular da ciência se os executivos da indústria têxtil e o sindicato dos trabalhadores não fizessem de tudo para que Stratton nunca divulgasse essa informação à imprensa. Tanto para o lado das industrias quanto dos trabalhadores as perdas seriam incalculáveis e essa revolução geraria uma mudança na economia. Dessa forma o invento que possibilitaria enorme ganho humanitário de certa forma causaria uma crise econômica imensa para a sociedade.

Essa excelente comédia inglesa se equilibra espetacularmente nesse tema ambíguo. Os dois lados da moeda (capital x trabalhadores) compartilham do mesmo egoismo. No entanto, não existe um lado que esteja errado nessa questão e, também, certo. Por outro lado temos o idealismo de Stratton, que luta para que sua criação seja reconhecida e que tenha uma função benéfica na vida das pessoas, chocando-se com os efeitos reais que sua descoberta pode gerar em larga (crise na indústria têxtil, desemprego no setor) e pequena (as pobres senhoras que lavam roupas para fora ficarão sem trabalho!) escala.

Alec Guinness está perfeito com sua imensa sutileza que vai da ingênua euforia da descoberta à melancólica decepção pelo fracasso. O excelente roteiro é dirigido com precisão por Mackendrick que havia dirigido o delicioso Quinteto da Morte, também, com Alec Guinness.

Esse filme nos faz refletir o quanto as questões dos avanços e descobertas científicas e tecnológicas podem abalar o sistema capitalista vigente e o quanto, para que isso não aconteça, é necessário "sabotar" essas descobertas. Imaginem a criação do motor que funciona a base de água ou mesmo um tipo alternativo de combustível que pode ser produzido em larga escala e seja barato e não poluente. O que acontecerá com a Petrobrás e todos seus projetos em desenvolvimento, todos seus apoios, todos seus trabalhadores? E a cura do câncer? Como ficarão os laboratórios de pesquisa, os planos de saúde, os hospitais? São teorias conspiratórias, sim, em parte. Mas, o que garante que já não descobriram. Ou se descobrirem, o que garante que não serão compradas ou sabotadas e jamais veremos a solução para nossos problemas.

Esse filme nos faz pensar. Brilhante!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!