A beleza do céu azul.
O toque da luz solar.
O som dos pássaros e das rodas do carrinho de feira da obesa senhora negra, de lenço bege a cobrir o branco cabelo pixaim.
O pequeno cão a fazer algazarra diante do movimento de cada passante distraído.
A calçada quebrada pela força da natureza expressa nas densas raízes da florida árvore de imensa copa.
A sinfonia da construção do conjunto de prédios com suas longas e verdes redes de proteção.
O solitário trabalho de um técnico em telefonia apoiado sobre longa escada encostada ao centro do poste.
Num prédio vizinho, cuja calçada se apresenta impecavelmente limpa, em sua soleira, arranjos com marias-sem-vergonha de várias colorações.
Ao longe, vê-se a imensidão e a impessoalidade da cidade grande, coberta por uma densa camada cinza que sobrepõe em muito a altura de seus edifícios comerciais.
Por detrás dos imensos vidros esverdeados e temperados da academia de ginástica, nas esteiras eletrônicas, sobre o olhar disfarçado dos seguranças, cinco senhoras pagam para fazer caminhada, com seus coloridos uniformes em lycra e os aparelhos de mp3 aos ouvidos.
Enquanto isso, caminho livre e gratuitamente pelas calçadas deste bairro, apreciando a brisa suave que de forma natural traz a graça de sua melodia aos meus ouvidos.