Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

10 abril 2008

Numa manhã de abril

A beleza do céu azul.

O toque da luz solar.

O som dos pássaros e das rodas do carrinho de feira da obesa senhora negra, de lenço bege a cobrir o branco cabelo pixaim.

O pequeno cão a fazer algazarra diante do movimento de cada passante distraído.

A calçada quebrada pela força da natureza expressa nas densas raízes da florida árvore de imensa copa.

A sinfonia da construção do conjunto de prédios com suas longas e verdes redes de proteção.

O solitário trabalho de um técnico em telefonia apoiado sobre longa escada encostada ao centro do poste.

Num prédio vizinho, cuja calçada se apresenta impecavelmente limpa, em sua soleira, arranjos com marias-sem-vergonha de várias colorações.

Ao longe, vê-se a imensidão e a impessoalidade da cidade grande, coberta por uma densa camada cinza que sobrepõe em muito a altura de seus edifícios comerciais.

Por detrás dos imensos vidros esverdeados e temperados da academia de ginástica, nas esteiras eletrônicas, sobre o olhar disfarçado dos seguranças, cinco senhoras pagam para fazer caminhada, com seus coloridos uniformes em lycra e os aparelhos de mp3 aos ouvidos.

Enquanto isso, caminho livre e gratuitamente pelas calçadas deste bairro, apreciando a brisa suave que de forma natural traz a graça de sua melodia aos meus ouvidos.

O vento
Palavras ao Vento

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!