14:00 horas. Troca de turno.
Enquanto saboreio meu café pós-almoço, observo diante da padaria, a timidez da jovem que se revela, agora distante do impecável uniforme da manhã.
No balcão, entre sorrisos debochados, um senhor de meia idade e barriga avantajada, virando-se para um dos funcionários pergunta:
- Eu traçava ela, e você?
- Eu não, gosto de sustança! Pouca carne não é comigo! Quem gosta de osso é cachorro!
Boa parte dos homens está doente do olhar.
Assim como estes, possuem olhos de consumir, menos os de comungar.
Durante o último gole me pergunto: com essa doença da visão, eles riem do que?