Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

22 abril 2008

Rumo à Monte Alegre do Sul

As várias tonalidades de verde são cortadas ora aqui, ora acolá, por estreitos riscos vermelhos de terra batida, bem como pelas solitárias torres de alta tensão que com seu zunido levam energia para várias regiões.
No imenso terreno ondulado pode-se ver cupinzais e, lá longe, o gado no pasto em repouso, feito pequeninos pontos brancos e pretos, confundem-se com as poucas rochas expostas da região.
No serpentiforme asfalto da estrada, com cautela nosso ônibus ganha espaço, em boa parte do tempo coberto pelas folhagens das árvores, as quais trazem sombra sobre a brancura do papel, dificultando ainda mais a já difícil escrita.
A atmosfera rural só não é completa devido aos vídeos estrangeiros dos anos 80, apresentados por duas TVs internas do ônibus. Já estamos com quase duas horas de viagem, deixando para traz as cidades de Jundiaí, Itatiba e Morungaba e os vídeos de língua estrangeira continuam a passar. Não se trata aqui de um nacionalismo barato. A questão é que não creio que 10% dos passageiros do coletivo tenham entendimento da língua inglesa. Fiquei me questionando se músicas brasileiras não tornariam a viagem muito mais típica e agradável. Ocorreu-me também, que talvez fosse interessante a apresentação de vídeos ressaltando as opções turísticas das cidades pertinentes ao itinerário em questão (se é que com tão bela paisagem seja necessário o uso de imagens numa viagem de duas ou três horas). Creio que seria muito mais interessante para todos os envolvidos, direta ou indiretamente: passageiros, cidades e a própria empresa de transporte. Isso também me fez meditar na facilidade com que o povo brasileiro se deixa massificar por uma cultura enlatada americana, que feito vírus contagiante, a cada dia que passa toma mais e mais o espaço de nossas mentes e corpos, afastando-nos cada vez mais do conhecimento de nossas raízes culturais.
Olhando para a paisagem verde do campo, no peito um só sentimento: quanta falta meus olhos sentiam da beleza deste panorama.





Gostou? Então compartilhe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!