Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

21 abril 2011

Resposta para um amigo

O lugar

Caro amigo, espero que você esteja vivendo bons momentos!

Como não é segredo para ninguém, é difícil demais abordar questões que tocam os sistemas de crença, sem que acabem em desentendimento, ou seja, sem que os filtros dos medos - que sustentam as crenças -, impeçam a escuta ou a leitura atenta e correta do que o locutor ou escritor tenta explanar. Nestes anos em que, através da escrita, me dedico a expor meu modo de ver o mundo, por várias vezes fui erroneamente rotulado de "estar impondo" minhas observações. Tenho visto que é muito mais fácil criar um rótulo do que observar aquilo pelo qual por anos nos mantemos rotulados. Como sempre digo, não sou o dono da verdade, mas sou responsável por sustentar meu ponto de vista da verdade, até que um ponto maior se apresente diante de mim. Para mim já é um fato: não é a crença que divide, mas sim, o medo. A crença só existe por causa do medo. Quando se entende o  medo, por experiência própria, a crença perde sua razão de ser. Em nome da experiência que liberta e agrega, dispenso a crença que enclausura e divide. E, só por hoje, continuarei a retratar isso em meus textos e conversas. Não há necessidade de desentendimentos, é só uma questão de pegar e aprofundar ou largar e desprezar. Afinal, cada um desce do cavalo do lado que melhor lhe apraz.

Como já disse em outros textos, para mim, a crença é uma influência que a consciência, prensa. A consciência não vem pela crença, mas sim, pela experiência, pessoal e intransferível. Não aceito prato pronto, não tenho nada por sagrado, a não ser o direito que temos de questionar tudo, de observar tudo e de fazer bom uso do que vemos até que o mesmo se mostre apto ao desuso. Como disse um amigo, um foguete não pode alcançar voos mais altos enquanto mantem em si, partes que já cumpriram em seu devido tempo, sua função. Pode soar como arrogância, mas, para mim, a crença é para os infantis. os adultos querem o alimento sólido da experiência. 

Vejo como uma visão equivocada de sua parte, afirmar que uma pessoa querer apontar uma ótica diferente sobre aquilo que outros tem por sagrado, seja uma tentativa de inferiorizar. Penso que não tenho o direito de, no ambiente físico e psicológico em que se tem algo por sagrado, querer colocar minha visão. Isso seria como um estupro psicológico. Mas, em meu espaço, feito para pessoas psicológicamente adultas, posso e devo. Se alguém vem até esse espaço, é um sinal de que talvez esteja buscando por outros tipos de resposta (algo parecido com: quem é vegetariano, não busca nutrição em churrascaria). 

Outro fato que levo em conta: quem deu o poder de dizer o que é ou não sagrado? Por que sua escrita, a minha escrita ou a de outra pessoa não pode ser sagrada? Vou um pouco mais fundo: o que é sagrado? Para mim, sagrado é o que se apresenta momento a momento, atemporal, e não aquilo limitado por letras e simbolos limitados ao tempo e espaço. Eu respeito o direito que as pessoas tem de querer "seguir", de optarem por não serem um "desbravador de si mesmo", por preferirem ser pessoas de 2ª mão ao insistirem em se moldar a experiência imposta (como sagrado) que advém de terceiros. Mas não aceito isso para mim. Não sou pássaro de gaiola. Eu quero poder escorregar quantas vezes for necessário para poder apreender por mim. Não quero que me cantem o caminho. Quero fazer e ser o meu caminho e não vejo ofensa em partilhar a diferença do que vejo nesse caminho. A ofensa e a intolerância não está na palavra, mas sim no medo que cria as mais variadas formas de crença que impedem a clareza do ver a beleza que se esconde em meio as palavras. É aí que reside toda forma de irracionalidade e insanidade humana. 

Caro amigo, finalizo afirmando que, expressar não é impor. Ao contrário: impor que, o modo com que alguém se expressa seja uma imposição, isso sim, para mim, é uma imposição. E nos vários livros não sagrados vê-se que, muita gente boa, em nome do "sagrado" foi silenciada dessa forma. 

Um abraço em seu coração.

Seu sempre irmão e amigo,

Nelson Jonas   

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!