Muitos de nós, por se encontrarem hipnotizados pela falácia do dito popular, “tempo é dinheiro”, permanecem vendados para o fato de que, quanto mais aumenta nosso poder de compra, mais diminui nossa capacidade de não se vender. Hoje, há uma grande disparidade de valores, onde, no lugar do tempo, o dinheiro é o mais importante. Em nome do que erroneamente chamam de “bens” de consumo, muitos, semanalmente se consomem numa não discutida insana carga horária de trabalho, em pesados e pressionados ambientes e em apertados e estressantes meios de transporte. Estes, de tal forma se deixam sobrecarregar de acelerados compromissos, na maioria das vezes vendidos a baixos salários, que se permitem o distanciamento do conhecimento das múltiplas possibilidades resultantes do ócio criativo. E assim vão levando uma existência sem vida até serem consumidos de vez por um “súbito e fulminante ataque cardíaco”, gerado por anos e anos de um viver mecânico e inconseqüente. E boa parte dos que sobrevivem até o período da aposentadoria, morrem lentamente, enquanto apertam o controle da TV de última tecnologia, comprada em longas prestações, assistindo a reprise das novelas populares ou os comentários dos últimos resultados do time do seu coração.
Nelson Jonas