Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

07 março 2008

TEMPOS MODERNOS

Sexta-feira, 18h06min. As nuvens são de um tom cinza escuro, o vento faz a pele arrepiar e a chuva parece não demorar a chegar. O trânsito é absurdo, bem como o vazio e a inquietude interna.

Todos correm, sendo que a grande maioria, pela expressão de seus olhares, com certeza, sem ao menos saber por que e para que. Eles parecem não perceber que vivem dentro de um maquiavélico sistema de regime de liberdade assistida... Todos correm para as celas de seus condomínios, geralmente atrasados...

Com certeza, os tempos mudaram; já não se faz mais uso das pesadas correntes presas ao pescoço: as mesmas foram trocadas pelo crachá, o palmtop, o celular e o aparelho de mp3 aos ouvidos, para não dar ouvidos ao ininterrupto e insano movimento do pensar. As cartas de alforria só nos deram a liberdade de escolha dos modelos, cores e quantidades de prestações geradas pelas aquisições dos produtos dos senhores do engenho (e como são engenhosos estes senhores), vendidos nas senzalas chamadas shopping centers.

Sem o menor sinal de depressão, percebo que nada do que está aí me atrai. Já não faz mais sentido buscar por distrações ou anestésicos de happy hour, muito menos optar por aquelas situações que depois de feitas, torna-se impossível de se conviver com elas. Sinto a necessidade de algo que as palavras desconhecem, mas, que no mais fundo do meu ser, sinto saber existir.

Só por agora é na escrita que encontro meu alento, se bem que em certos momentos, até mesmo as palavras me parecem sem sentido.

Nestes chamados tempos modernos, sinto que mais do que nunca se faz necessário momentos de silêncio e recolhimento.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!