Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

11 março 2008

Conversa pelo MSN

- Namaste!

- Bom dia!

- Bom dia, espero que não se importe de eu ter lhe adicionado.

- Não me importo, desde que eu possa saber quem você é e quais os motivos que a levaram a me adicionar em sua lista de contatos!

- Perdão, eu sou Francis, vivo em Belo Horizonte e lhe adicionei por que recebi um e-mail do cuidar do ser com o seu hotmail. Mas... Se tiver algum problema pode me excluir que entenderei.

- O que você busca, Francis?

- Busco por pessoas que tenham o mesmo interesse de crescer espiritualmente. Sou uma pessoa séria, não faço uso da NET para brincar ou me distrair.

- Muito bem, você disse uma palavra importante... Seriedade... Percebo que hoje em dia, essa é uma qualidade em extinção, principalmente aqui na internet. Pois bem, então, sugiro que você se cadastre em http://groups.msn.com/MensagensparaCUIDARDOSER

- Já sou cadastrada.

- Faça bom uso do site http://www.cuidardoser.com.br/

- Também já tenho o site na minha lista de favoritos. Você é o responsável pelo site?

- Sim. Se quiser, poderá também compartilhar um pouco das minhas meditações em http://historiasparacuidardoser.blogspot.com/

- Nossa!... Caiu como uma luva. Assim que tiver um tempinho, pode deixar com vou ler.

- Como já disse alguém um dia, a principal ocupação de uma pessoa séria é a transformação total da mente humana.

- Olha que estou tentando, mas confesso que não é nada fácil, não! Penso demais e isso não é nada bom! Estou tentando o silêncio, preciso ouvir minha alma...

- Creio que uma das primeiras etapas para um sério buscador, é a de abrir mão dessa dualidade de "bom e ruim"... Não julgar nada do que passa em seu interior, mas, tão somente, O B S E R V A R...

- Pois é!

- É o próprio pensamento que ao julgar cria conflitos.

- Meu primeiro contanto com esta nova realidade foi o livro: "As sete leis espirituais do sucesso" de Deppak Chopra.

- Conheço!

- Estou tentando vencer o meu ego, não julgar a mim e nem a ninguém.

- Mas será que existe essa dualidade "ego e você"?... Ou ambos são um só?

- Como assim?

- Percebo que é o pensamento que cria essa divisão entre "eu" e o "ego". Hoje, mais do que nunca tenho a percepção de que "aquele que observa" é também "a coisa observada". Quando coloco a palavra "ego" já estou julgando e me fragmentando em um "eu" que vê a ação de um "ego" que vive nesse "eu".

- Sim, isto faz sentido, me parece ser verdade.

- Seria possível, então, observar toda a nossa natureza sem fazer uso de palavras, rótulos ou preconceitos?

- Talvez sim.

- Talvez... Há quanto tempo você vem buscando por um melhor contato com o ser que lhe faz ser?

- Há dois anos, mas, neste dois anos tive várias recaídas.

- Posso saber o que você quer dizer por "recaídas"?

- Chamo de recaídas os períodos em que não consigo colocar em prática tudo aquilo que pretendo para a minha vida... Esses períodos em que me entrego ao isolamento, feito animal ferido... Esses dias em que nem consigo acordar para a vida.

- Penso que um homem sério não esquenta com suas recaídas... Ele não se culpa pela queda, trata apenas de estudar o movimento que deu início ao deslize... Isso que você fala seria depressão?

- Talvez sim.

- Eu costumo dizer em meus textos que esses períodos são as maiores bênçãos de um ser humano.

- Talvez eu esteja deprimida.

- Dá muito trabalho potencializar nossa humanidade... Penso que a depressão é uma grande benção quando sabemos dar as boas vindas a ela... É como um grito da nossa inteligência mais profunda que nos chama a atenção de que estamos nos afastando de nosso próprio caminho para dar ouvidos as exigências descabidas de terceiros... Isso é muito claro para mim.

- Ontem eu dizia a um amigo, que muitas vezes chego a ter muito medo de mim mesma.

- Por que você diz ter medo de você?

- Não sei se consigo explicar. O problema é que às vezes vejo coisas que as outras pessoas parecem não ver; coisas simples, mas que produzem grande efeito em mim. Sinto que preciso urgentemente crescer espiritualmente.

- Se você quer crescer espiritualmente (se é que esse tal "espírito" cresce)... Penso que um grande exercício está na observação do medo que somos, observando sem qualquer espécie de julgamento, tudo o que se passa em nosso interior, em nossa mente, em nosso corpo. Observar... Tão somente observar... Durante estes anos tenho percebido cada vez com mais clareza que as nossas emoções e pensamentos não suportam a ação da observação. Essa observação não dá espaço para a manifestação das nossas reações fortemente arraigadas em nosso ser.

- Que são essas reações arraigadas?

- Você pode chamar de condicionamentos... Cada um de nós sabe as RE+AÇÕES, ou seja, ações que vem do próprio passado (RE) e que quase sempre, por não estarmos atentos, acabamos fazendo-as de forma inconsciente.

- Exemplo?

- Um exemplo bobo... Não querer sair da cama quando acordamos meio down, ou então, em qualquer sinal de dor, correr para um calmante ou qualquer outro tipo de alterador da mente (e olha que são muitos os socialmente aceitos...), ao invés de sentar e perguntar ao mal estar, o que é que ele quer nos mostrar... Ver o que é necessário modificar, o que é necessário abrir mão. Tenho percebido que grande parte do sofrimento humano está alicerçado em alguma forma de apego e, quase sempre, esse apego é uma forma de reação.

- É bem isso o que eu busco, mas, isso ainda me faz sofrer demais. Ainda estou presa... Ainda tenho aquela necessidade de ser aceita.

- Sei muito bem, por experiência pessoal, que não é nada fácil abrir mão de nossos apegos. Quando o fazemos, quando abrimos mão de algo que nos é de profunda importância psicológica, bate um profundo vazio repleto de emoções torturantes. A medicina chama isso de "Síndrome de Abstinência".

- Tem mais: tenho uma filha de seis anos e agora sinto que meu mundo gira em torno dela. Por vezes sinto que a uso para fugir da minha realidade.

- Então, por que não olhar carinhosamente, da mesma forma como faz com sua filha, para essa sua necessidade de ser aceita? Por que não começar olhando carinhosamente para essa sua necessidade fugir de si mesma?... Só é preciso olhar...

- Tenho medo das mudanças que já sei serem necessárias...

- Tenho presenciado que quando olhamos de mente aberta, através desse olhar, o falso acaba se revelando. Na própria observação inicia-se as mudanças... Como nas palavras de Albert Einstein, "A mente que se abre a uma nova idéia jamais volta ao seu tamanho original". Olhar para as necessidades de mudanças, e para os medos ilusórios que a mente cria diante delas... Tenho um grande amigo que sempre me diz que a mente se chama mente porque mente constantemente... Creio ser preciso olhar para os medos, para as mentiras da mente (mente+ira)... Com certeza, você já deve ter vivido situações de medo que, após o acontecimento, percebe que nenhum dos medos anteriores tornaram-se realidade, não é verdade?

- Sim, sem dúvida, várias e várias vezes.

- Gosto muito de uma frase de um pensador: "fardos pessoais não nos devem retardar os passos nem fazer-nos tropeçar. Permitamos que a Luz da observação nos penetre o coração para refletir-se no mundo". Se é crescimento espiritual que você busca, saiba que a dor da observação de nossos medos é a pedra de toque de todo crescimento espiritual. Se quiser crescer, madurar, tornar-se um individuo, ou seja, alguém não influenciavel, o ser humano precisa se abrir para os próprios medos. Essa foi uma das minhas maiores descobertas, perceber que os medos são fantasmas, que nada tem de realidade.

- Sabe, eu sempre procurei achar uma solução para tudo, mas, tenho aprendido que nem tudo precisa ser "solucionado", que existem coisas que mesmo que naquele momento pareçam ruins, são necessárias. Somente mais na frente é que podemos compreender a necessidade de cada acontecimento. Estou aprendendo a fazer parte da vida e não mais tentar conduzi-la.

- Acho essa idéia da necessidade de "tempo psicológico" para a compreensão, um tanto perigosa; penso que nos causa sofrimentos desnecessários.

- Vejo que na maioria das vezes sofro por coisas que realmente nem existem. Uma vez um amigo que é budista me disse algo muito interessante: às vezes a mesma coisa que nos dá felicidade pode nos trazer sofrimento e por isto nossa felicidade não pode estar ligada a algo externo a nós, ela deve ser um estado de espírito.

- Me permite?

- Sim, pode dizer.

- Respeitando seu amigo, não creio haver realidade nessa frase, "às vezes a mesma coisa que nos dá felicidade pode nos trazer sofrimento"...

- Mesmo? Por que?

- Para mim, é impossível os dois coexistirem. Felicidade nunca será o avesso de algo.

- Exemplifique.

- Peguemos a palavra "sofrimento"... Não fomos incentivados a olhar para as palavras, estudar sua etimologia... Nos afastaram dos dicionários, chamando-os de "pai dos burros"... Mas, voltemos para a palavra "sofrimento"... SOFRER+MENTE...

- Isto mesmo.

- O sofrimento é sempre uma criação mental, que nada tem haver com a realidade pois, apesar de sentimos seus sintomas no presente momento, suas imagens estão sempre num futuro imaginário ou nas recordações do passado, quase sempre com o medo de suas repetições ou não.

- Seu raciocínio é lógico, esta dizendo em outras palavras aquilo que meu amigo disse para mim.

- Onde há sofrimento, só pode haver sofrimento e, onde há felicidade só pode haver felicidade. E tem mais, para mim, sinto que felicidade é a ausência de sofrimento, ou seja, ausência das masturbações mentais. Nossa mente é condicionada, vive impondo condições para sermos felizes... Se eu for aceito serei feliz, se eu tiver alguém serei feliz, se eu deixar alguém serei feliz e assim sucessivamente. O pior de tudo é que quando conseguimos o que a mente pede, também nos sentimos frustrados. Então, a mente reinicia seu ciclo compulsivo, criando uma nova condição, que nada tem de nova e ai ficamos rodando que nem cachorro atrás do rabo: faça, não faça... Se fez, por que fez?... Por que não fez direito?... Faça novamente... E por ai vai. Faz sentido?

- Sim, claro.

- Então, para mim, o grande lance é observar os monólogos acelerados da mente. Só assim percebo não ocorrer a identificação, ou seja, ficar idêntico ao que a mente nos sugere.

- Poxa!

- Não sei se consegui ser claro em meu raciocínio.

- Há quanto tempo se dedica a isto?

- Meu processo de busca começou aos meus 22 anos no que chamo de a minha grande depressão iniciática. No entanto, este processo de observação da natureza exata, da fonte original de todos os meus conflitos, apenas há alguns poucos anos atrás.

- Qual sua idade?

- Tenho 44 anos. Hoje, percebo que caminhei até aqui para descobrir que um poder superior aos meus sofrimentos causados pela identificação com a mente mentirosa, não se encontra num céu distante, num sistema de crença ou em outra pessoa, por mais inteligente que seja, mas sim, em mim mesmo, através do processo de observação amorosa de tudo aquilo que passa no ser que sou. Olhar sem negar ou aceitar nadinha... Apenas olhar... Tenho visto que nesse olhar sem qualquer tipo de escolha é que aprendo a ver por mim mesmo o que é falso. E, ao ver o falso, fico cada vez mais próximo do que é verdadeiro.

- Poxa!

- Quem sabe, de falso em falso, a qualquer momento, possa ocorrer aquele encontro com a verdade, realidade, deus, ou seja, lá o nome que você queira dar para essa coisa que palavra alguma consegue alcançar. Observar toda falsidade que recebi da família, escola, sociedade e que aceitei como verdades imutáveis... Ver por mim mesmo, sem o medo de ver "errado", pois, se estiver de mente aberta, tão logo verei que vi de forma falsa, então, o que era erro passa a ser acerto e isso dá uma liberdade incrível.

- Você educa seus filhos neste sistema?

- Sou bem casado, mas não tenho filhos.

- E a foto do neném que você segura em seu colo na foto do seu Blog?

- É a foto da filhinha da minha enteada. Só estou educando o filho que sou, na verdade, estou me pegando no colo e não deixando mais que tanto a família, como a sociedade me faça engolir o falso como verdadeiro.

- Você trabalha apenas com isto?

- Isso não tem nada haver com a minha profissão, isto é apenas uma nova maneira de viver. Nessa observação, venho aprendendo que muito dos meus medos são ecos das frases das pessoas significativas da minha vida.

- E no meio em que vive, como é a reação das pessoas?

- Sabe, acho bom rirmos um pouquinho... Costumo brincar que sou o inventor de um pequeno aparelhinho de bolso, o qual uso quando essas pessoas disparam suas verborréias...

- Que aparelhinho é esse?

- É o "fodometro"... Eu o aperto e... O que elas pensam a meu respeito!

- Essa é boa – risos.

- Percebo que uma das maiores fontes de sofrimento e imaturidade é se permitir aceitar as contribuições psicológicas de fora, por nós nunca solicitadas. Essa imensa coleção de "você tem que, você deve, porque você não faz assim ou assado, porque você não é igual a fulano de tal..." Percebo que essas doações psicológicas vindas de fora funcionam como se fossem softers mentais que destroem nosso firewall interior, abrindo espaço para a entrada de uma grande variedade de vírus sociais que podem deletar de vez a nossa originalidade e espontaneidade. Percebo que isso não ocorreu comigo, graças ao impacto das depressões que tive. É por isso que as qualifico como sendo uma verdadeira benção.

- Sabe, parece mesmo que vivo numa matrix, são tantas normas...

- Parece? Penso que a pior matrix é se permitir um coração fechado por causa da aceitação dos sistemas de crenças sociais. Tenho um estudo aprofundado sobre a matrix no site da cuidar do ser, quem sabe, você já o tenha visto: http://www.cuidardoser.com.br/matrix-um-estudo-arquetipico-menu.html

- Você conhece a música "metamorfose ambulante"?

- Claro!

- Pois bem, assim é que me sinto.

- Ótimo. Como diz o Gabriel Pensador, o grande lance é ser sempre você mesmo, mas nunca ser sempre o mesmo. Olha, bem que eu gostaria de poder continuar essa conversa sobre a tão negligenciada arte de cuidar do ser que somos, mas, preciso abrir o meu comércio. Acho que nossa conversa foi muito nutritiva, pelo menos para mim. Quem sabe, tenhamos falado muitas abobrinhas, mas, como abobrinha também tem vitamina, fiquemos com o melhor e tratemos de refogá-la com nosso próprio tempero.

- Entrarei mais vezes no seu site, só que o farei em casa pois aqui na empresa, existe um bloqueador.

- Use e abuse! E experimente usar o "bloqueador da dor causada pelos movimentos da mente" através da observação da mesma. E não estranhe se inicialmente, sentir uma forte resistência da sua mente... É normal, faz parte do processo inicial de descondicionamento mental, afinal de contas, nossa mente mentirosa não quer deixar de nos controlar e ser tão somente uma servidora de confiança.

- Posso te fazer só mais uma pergunta?

- Diga!

- O que te fez seguir este caminho?

- Já disse: a depressão. Ela amorosamente me disse: ou você faz o que te peço ou eu te mato!

- O que te levou a ter depressão?

- Vixi... Essa é uma longa história... Se você quebrasse uma perna, ficaria preocupada em saber sobre a vida do cara que largou a casca de banana que a fez cair e quebrar a perna, ou trataria o mais rápido possível de se recuperar da perna quebrada?

- Creio que a segunda opção!

- Muito bem, pela sua resposta, confirmou que é uma pessoa séria. Não interessa a vida do mensageiro, o lance é a mensagem. Cuide bem das suas feridas, mesmo que no momento ainda precise fazer uso de algumas muletas psicológicas. Se o fizer com seriedade, logo ficará livre delas e poderá caminhar como um novo ente humano por esse mundo de deus.

- Minhas feridas estão abertas faz um ano e meio.

- Tenho certeza que a grande vida as permitiu para que você possa maturar com elas e nunca para lhe desintegrar. Tenho absoluta certeza disso. Bem, agora preciso desligar, pois já estou atrasado. Cuide-se bem! Um forte abraço fraterno e, não tenha medo de ir de encontro com quem você realmente é: a vida precisa urgentemente de pessoas dispostas a realizar sua humanidade plena.

- Muito obrigada pela conversa.

- paz e bem!

- Namaste!



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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!