Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

10 junho 2012

Meu nome é Vergonha Tóxica



Quando você foi concebido eu estava lá
Na epinefrina da vergonha da sua mãe
Você me sentia no fluido do útero materno
Eu cheguei antes de você aprender a falar
Antes de você compreender
Antes que pudesse saber qualquer coisa.
Cheguei quando você aprendia a andar
Quando estava desprotegido e exposto
Quando era vulnerável e carente
Antes de ter suas fronteiras
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA

Cheguei quando você era mágico
Antes que percebesse minha presença
Eu separei sua alma
Eu apunhalei seu coração
Eu o fiz sentir-se falho e deficiente
Eu trouxe comigo sentimentos de desconfiança, feiúra,
Estupidez, dúvida, de não valer nada,
De inferioridade e de inutilidade.
Eu o fiz sentir-se diferente
Eu disse que havia alguma coisa errada com você
Eu conspurquei sua semelhança com Deus
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA

Eu existia antes da consciência
Antes da culpa
Antes da moralidade
Eu sou a emoção mestra
Sou a voz interior que murmura palavras de condenação
Sou o estremecimento interior que percorre seu corpo sem
Nenhuma preparação mental.
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA

Eu vivo escondida
Nas margens úmidas e profundas das trevas da depressão e
Do desespero
Sempre o apanho desprevenido e entro pela porta dos fundos
Não convidado, indesejável
O primeiro a chegar
Eu estava lá no começo dos tempos
Com o Pai Adão, a Mãe Eva
Irmão Caim
Eu estava na Torre de Babel, na Matança dos Inocentes.
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA

Eu venho de responsáveis “desavergonhados”, do abandono,
Do ridículo, do abuso, da negligência
- dos sistemas perfeccionistas
Recebo minha força da intensidade chocante da raiva dos pais
Das frases cruéis dos irmãos
Das humilhações zombeteiras das outras crianças
Do reflexo desajeitado nos espelhos
Do contato pegajoso e assustador
Da palmada, do beliscão, do gesto brusco que mata a confiança
Sou intensificado pela
Cultura sexista, racista
Pela condenação hipócrita dos fanáticos religiosos
Pelos temores e pressões da educação
Pela hipocrisia dos políticos
Pela vergonha multigenerativa dos sistemas familiares
Disfuncionais
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA

Eu posso transformar uma mulher, um judeu, um preto,
Um gay, um oriental, uma criança preciosa em
Uma cadela, um porco, um negro sujo, um pervertido, um
Japa, um pequeno egoísta filho da mãe.
Eu trago uma dor que é crônica
Uma dor que nunca acaba
Sou o caçador que o persegue noite e dia
Todos os dias, em todos os lugares
Não tenho fronteira
Você tenta se esconder de mim
Mas não pode
Porque eu vivo dentro de você
Eu o faço sentir que a esperança não existe
Que não há saída
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA

Minha dor é tão insuportável que você precisa passa-la para
Os outros através do controle, do perfeccionismo,
Do desprezo, da crítica, da culpa, da inveja, do julgamento,
Do poder e da raiva
Minha dor é tão intensa
Que você tem de me disfarçar com vícios, papéis rígidos,
Repetições de fatos dolorosos e defesas inconscientes do ego
Minha dor é tão intensa
Que você tem que alivia-la e não mais me sentir.
Eu o convenci de que fui embora – que eu não existo –
Você sentiu a ausência, o vazio.
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA

Eu sou o centro vital da sua co-dependência
Eu sou a falência espiritual
A lógica do absurdo
A compulsão repetitiva
Eu sou o crime, a violência, o incesto, o estupro
Sou o abismo voraz que alimenta todos os vícios
Sou a insaciabilidade e o desejo carnal
Sou Ashaverus o Judeu Errante, o Holandês Voador
De Wagner, o homem do submundo de Dostoievski,
O sedutor de Kierkegaard, o Fausto de Goethe
Eu transformo quem você é no que faz e no que possui
Eu assassino sua alma e você me passa adiante
Para as gerações futuras
MEU NOME É VERGONHA TÓXICA

John Bradshaw
Do Livro: Curando a Vergonha que impede de viver

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!