Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.
29 abril 2014
28 abril 2014
Uma releitura de Paulo de Tarso
Conduzi-vos pela Consciência e não satisfareis os desejos da mente adquirida. Pois a mente adquirida tem aspirações contrárias a Consciência e a Consciência contrárias à mente adquirida... Se vos deixais guiar pela Consciência, não estais debaixo do domínio dos condicionamentos da mente adquirida.
Outsider
Constatação sobre compulsões
Quanto maior a pulsão interna para
a retomada da Consciência que somos,
maior a possibilidade de externos ataques
de debilitantes e ilusórias compulsões.
Outsider
Constatação sobre ressurreição
Nós, que morremos para a mente adquirida, para a consciência convencionada, como haveríamos de viver ainda nela?... Aqueles que experimentam, no mais íntimo do ser, o esplendor da Perene Consciência Amorosa Integrativa vivem na Nova Era: deixam de vibrar conforme pensavam que eram...
Se alguém está em sua natureza primordial, é nova criatura. Passaram-se as antigas e ilusórias identificações; eis que se fez a percepção da Realidade, sempre nova... Essa é a riqueza do êxtase por meio da qual a Perene Consciência Amorosa Integrativa derrama sobre nós toda Sabedoria e Discernimento que ultrapassa todo entendimento da mente adquirida.
Outsider
Constatação sobre o passado
Perguntaram-me um dia: Quem está livre do passado? Ora, quem teve a coragem de observá-lo minuciosa e destemidamente e que, por essa ação, um apaziguador estado de aceitação e compaixão naturalmente se instala... Quando isso ocorre, ao invés de um peso, o passado torna-se como um trampolim para um salto de consciência. Desse "passado passado", está-se livre, no entanto, a cada Agora, faz-se um passado... Sem Consciência, o bicho pega: não há livramento, ou seja, não há mente livre!
Outsider
27 abril 2014
Constatação sobre êxtase
Enquanto na mente adquirida,
enquanto na consciência convencional,
não há o estado de prontificação para o
Grande Êxtase da Consciência que somos.
Outsider
Constatação sobre o vazio palavrear
Onde estão as bocas
de hálito quente?
Só bafo de cinzas
se faz presente...
Outsider
Constatação sobre imaturidade psíquica
Quando, em nossa infantil imaturidade,
acreditamos no bom comportamento
para o alcance do meritório natalício.
Quando, em nossa madura imaturidade
acreditamos no cármico entendimento
ao justificar nosso sofrimento vitalício.
E assim, nessa desventura
perdura a dura e imatura
psíquica estrutura.
psíquica estrutura.
Outsider
24 abril 2014
22 abril 2014
21 abril 2014
Constatação sobre os tipos pessoais
Platão um dia disse: "Pessoas normais falam sobre coisas, pessoas inteligentes falam sobre ideias, pessoas mesquinhas falam sobre pessoas." Talvez, se Platão aqui voltasse, a frase completaria: "pessoas despertas, em silenciosa compaixão, apenas observam".
Outsider
Outsider
Constatações sobre a mente adquirida
Deixe que os de mente adquirida
enterrem suas mentais aquisições.
Outsider
Outsider
Constatação sobre as palavras
As palavras,
em grande parte,
são solitários ecos
de nossa inquietude.
Outsider
Outsider
19 abril 2014
17 abril 2014
16 abril 2014
15 abril 2014
14 abril 2014
E o quatro me acompanha...
14/04/2014...
Lá vem o quatro
quatro aqui
quatro acolá,
lá vem o quatro
para ver "o que é"
e "o que há"...
Outsider44
Outsider44
13 abril 2014
12 abril 2014
11 abril 2014
10 abril 2014
09 abril 2014
08 abril 2014
06 abril 2014
Constatação sobre a limitação das palavras
A palavra Maomé não é Maomé;
a palavra Mohammad, não é Mohammad;
o que É não está na grafia ou som da palavra:
mas sim no Sopro que lhe anima.
Outsider
Outsider
05 abril 2014
Se eu quiser acabar com o eu tenho que lamber o chão
Vou falar um pouquinho aqui,
trocar um pouquinho das percepções; são percepções que a gente não fica grudado
nelas não, pode ser que se perceba algo diferente mas, por enquanto, até o
presente momento, nesse agora, o que eu for dividir com vocês é o que estou
vendo como fato. Eu não venho aqui trocar ilações, não venho trocar conjeturas
com vocês, não venho trocar com vocês "e se", nada disso! O que venho
tentar trocar com vocês, é do que tem sido observado, do que tem sido
vivenciado, do que tem sido visto "aqui dentro do freguês", e o que
também tem sido visto através do contato com outros confrades, com outras
pessoas, não é? Com outros seres humanos aqui na vida dessa assim chamada
"relação", que é uma relação muito, mais muito, muito superficial;
extremamente superficial.
Tenho falado muito pra vocês, daquela música do Gilberto Gil, "Se eu quiser falar com Deus"; numa parte ele fala: "Se eu quiser falar com Deus, tenho que lamber o chão dos palácios suntuosos dos meus sonhos, tenho que me ver tristonho, tenho que me achar medonho, e apesar do mal tamanho, alegrar meu coração!" Isso é uma coisa que vejo ser um fato mesmo nesse processo: Se não estiver, realmente, totalmente prostrado, totalmente estirado ao chão; se não tiver chego à bancarrota, do movimento de identificação com o pensamento, e que através dessa identificação com o pensamento condicionado, viciado, ter feito um monte de loucura aí, realmente, e todos os setores da vida estarem totalmente afetados por essa "pensamentose", fica muito difícil de você "poder se achar medonho"... "Se achar medonho!", sabe?... Se achar completamente rendido! Se não chegou nesse ponto aí, você não se acha medonho; você se acha ainda "o cara que sabe" o que é que precisa fazer, como é que tem que fazer, sabe tudo! Está numa "puta" de uma confusão dos infernos, mas ainda sabe como que as coisas têm que rolar; como é que o outro tem que falar com você; o que é que o outro tem pra falar pra você; quando é que o outro tem que falar pra você; sabe? Sabe tudo! Sabichão, ainda!
Enquanto não chegou nesse estado em que você se vê medonho mesmo, não tem como, não tem como ter a abertura necessária pra poder escutar algo novo; pra poder escutar alguma coisa nova, que não venha através “da pessoa”, mas pode partir da pessoa, “por meio” da pessoa; uma inteligência maior, algo maior, um insight maior pode vir através de um interlocutor — que não é o interlocutor! Porque, enquanto não se acha medonho, você acha que os outros é que são medonhos; o outro ainda é o medonho, entendeu?
Então, realmente, se não tem esse processo e o que torna muito difícil de chegar nesse processo é que tem sempre alguém pra, não hora em que você está quase caindo ali, está quase esticando no chão, tem sempre alguém, que acaba bancando o co-dependente, não é? E vai lá e dá uma "puxadinha" antes do fulano cair no chão; aí o fulano já levanta, e já acha que sabe como é que tem que ser a coisa; e aí continua... Não tem espaço pra essa dor fundamental'; não tem espaço pra essa crucificação; não tem!
A gente vem aqui falando pra vocês — e a gente tem que ir falando bem devagarzinho aqui, não é? —; a gente tem que ir falando no ritmo do grupo; a gente vem falando desde o início, dando uns "toquezinhos": isso aqui não é "melzinho na chupeta"... Isso aqui é uma doença de determinação fatal, que pode levar a pessoa à loucura ou a morte prematura, sem nenhum aviso prévio! Foi muito bem falado aqui!... Você não sabe como é que o pensamento vai atacar; você não sabe o poder real desse pensamento condicionado; você não sabe com que carga que ele vem, com que falas que ele vem; que defunto que ele vai levantar lá da tumba da memória!... Você não sabe! Não é? Você não sabe como é que vão ser os "Walking Deads"...
A grande maioria aqui não faz ideia, do que é realmente essa "pensamentose"; o que é um ataque ligeiro, sem aviso, desses "zumbis"!... São verdadeiros zumbis! Vocês estão achando que "neguinho" mata por quê? Vocês estão achando que "neguinho" se suicida por quê? Por que "neguinho", com 20 anos de recuperação em algum determinado padrão de comportamento, faz uso de tudo que não usou em "vinte anos limpo" e, em cinco minutos, dez minutos, se tranca dentro de um lugar aí, e quer "esquecer o mundo"?... Porque, quando a coisa "bate forte na cabeça"... Se não estiver atento, se não estiver observando, não é?...
Então assim: a coisa é muito séria mesmo, muito, muito, muito séria, e a grande maioria não tem a percepção disso não! E pra poder perceber e entender mesmo isso aqui, realmente, tem que estar prostrado mesmo! Tem que estar totalmente desencantado com os castelos suntuosos... Suntuosos do meu sonho!...
O "Camus" não estava falando aí como é suntuoso "o cabeção"? Coloca a gente no meio de um estádio, ensinando o cara do "Metállica", como é que se toca uma guitarra!... Olha o cara do "Metállica", olhando pra você, ali: "Nossa! Como esse cara toca!"... Esse é o cabeção, não é? Sempre fazendo castelos suntuosos, não é? Ele está sempre numa situação de destaque! Então é muito louco isso daí, mesmo!
E se não tiver esse estado de total humildade mesmo, de total rendição mesmo; se ainda tiver achando que é o sabichão, que já entendeu, que já sacou... Cara! É "dois palitos" pra ele (o pensamento) se apoderar; se apoderar e fazer loucuras, que acabam afetando sua vida e a vida daqueles menos precavidos que estão a seu lado. Não é? E aí, você sai por aí, com essa "pensamentose", adulterando a vida de todos que vão passando na sua frente, que vão esbarrando em você... É como no filme “Possuídos”, com o ator Denzel Washington... É um furacão de desgraça!... Identificado com a mente obsessiva, compulsiva, condicionada, você é um furacão de desgraça! Um furacão de adulteração! É um furacão de percepções totalmente desconexas do que diz respeito a realidade!
Então aí, não tem como se abrir pra "algo"; não tem como ocorrer "algo"; não tem como ocorrer a manifestação de "algo" aí, que possa trazer essa "amostra grátis", que tem sido falada aqui, já por alguns dos confrades. Porque também, se não tiver isso, se não há essa ocorrência, essa pequena "experiência da mente não condicionada"... Tudo fica também sendo um novo condicionamento; mesmo essa informação aqui, mesmo essa troca de ideia, passa a ser mais alguma coisa dessa mente adquirida, adquirindo, agora, uma nova língua; só uma nova língua! Só um novo conjunto de palavras, que não acessam, que não tocam, que não fazem "acender esse coração”... Não faz acender o coração! Ao contrário: faz novamente acender o intelecto sagaz; e, ao acender novamente o intelecto sagaz e acende também a competição, a disputa, a comparação, a retaliação, o julgamento... Tudo! Todo esse pacote que a gente sabe no que dá; e que quanto mais aceso fica o intelecto, mais o fogo vai se alastrando, até que chega uma hora que não tem como apagar o incêndio... E é vítima pra tudo quanto é lado!... É vítima pra tudo quanto é lado!
Então, isso aqui, realmente não é brincadeira! Não é um passatempo, um local de distração, de diversão! Sabe? A gente pensa que... Olha só, a gente "pensa" que compreendeu o que é essa questão do pensamento... Nós pensamos que, mesmo com isso aqui... Vocês todos aqui nesta sala, sabem muito bem, o que é, mesmo com este material, mesmo com esses apontamentos, o que é o ataque da mente! Quando ela vem, quando era lhe pega, e mesmo com todo esse material ali, você fica aí e até perceber, até chegar mesmo nessa "percepção visceral" quanto à impotência perante ao fluxo dessa mente adquirida, desse pensamento condicionado; enquanto não tem esse "estado de rendição total": "Eu me rendo mesmo!...Eu me rendo!"...
Não há como brigar contra a mente! Não há como brigar contra esse fundo psicológico que se manifesta com aquilo que quer, com as vozes que quer, com as mensagens, com as projeções, com as lembranças que quer, na intensidade que quer, na hora que quer e nos lugares, geralmente, menos esperados e menos adequados; você se vê totalmente prostrado aí. Se não ocorre isso, fica muito difícil de compreender o que esses caras estão tentando, ou tentaram passar através desse paradigma! Estou falando isso, gente, porque, quem responde os e-mails aqui do grupo, sou eu e a "Deca"; então a gente acaba fazendo a maioria dos contatos; alguns a gente acaba passando pra vocês, mas é impressionante de perceber como que a mente, ela não se rende! A gente fica vendo esses confrades que vão chegando, que vão entrando em contato com a gente, como rapidamente, muito, muito, muito, muito rápido... a sagacidade da mente é incrível! A sagacidade dessa mente adquirida, desse intelecto, da lógica e da razão é algo espantoso... Espantoso! Ele tem o poder de se levantar, quando está quase caindo, com qualquer material que se manifesta. E com este material também... Ele consegue também fazer uso deste material aqui, e entrar num outro jogo, numa outra disputa, agora com este tipo de material; e assim ele aborta essa queda, essa "queda fundamental"!... Precisa ocorrer essa queda; precisa ocorrer essa queda, essa rendição perante o pensamento, perante a mente... Perante a mente; porque se não tiver isso, fica muito difícil de ouvir alguma coisa, e se não conseguir ouvir alguma coisa, não vai nem ter condição de "ouvir a si mesmo"; não vai ter condição de desenvolver esse estado de escuta atenta, sem o qual, não vai ter condições de ter essa escuta atenta "de si mesmo", na hora que ocorrerem os inevitáveis ataques da mente. Porque a mente não vai deixar barato; ela não vai deixar barato!
E se vocês forem pegar na história humana; se vocês forem pegar a história de todos esses homens que conseguiram isso que eles chamam da "vinda do Espírito Santo", "Samadhi", "Iluminação", "Insight Criativo", "Contato com o Inefável"... Sei lá! Coloca o nome que você achar mais legal aí pra você! Vocês vão ver que, todos esses caras, tiveram que aprender a fazer esse estado de escuta atenta; eles tiveram que chegar num "estado de prontificação"; de estar prontos pra poderem falar: "Agora vou sentar comigo, custe o que custar; vou sumir de perto, vou evitar qualquer tipo de influência externa, e vou olhar toda essa confusão; vou sentar aqui embaixo dessa árvore, e vou ver o que vai rolar!... Ou eu fico doido, ou encontro uma 'loucura que tudo cura!'" Então, se não houver essa capacidade de escuta; se não desenvolver essa humildade... "desenvolver" não é a palavra!... Não é a palavra! Se não "ocorrer" esse estado de rendição, que leva ao estado de humildade, de um espaço pra ouvir aquilo que a "Grande Vida" vai apresentar através de sei lá que instrumento: seja humano, seja um livro, seja uma música... Sei lá!... Fica muito, muito difícil de começar esse processo!
Por isso que a gente fala muito aqui: essa sala, ela é um tubo de ensaio... Essa sala é um tubo de ensaio! Essa importância da escuta atenta; essa capacidade de foco, de manter o foco... Que é outra coisa que a mente adquirida, não consegue: manter o foco! Ela só mantém o foco se está lhe agradando um pouquinho; se não estão lhe agradando, ela já se desfoca rapidamente; ela já se distrai facilmente.
Então se aqui, dentro de uma sala dessas, nós não conseguimos manter o foco, não conseguimos manter essa tão necessária escuta atenta, é óbvio que na vida de relação conosco mesmo, fica impossível... Em dois ou três minutos você já não consegue mais estar observando! Uma coceira no dedinho lhe tira a atenção; um latido do cachorro; o telefone que toca... Perde-se o foco!... Perde-se o foco, e a nunca chegamos nesse estado de um "real encontro consigo mesmo"; não conseguimos chegar numa percepção visceral do nosso conflito, daquilo que está nos conflitando. Quantos de vocês aí, já se perceberam, inclusive, sentando pra ler alguma coisa, ao chegarem ao final da página, não percebem que não leram nada do que estava naquela página? Leram a página inteirinha e exclamam: "Volta, vou ler novamente!"... Quando chegam ao final da página, de novo, nada leram! Por quê? Porque não tem ainda esse exercício de escuta interna, de atenção, de foco, que não tem nada a ver com concentração! Que é esse estado que permite uma relação com algo. Percebem?
Gente: eu volto a falar, não é? Olhem isso com bastante carinho! Olhem isso com bastante propriedade! Olhem bem, mesmo! Olhem pra manifestação da pensamentose crônica descentralizante, aí na sociedade; olhes em vocês, também aí! Olhem bem quando ocorrem essas “saídas do ser”... Vejam bem a potência disso!... A força disso!... O quanto que esse pensamento compulsivo, condicionado, o poder que ele tem de se desfocar; de ser influenciado; de perder o centro; de perder o ritmo; de perder o "Sopro". Essa coisa, de perceber, quanto que é realmente importante, é fundamental, esse estado de realmente fazer frente, de maneira limpa, sem nenhum tipo de fuga, sentar consigo mesmo, sentar com esse conflito, sentar com você. Inclusive, convido vocês para fazerem um teste bem simples: "Vou sentar comigo sem fazer nada!"... Vejam lá, quantos minutos vocês aguentam... Vejam como em poucos minutos o que a mente já vai começar a falar; como ela já vai começar a colocar que vocês estão perdendo tempo, que estão perdendo a vida, que estão fazendo algo errado em querer ficar sem fazer absolutamente nada... O corpo vai começar a se mexer, os nervos vão começar a se estirar... Percebam isso! Olhem isso aí; vejam isso aí... A força que tem esse pensamento condicionado; ele faz uso de tudo! De tudo! Inclusive, ele cria toda essa disfunção no corpo aí; toda essa disritmia aí, pra que vocês não consigam ficar focados; ele faz uso inclusive do próprio organismo nosso, pra que através do próprio organismo, a gente se desfoque... Então ele cria a sede, cria a fome, cria a vontade de urinar... Não acreditem no que estou falando não! Deem uma olhada aí, façam o teste com vocês: "Vou ficar comigo, aqui e agora, numa boa... não vou fazer nada"... E preste atenção no que ocorre... Preste atenção no que ocorre!
Então, percebam: se mesmo consciente já é difícil, imaginem quando, durante o dia, no meio das nossas atividades mecânicas, perdemos o foco desse pensamento... Então é mais ou menos por aí gente... Vamos que vamos!
Um beijo coração de vocês aí e um chute bem forte nas canelas... E "vamos que vamos!"
Tenho falado muito pra vocês, daquela música do Gilberto Gil, "Se eu quiser falar com Deus"; numa parte ele fala: "Se eu quiser falar com Deus, tenho que lamber o chão dos palácios suntuosos dos meus sonhos, tenho que me ver tristonho, tenho que me achar medonho, e apesar do mal tamanho, alegrar meu coração!" Isso é uma coisa que vejo ser um fato mesmo nesse processo: Se não estiver, realmente, totalmente prostrado, totalmente estirado ao chão; se não tiver chego à bancarrota, do movimento de identificação com o pensamento, e que através dessa identificação com o pensamento condicionado, viciado, ter feito um monte de loucura aí, realmente, e todos os setores da vida estarem totalmente afetados por essa "pensamentose", fica muito difícil de você "poder se achar medonho"... "Se achar medonho!", sabe?... Se achar completamente rendido! Se não chegou nesse ponto aí, você não se acha medonho; você se acha ainda "o cara que sabe" o que é que precisa fazer, como é que tem que fazer, sabe tudo! Está numa "puta" de uma confusão dos infernos, mas ainda sabe como que as coisas têm que rolar; como é que o outro tem que falar com você; o que é que o outro tem pra falar pra você; quando é que o outro tem que falar pra você; sabe? Sabe tudo! Sabichão, ainda!
Enquanto não chegou nesse estado em que você se vê medonho mesmo, não tem como, não tem como ter a abertura necessária pra poder escutar algo novo; pra poder escutar alguma coisa nova, que não venha através “da pessoa”, mas pode partir da pessoa, “por meio” da pessoa; uma inteligência maior, algo maior, um insight maior pode vir através de um interlocutor — que não é o interlocutor! Porque, enquanto não se acha medonho, você acha que os outros é que são medonhos; o outro ainda é o medonho, entendeu?
Então, realmente, se não tem esse processo e o que torna muito difícil de chegar nesse processo é que tem sempre alguém pra, não hora em que você está quase caindo ali, está quase esticando no chão, tem sempre alguém, que acaba bancando o co-dependente, não é? E vai lá e dá uma "puxadinha" antes do fulano cair no chão; aí o fulano já levanta, e já acha que sabe como é que tem que ser a coisa; e aí continua... Não tem espaço pra essa dor fundamental'; não tem espaço pra essa crucificação; não tem!
A gente vem aqui falando pra vocês — e a gente tem que ir falando bem devagarzinho aqui, não é? —; a gente tem que ir falando no ritmo do grupo; a gente vem falando desde o início, dando uns "toquezinhos": isso aqui não é "melzinho na chupeta"... Isso aqui é uma doença de determinação fatal, que pode levar a pessoa à loucura ou a morte prematura, sem nenhum aviso prévio! Foi muito bem falado aqui!... Você não sabe como é que o pensamento vai atacar; você não sabe o poder real desse pensamento condicionado; você não sabe com que carga que ele vem, com que falas que ele vem; que defunto que ele vai levantar lá da tumba da memória!... Você não sabe! Não é? Você não sabe como é que vão ser os "Walking Deads"...
A grande maioria aqui não faz ideia, do que é realmente essa "pensamentose"; o que é um ataque ligeiro, sem aviso, desses "zumbis"!... São verdadeiros zumbis! Vocês estão achando que "neguinho" mata por quê? Vocês estão achando que "neguinho" se suicida por quê? Por que "neguinho", com 20 anos de recuperação em algum determinado padrão de comportamento, faz uso de tudo que não usou em "vinte anos limpo" e, em cinco minutos, dez minutos, se tranca dentro de um lugar aí, e quer "esquecer o mundo"?... Porque, quando a coisa "bate forte na cabeça"... Se não estiver atento, se não estiver observando, não é?...
Então assim: a coisa é muito séria mesmo, muito, muito, muito séria, e a grande maioria não tem a percepção disso não! E pra poder perceber e entender mesmo isso aqui, realmente, tem que estar prostrado mesmo! Tem que estar totalmente desencantado com os castelos suntuosos... Suntuosos do meu sonho!...
O "Camus" não estava falando aí como é suntuoso "o cabeção"? Coloca a gente no meio de um estádio, ensinando o cara do "Metállica", como é que se toca uma guitarra!... Olha o cara do "Metállica", olhando pra você, ali: "Nossa! Como esse cara toca!"... Esse é o cabeção, não é? Sempre fazendo castelos suntuosos, não é? Ele está sempre numa situação de destaque! Então é muito louco isso daí, mesmo!
E se não tiver esse estado de total humildade mesmo, de total rendição mesmo; se ainda tiver achando que é o sabichão, que já entendeu, que já sacou... Cara! É "dois palitos" pra ele (o pensamento) se apoderar; se apoderar e fazer loucuras, que acabam afetando sua vida e a vida daqueles menos precavidos que estão a seu lado. Não é? E aí, você sai por aí, com essa "pensamentose", adulterando a vida de todos que vão passando na sua frente, que vão esbarrando em você... É como no filme “Possuídos”, com o ator Denzel Washington... É um furacão de desgraça!... Identificado com a mente obsessiva, compulsiva, condicionada, você é um furacão de desgraça! Um furacão de adulteração! É um furacão de percepções totalmente desconexas do que diz respeito a realidade!
Então aí, não tem como se abrir pra "algo"; não tem como ocorrer "algo"; não tem como ocorrer a manifestação de "algo" aí, que possa trazer essa "amostra grátis", que tem sido falada aqui, já por alguns dos confrades. Porque também, se não tiver isso, se não há essa ocorrência, essa pequena "experiência da mente não condicionada"... Tudo fica também sendo um novo condicionamento; mesmo essa informação aqui, mesmo essa troca de ideia, passa a ser mais alguma coisa dessa mente adquirida, adquirindo, agora, uma nova língua; só uma nova língua! Só um novo conjunto de palavras, que não acessam, que não tocam, que não fazem "acender esse coração”... Não faz acender o coração! Ao contrário: faz novamente acender o intelecto sagaz; e, ao acender novamente o intelecto sagaz e acende também a competição, a disputa, a comparação, a retaliação, o julgamento... Tudo! Todo esse pacote que a gente sabe no que dá; e que quanto mais aceso fica o intelecto, mais o fogo vai se alastrando, até que chega uma hora que não tem como apagar o incêndio... E é vítima pra tudo quanto é lado!... É vítima pra tudo quanto é lado!
Então, isso aqui, realmente não é brincadeira! Não é um passatempo, um local de distração, de diversão! Sabe? A gente pensa que... Olha só, a gente "pensa" que compreendeu o que é essa questão do pensamento... Nós pensamos que, mesmo com isso aqui... Vocês todos aqui nesta sala, sabem muito bem, o que é, mesmo com este material, mesmo com esses apontamentos, o que é o ataque da mente! Quando ela vem, quando era lhe pega, e mesmo com todo esse material ali, você fica aí e até perceber, até chegar mesmo nessa "percepção visceral" quanto à impotência perante ao fluxo dessa mente adquirida, desse pensamento condicionado; enquanto não tem esse "estado de rendição total": "Eu me rendo mesmo!...Eu me rendo!"...
Não há como brigar contra a mente! Não há como brigar contra esse fundo psicológico que se manifesta com aquilo que quer, com as vozes que quer, com as mensagens, com as projeções, com as lembranças que quer, na intensidade que quer, na hora que quer e nos lugares, geralmente, menos esperados e menos adequados; você se vê totalmente prostrado aí. Se não ocorre isso, fica muito difícil de compreender o que esses caras estão tentando, ou tentaram passar através desse paradigma! Estou falando isso, gente, porque, quem responde os e-mails aqui do grupo, sou eu e a "Deca"; então a gente acaba fazendo a maioria dos contatos; alguns a gente acaba passando pra vocês, mas é impressionante de perceber como que a mente, ela não se rende! A gente fica vendo esses confrades que vão chegando, que vão entrando em contato com a gente, como rapidamente, muito, muito, muito, muito rápido... a sagacidade da mente é incrível! A sagacidade dessa mente adquirida, desse intelecto, da lógica e da razão é algo espantoso... Espantoso! Ele tem o poder de se levantar, quando está quase caindo, com qualquer material que se manifesta. E com este material também... Ele consegue também fazer uso deste material aqui, e entrar num outro jogo, numa outra disputa, agora com este tipo de material; e assim ele aborta essa queda, essa "queda fundamental"!... Precisa ocorrer essa queda; precisa ocorrer essa queda, essa rendição perante o pensamento, perante a mente... Perante a mente; porque se não tiver isso, fica muito difícil de ouvir alguma coisa, e se não conseguir ouvir alguma coisa, não vai nem ter condição de "ouvir a si mesmo"; não vai ter condição de desenvolver esse estado de escuta atenta, sem o qual, não vai ter condições de ter essa escuta atenta "de si mesmo", na hora que ocorrerem os inevitáveis ataques da mente. Porque a mente não vai deixar barato; ela não vai deixar barato!
E se vocês forem pegar na história humana; se vocês forem pegar a história de todos esses homens que conseguiram isso que eles chamam da "vinda do Espírito Santo", "Samadhi", "Iluminação", "Insight Criativo", "Contato com o Inefável"... Sei lá! Coloca o nome que você achar mais legal aí pra você! Vocês vão ver que, todos esses caras, tiveram que aprender a fazer esse estado de escuta atenta; eles tiveram que chegar num "estado de prontificação"; de estar prontos pra poderem falar: "Agora vou sentar comigo, custe o que custar; vou sumir de perto, vou evitar qualquer tipo de influência externa, e vou olhar toda essa confusão; vou sentar aqui embaixo dessa árvore, e vou ver o que vai rolar!... Ou eu fico doido, ou encontro uma 'loucura que tudo cura!'" Então, se não houver essa capacidade de escuta; se não desenvolver essa humildade... "desenvolver" não é a palavra!... Não é a palavra! Se não "ocorrer" esse estado de rendição, que leva ao estado de humildade, de um espaço pra ouvir aquilo que a "Grande Vida" vai apresentar através de sei lá que instrumento: seja humano, seja um livro, seja uma música... Sei lá!... Fica muito, muito difícil de começar esse processo!
Por isso que a gente fala muito aqui: essa sala, ela é um tubo de ensaio... Essa sala é um tubo de ensaio! Essa importância da escuta atenta; essa capacidade de foco, de manter o foco... Que é outra coisa que a mente adquirida, não consegue: manter o foco! Ela só mantém o foco se está lhe agradando um pouquinho; se não estão lhe agradando, ela já se desfoca rapidamente; ela já se distrai facilmente.
Então se aqui, dentro de uma sala dessas, nós não conseguimos manter o foco, não conseguimos manter essa tão necessária escuta atenta, é óbvio que na vida de relação conosco mesmo, fica impossível... Em dois ou três minutos você já não consegue mais estar observando! Uma coceira no dedinho lhe tira a atenção; um latido do cachorro; o telefone que toca... Perde-se o foco!... Perde-se o foco, e a nunca chegamos nesse estado de um "real encontro consigo mesmo"; não conseguimos chegar numa percepção visceral do nosso conflito, daquilo que está nos conflitando. Quantos de vocês aí, já se perceberam, inclusive, sentando pra ler alguma coisa, ao chegarem ao final da página, não percebem que não leram nada do que estava naquela página? Leram a página inteirinha e exclamam: "Volta, vou ler novamente!"... Quando chegam ao final da página, de novo, nada leram! Por quê? Porque não tem ainda esse exercício de escuta interna, de atenção, de foco, que não tem nada a ver com concentração! Que é esse estado que permite uma relação com algo. Percebem?
Gente: eu volto a falar, não é? Olhem isso com bastante carinho! Olhem isso com bastante propriedade! Olhem bem, mesmo! Olhem pra manifestação da pensamentose crônica descentralizante, aí na sociedade; olhes em vocês, também aí! Olhem bem quando ocorrem essas “saídas do ser”... Vejam bem a potência disso!... A força disso!... O quanto que esse pensamento compulsivo, condicionado, o poder que ele tem de se desfocar; de ser influenciado; de perder o centro; de perder o ritmo; de perder o "Sopro". Essa coisa, de perceber, quanto que é realmente importante, é fundamental, esse estado de realmente fazer frente, de maneira limpa, sem nenhum tipo de fuga, sentar consigo mesmo, sentar com esse conflito, sentar com você. Inclusive, convido vocês para fazerem um teste bem simples: "Vou sentar comigo sem fazer nada!"... Vejam lá, quantos minutos vocês aguentam... Vejam como em poucos minutos o que a mente já vai começar a falar; como ela já vai começar a colocar que vocês estão perdendo tempo, que estão perdendo a vida, que estão fazendo algo errado em querer ficar sem fazer absolutamente nada... O corpo vai começar a se mexer, os nervos vão começar a se estirar... Percebam isso! Olhem isso aí; vejam isso aí... A força que tem esse pensamento condicionado; ele faz uso de tudo! De tudo! Inclusive, ele cria toda essa disfunção no corpo aí; toda essa disritmia aí, pra que vocês não consigam ficar focados; ele faz uso inclusive do próprio organismo nosso, pra que através do próprio organismo, a gente se desfoque... Então ele cria a sede, cria a fome, cria a vontade de urinar... Não acreditem no que estou falando não! Deem uma olhada aí, façam o teste com vocês: "Vou ficar comigo, aqui e agora, numa boa... não vou fazer nada"... E preste atenção no que ocorre... Preste atenção no que ocorre!
Então, percebam: se mesmo consciente já é difícil, imaginem quando, durante o dia, no meio das nossas atividades mecânicas, perdemos o foco desse pensamento... Então é mais ou menos por aí gente... Vamos que vamos!
Um beijo coração de vocês aí e um chute bem forte nas canelas... E "vamos que vamos!"
Outsider
Super-observação — parafraseando a canção
Um dia vivi a ilusão que só matéria bastaria
que o fundo do intelecto tudo me daria
do mundo do vir-a-ser.
Que nada, a observação do que é
que até então se adulterara
é a ação melhor traçada aqui, agora,
traz o Real Viver.
Quem dera, pudesse todo homem compreender
o que lhe desespera
ser o Real e não o eu o que em si impera
E só por ele ser.
Quem sabe, um super insight venha nos restituir a glória
trazendo um grande adeus ao fundo da memória
e ao tal do vir-a-ser.
Outsider
04 abril 2014
Constatação sobre sebos
Quando se está no sistema,
é um tal de sebo nas canelas;
quando dele se quer sair,
as canelas, estão nos sebos.
Outsider
é um tal de sebo nas canelas;
quando dele se quer sair,
as canelas, estão nos sebos.
Outsider
Constatação sobre o nascimento do humano
O homem é chamado ao nascimento compulsório;
mas poucos, de fato, livremente optam por
nascer são, no Ser que são.
nascer são, no Ser que são.
Outsider
Constatação sobre o vacilo espiritual
Um discípulo genuíno, é aquele que, ao ouvir o que seu mestre diz, em si, dá "O" pulo. Infelizmente, para a maioria, por causa do medo e das obtusas birras, não há prontidão para o pulo em si; eles não podem escutar o que é dito, ainda não estão prontos, portanto, não são discípulos: são vacípulos.
Outsider
Outsider
Constatação sobre verdades e mentiras
A verdade é sempre desconfortante
a quem, da mentira, fez-se amante.
Outsider
03 abril 2014
Constatação sobre o canto de uma criança
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imagem da internet |
Outsider
O que acontecerá se eu não me ajustar à sociedade?
Estamos
aqui com esse tema: "O que acontecerá se eu não me ajustar à
sociedade?"... Então, estou vendo vários confrades, naquelas dores
iniciais da desabituação com os condicionamentos sociais. Vocês sabem
qual é o "melô" do confrade que está tentando sair da sociedade? Quando
fica se lembrando da sociedade? Olha só:
"Não é fácil não pensar em você,
não é fácil, é estranho
não te contar meus planos,
não te encontrar...
na verdade eu preciso aprender...
não é fácil,
não é fácil!".
[...]
Acho que eu seria mais felizes
do que qualquer mortal"
...
Seu eu voltasse pra sociedade!... Olha o que o "cabeção" faz! Não é
fácil não pensar nas coisas da sociedade, não pensar nos prazeres, não
é? Não ter aquele monte de memória eufórica, aquelas "nuvens cor de
rosa"... Nessas horas em que batem essas angústias, em que batem essas
ideias, em que você começa a sentir pela primeira vez que você realmente
é solitário; porque antes era um agrupado de solitários, sem que
percebessem que eram solitários; porque tinha tanta droga, tanto
anestésico que a gente nem percebe, não é? Mas quando começa a bater
essas coisas e a gente vai ficando meio "down", a mente só lembra das
coisas eufórica, ela não traz para você, aquelas situações em que você
estava no meio da sociedade achando tudo "um saco!" Sabe? Em que você
estava querendo gritar para todo mundo: “Mas será que vocês não têm
outra coisa para falar? Vocês vão contar mesmas estórias, as mesmas
piadas? Vão olhar as mesmas fotos que já vimos antes? Vão ser as mesmas
músicas, as mesmas festas?"... Sabem? Vocês não tiveram isso? Aí a gente
tem que meter aquele sorriso amarelo, fazer um esforço violento e ficar
disfarçando, olhando no relógio, pra ver que horas que vai terminar o
encontro, que horas que dá pra sair, esperando alguém levantar para,
juntos, sair rapidinho; não ser o primeiro a quebrar o protocolo. Isso
quando você não é o anfitrião da casa, quando você convida todo o mundo
pra vir à sua casa, para quebrar sua solidão e aí, quando eles chegam,
você diz pra si mesmo: "O que é que eu fiz?... Ainda é meio-dia e o
pessoal só vai sair daqui lá paras às oito horas da noite!... Como
aguentarei isso?”... E dá-lhe cachaça! Não é mesmo?... Dá-lhe
cerveja!... Dá-lhe churrasco!... Dá-lhe sobremesa!... Põe alguma coisa
em cima da mesa, porque, de genuína intimidade, não rola nada, não é?
Então,
a mente adquirida, ela não se lembra de nada disso! Ela não se lembra
dessas roubadas! O pessoal não bebe porque gosta de beber, mas, para
aguentar! Tem que dar uma narcotizada; senão, não dá, não é? Então a
mente, ela não se lembra de nada disso quando está tentando sair da
sociedade... Só se lembra da memória eufórica! Ela não se lembra das
coisas que vinham depois de se entregar pra memória eufórica! Sabe?
Aquelas que ecoavam assim: “O que é que estou fazendo aqui? Quem que é
essa fulana aqui ao meu lado? Não sei nem seu nome! Espera aí!” Não é
nada disso, não é? Ou então aquelas coisas do tipo: você fica louco pra
comprar; sofre pra caramba! Quando você sai com o "carnezinho" na mão ou
quando chega a fatura em casa é que caí a ficha: "O que é que eu fiz?"
Não é mesmo? "O que é que eu fiz?"... O sistema aboliu as algemas de
ferro, mas incorporou, agora, as algemas com chip; as algemas agora são
todas com chip eletrônico... Um chipzinho com os protocolos e agora é
tudo por e-mail... Sua penas — as faturas — agora chegam à você por
e-mail. Só que a mente adquirida não percebe nada disso!
Mas é interessante o seguinte: esse paradigma aqui, vocês já ouviram aquele ditado...
"Este paradigma
em testa dura,
tanto o bate
que desestrutura"...
É
um paradigma que bate nessa testa dura, bate, bate, bate, até que
desestrutura, não é? E aí, conforme desestruturou, é como vaso de
porcelana, não é? Quebrou, não adianta querer colar! Não tem mais jeito!
Não dá, não é? Pode colar, mas qualquer esbarrãozinho que tiver, quebra
de novo! Não dá mais! Quebrou a liga! Tem vários filmes aí que vão
mostrando isso; a gente aqui nessa confraria, a gente fala e faz muito
uso dos filmes também. A partir do momento que você viu, não tem como
voltar! Assistiram "O Show de Truman"?... Na hora que se percebe o show,
esquece! Não tem mais como! Não tem! Não é?... Matrix, Revolver... É
como Einstein dizia: “Quando uma mente se abre pra uma ideia, nunca mais
volta ser do mesmo tamanho; não volta mais a ser a mesma!”... O filme
"A Origem"... Como é que começa o filme?... "Uma ideia! Nada é mais
perigoso do que uma ideia!”... Quando uma ideia... Não tem nada pior do
que uma ideia! Quando ela se instala... Agora, quando se trata da
Verdade, aí sim que o negócio fica difícil! Não é? A ideia — que é
condicionamento, que é pensamento psicológico —, pra tirar é bem
difícil; é muito difícil mesmo; pra arrancar essa ideia, não é "melzinho
na chupeta"! Agora, quando bate a Verdade, quando se vê a Verdade
mesmo, o negócio cai, cai e cai por completo; não fica nada mesmo! E não
tem como compactuar! Se você vê a Verdade, e tenta burla-la, ela te
mata, não é? Lá nos "grupos anônimos", principalmente
no A/A, eles costumam a falar mais ou menos assim: "Quem ouviu a
mensagem — quem ouviu mesmo —, quem escuto mesmo, visceralmente, que deixou entrar,
que
deixou a mensagem ir lá no fundo, esse pode até ir embora, pode não
voltar mais, no entanto, nunca mais voltará a beber sossegado!"... Nunca
mais! E isto também é verdade no que diz respeito a este paradigma!
Quando você percebeu mesmo; se ficar um tempinho exposto aqui, a esta
troca de figurinhas sem colar, não tem mais como!... É por isso que a
maioria vai embora! Porque assim: esse paradigma aqui, você vai lendo
sem perceber que ele vai batendo por baixo; ele vai minando por baixo,
sem você perceber!... Ele não vai fazendo estrago em cima não! Ele vai
minando todas as velhas bases adquiridas; daqui a pouco, quando menos se
espera, toda estrutura vem ao chão! Na hora que cai, todo mundo fica
desesperado... Porque essa mente adquirida é viciada em segurança; ela
quer estar segurando em alguma coisa. Então,
como estratégia defensiva, a mente adquirida começa a tentar minar, a
quebrar tudo. E têm vários confrades que não aguentam; — não aguentam
ser verdadeiros consigo mesmo — não é com o outro!... Não aguentam ser
verdadeiros consigo mesmo! Não aguenta reparar nas suas desconfortantes
zonas de conforto! Mas é isso: não é nada fácil mesmo; sabemos que não é
fácil, pois já passamos por isso na pele.
Essa
aqui é a trilha menos percorrida, sair desses condicionamentos sociais,
isso aí não é fácil! Tudo que está atrelado ao sistema, acaba por
dificultar, por criar resistência. Porque foram tantos anos, foram
tantas décadas, e se desidentificar não é fácil! Por isso que a gente
vem falando através dos áudios; subimos um, esta semana, que retrata a
importância do colapsar: enquanto não tem esse colapsar aí, fica muito
difícil de querer assumir mesmo a busca da verdade, não é? Só a verdade
mesmo! Só a verdade, apenas a verdade! A grande maioria não consegue
ficar; não ficam nessa sala aqui, não ficam com esse paradigma, porque
ele arrancando tudo, ele não dá nada! Vai arrancado tudo e o medo vem,
não é? O medo de abrir mão das zonas de conforto, profundamente
desconfortantes, profundamente estagnantes, faz com que muitos saiam
correndo! Faz com que se consiga uma meia-desculpa para sair correndo,
criando intrigas, falando mal do paradigma, falando mal de tudo...
Transformando esse grupo, essa confraria aqui em inimigos externos... A
mente adquirida precisa criar isso! É uma de suas nefastas habilidades,
com a qual se escuda pra não correr o risco de se deparar com sua irreal
realidade; é por isso que ela está sempre em busca de "inimigos
externos"; ela cria um inimigo externo pra depois criar uma
justificativa para, de algum modo, buscar por engajamento numa forma
qualquer de militância. Esse é um dos padrões dessa mente adquirida,
dessa mente social adquirida: a fuga de si mesmo através do engajamento
numa forma de militância. Então, têm um monte de militância: a
militância política, a militância vegana, a militância das sociedades
protetoras dos animais, a militância contra a Nova Ordem Mundial... Tudo
isso para estar ocupada e não ter tempo para perceber sua própria
desordem com a qual alimenta a milenar desordem social. Têm um monte de
forma de escapismo, socialmente aceito e incentivado; tudo muito
bacana... Mas apenas, bacaninha! Bacaninha porque nos distraí da “única
coisa necessária"... A única coisa necessária! Que é achar essa "cara
que eu tinha... Essa cara que eu tinha, antes de que se passarem esses
anos aí, e eu ficar deste tamanho!", como foi muito bem cantado na música de Arnaldo Antunes e do Nando Reis, a qual ouvimos hoje...
Encontrar
essa cara que tínhamos, antes desses condicionamentos sociais aí,
alterarem nosso "Sopro", alterarem nosso "Ritmo", criarem essa disritmia
do Ser que somos e que a tudo contamina, que a tudo adultera! É isso é
"a única coisa!" É "a única coisa"; não adianta! Sem encontrar isso, sem
retomar esse "Sopro", sem retomar esse ritmo natural, sem retomar esse
contato consciente com a "Consciência que somos", como que — em estado
dormente, inconsciente — é possível se fazer algo que realmente seja
benéfico, aí na sociedade? Diz pra mim! É
só conflito por onde você for! É bacaninha só nas primeiras páginas,
não é? Até ter a primeira riscadinha no ego... Aí, daqui a pouco, já se
arruma outro inimigo externo, lá mesmo no lugar da recente militância.
Por isso que os partidos políticos têm o nome de "Partido"... Se fosse
bom não era partido, era inteiro! Mas é tudo partido, porque a própria
base já é partida, não é? Está tudo aí pra gente ver, só que a gente
está com os olhos fechados, não é? É aquela cena do "Matrix", em que o
"Neo" está deitado na cama, e se vira para o "Morpheus" e diz: "Por que a
minha vista está doendo?" E Morpheus lhe responde com muita propriedade
de visão: "Porque você nunca as usou antes!"... Nunca os usou antes! Em
nossa arrogante rebeldia adolescente, pensávamos que estávamos vendo
alguma coisa! Então, não é fácil mesmo, abrir os olhos! Não é fácil se
deparar com todas as nossas relações e perceber o grande investimento
furado que fizemos durante anos... Não é fácil fazer reparações diretas
dos danos causados devido essa inconsequente e inconsciente
identificação ilusória com o pensamento psicológico social; com todas
suas exigências descabidas, tanto de si, como dos demais. Não é
fácil!... Só mesmo homem e mulher de "saco roxo"! Só quem realmente
"colapsou"; quem já não tem mais escolha. Quem ainda tem escolha, quem
ainda está se achando no direito de escolher a cor da boia, ainda
não está se afogando, não é mesmo? Ainda não colapsou! Então, terá que
ir lá pra fora, fazer mais um cursinho de pós-graduação de "pensamentose
crônica"; torcer para não arrumar uma neurose crônica, uma psicose, uma
esclerose, sei lá outra "Ose"! qualquer! Quem sabe, se der tempo,
consiga olhar para o que esses poetas estão falando; têm um monte de
poeta que tentam deixar aí pelo caminho menos percorrido, alguns de seus
toques!
Vá
pegar a única coisa necessária! Vá descobrir quem é você! Você não é
esse monte de falas aí do seu pai, da sua mãe, dos seus professores, dos
seus amigos, dos seus casos, não é? Das suas conquistas, das suas
derrotas... Nada disso, não é?
Não, você não é esse pacotinho todo aí! Não é nada disso!... Vai lá dar
uma olhada no que realmente é! Se der tempo, volta, não é? Não é pra
aqui! Volta pra isso que você é, volta pra essa realidade aí; volta pra
essa realidade! Caso contrário, será que nem cantava Elis Regina:
"Você pensa que é diferente,
mas no fundo, você é igual aos seus pais!"...
Vai acabar sendo mais um adulto, adulterado, adulterando a realidade dos que estão os olhos mais fechadinhos do que você!
Constatação sobre brincadeiras de criança
A maioria dos seres humanos não cresceram; continuam, em seu frenesi, brincando de cabra cega e esconde esconde, tanto de si mesmos, como dos demais que também participam do mesmo jogo. Em resultado, feito peões, permanecem sempre rodando em suas decoradas celas, num acelerado pega pega, criado pela desconhecida mãe da mula social. E assim, enquanto há ar em seus balões, a desgastante ciranda continua...
Outsider
02 abril 2014
A mente adquirida impede o Vazio pleno
É interessante, já há um bom
tempo que venho resgatando essa questão do olhar noético, do olhar poético;
não essa questão de poesia romântica, não é, mas aquilo que está por trás das
palavras do poeta e, às vezes, fico questionando se o poeta ao escrever
aquilo, se ele realmente está escrevendo na dimensão noética, ou nessa dimensão
poética, essa coisa do romantismo.
Acordei pela manhã meditando, não sei, talvez alguns aqui devem conhecê-la, a Isolda (ela
escrevia muito pro Roberto Carlos; são
fantásticas as letras dela), com uma música
do Roberto, com certeza vocês já ouviram a música,
"Outra vez" —; vocês se lembram dessa música? A correlação que fiz
com ela, quando você a escuta pelo mito romântico, parece que o cara está
falando da mulher, uma relação homem e mulher. Olho pra essa letra numa questão de "animus e anima"; essa
coisa do toque da Graça, o contato com a
"Graça", o contato com o "Inusitado", o contato com o
"Inefável", o contato com "A Coisa", o contato com o
"Espírito Santo", seja lá o nome que você quiser dar pra isso; o contato daquilo que está além da
"mente adquirida".
Pra quem não viveu isso, acaba
soando como algo místico; pra quem já viveu uma amostra grátis disso aí, desse despertar que vai além da questão
intelectual, mas sim de uma vivência direta de um estado inusitado, de um estado
que está além daquilo que a mente adquirida conhece, então soa muito
interessante? Eu estava meditando na letra, e ela fala assim:
"Você foi o maior dos
meus casos,
de todos os abraços o que eu nunca esqueci.
Você foi dos amores que
eu tive
o mais complicado
e o mais simples para mim.”
E é bem isso: o mais complicado porque, na minha vivência, isso ocorreu num momento em que quase estava realmente me
entregando ao suicídio; não havia sequer, a ideia da possibilidade disso que
trouxe um "estado de bem aventurança", um estado de paz que não tem como ser
colocado em palavras... Mas que nunca esqueci! Sendo que os outros abraços aí, aqueles da questão do prazer, não dá pra lembrar de todos, não é? Mas esse aí, esse da bem-aventurança, esse não tem
como se esquecer!
Então é assim: das lembranças
que eu trago na vida essa é a saudade que eu gosto de ter? E só assim é
que eu sinto "você" bem perto de mim, "outra vez!" Não sei se vocês lembram dessa letra, mas ela me
faz ecoar bastante essa questão de se é
possível ou não a mente silenciar; que é uma das coisas que a maioria
desses homens e mulheres que vem tentando apontar um outro modo de viver, dizem que só é possível isso, quando a mente cessa, quando pensamentos cessam;
se o pensamento não cessar, não há como ocorrer isso, e, de fato, nessa vivência direta, não há pensamento. É
algo que a mente adquirida não consegue nem conceber o que seja uma mente sem pensamento.
É algo muito, muito, mas louco!
Tem uma outra letra da Isolda
em que ela fala:
"Você foi a melhor coisa
que eu tive,
mas o pior também minha vida;
você foi amanhecer cheio de luz e de
calor
e ao anoitecer a tempestade a dor."
Então, quando ocorre essa manifestação
da Graça, quando ocorre essa manifestação da mente que vai além da mente
adquirida, essa mente incondicionada, é
"o amanhecer cheio de luzes e de calor!" E, quando há o cessar disso,
"desse estado", é "anoitecer" novamente, não é? E, então, novamente, lá está o anoitecer, a tempestade e a dor... De novo o pretérito
imperfeito com sua busca de prazer e de prazer imediato.
Então, uma vez que você tenha
essa vivência que lhe ponta pra "Algo" de uma dimensão de
felicidade, de paz, de serenidade, de tranquilidade e que não tem como ser
descrita, essa vivência supera — não há como se contabilizar isso —,
mas ela supera por demais qualquer forma de prazer; qualquer forma de busca de
segurança. E essa mente adquirida, ela funciona, o tempo todo, somente nisso: na busca de
segurança, na busca de prazer. Não acredite no que estou falando; dê uma olhada aí; vai olhando, vai vendo se o nosso cotidiano, não funciona sempre através dessas duas moedas correntes,
nesses dois lados da moeda; moeda muito cara por sinal, não é mesmo? Moeda que
vem trazendo uma depressão emocional econômica muito grande, não é?... De um
lado, a busca de segurança, do outro, a busca do prazer — e sabemos o quanto
que já pagamos por causa disso, não é mesmo? Todos vocês aí, sabem muito bem, o quanto que
já pagamos por isso!
Então, esse processo dessa
vivência, quando ocorre essa vivência, essa manifestação, que é algo que não ocorre pela ação do desejo,
não ocorre pela busca de prazer, não ocorre pela vontade, não ocorre pelo
esforço, por isso que é dado o nome de "Graça"; quando há essa vivência da
Graça, por menor que seja essa vivência, ela tira a graça por completo de todo
o pacote velho, de todo o passado, de todo pretérito imperfeito, tira tudo
isso! Só que, quando cai, quando você cai desse estado de graça, a mente
adquirida rapidinho entra, e, como não sabe lidar com a inquietude — porque nunca tivemos uma educação psíquica, nunca tivemos uma educação, de fato,
emocional, não tivemos uma cultura voltada para o silêncio, para a contemplação, para
a meditação, par a observação da própria inquietude; não tivemos uma cultura e uma
educação voltada para prática "natural" de estados de ócio onde se pode encarar e fazer frente ao tédio; como não tivemos e não temos isso, a mente
adquirida, alimenta ainda mais o seu ciclo vicioso de busca de prazer e segurança. E sabemos muito bem, como
que funciona essa coisa do prazer, não é? Somos catedráticos nesse teorema: [Inquietude + Prazer imediato = dor ao
quadrado], não é mesmo? E vai aumentando essa
coisa: vai pra dor ao cubo e vamos que vamos!
Então, por que é que estou
falando isso? Porque assim: ultimamente venho olhando bastante de frente pra
questão do tédio, da insatisfação, e do vazio; que é algo que deveríamos
ter matérias na escola, e deveríamos ter horas de conversa depois do jantar,
ou depois do almoço de domingo; ao invés de ficarmos falando dos outros, deveríamos, desde pequeno, estar falando sobre isso, sobre tédio; coisa do tipo: "E
aí, Tio? E aí, Tia? Como é que ambos estão lidando com o tédio, com a insatisfação?"
Não é? Deveria ser normal isso, mas não temos isso, temos? Então, ultimamente,
venho olhando bastante pra isso e pela primeira vez, de forma muito
consciente, feito cobaia mesmo! Uma cobaia! E percebendo o forte impulso — fortemente alimentado pelas ferramentas sociais — para as enormes
variantes de fuga pelo prazer.
É preciso ir mais fundo na no significado da palavra "prazer"... Não sei se para vocês, também ocorre como na cabeça deste que agora lhes escreve: quando se fala em "prazer", logo é a lembrança do sexo que vem na frente... Mas prazer
é uma coisa muito abrangente, não é mesmo? E a sociedade incentiva a busca pelo prazer; muito
mais a busca do prazer do que da própria felicidade. Vocês podem conferir isso: ligue sua televisão; não
se está mostrando propagandas de felicidade., mas sim, propagandas que apontam para a busca
de prazer e de segurança. Já perceberam isso? Liga-se a
televisão, e um massacrante bombardeio de propragandas, de "programas" (esta me parece a palavra mais correta) cultuando a busca de prazer e de segurança, sendo ambos confundidos por felicidade... É uma verdadeira idolatria narcísica-hedonista.
Em todo esse movimento de anos aí de busca, essa consciência foi sendo resgatada e vem
tomando seu espaço, o qual antes era ocupado pela mente adquirida, com seus sistemas
de crença, suas tradições e seus autocentrados movimentos? Todo esse caminhar, que
começou lá nos grupos anônimos, vem trazendo, vem resgatando esse espaço
da Consciência. E uma vez consciente, fica muito difícil, de se optar
novamente pela inconsciência, sem depois ficar com o
barulho maior na consciência. E de fato, com o assentamento da consciência, vai ficando
muito difícil de se ver Graça, naquilo em que antes se via graça e que depois
que nos entregávamos, só gerava mais desgraça! Muito louco isso, não é? A mente
adquirida faz você ver graça onde não tem graça; você se entrega à isso, mesmo sabendo que o resultado será mais acúmulo de
desgraça! Então, há que se ir batendo a cabeça uma, duas, três... Parece que somos mesmo como fusquinha 64: só pegamos no tranco! O pensador
compulsivo, esse que fica identificado com essa mente adquirida, parece fusquinha 64: só pega no tranco! Já sabemos do falso, mas insistimos em lá voltar, não é? Sempre buscando por resultado diferente na mesmice!
Então, vai formando essa consciência que vai quebrando o encantamento por essas promessas de prazer e de segurança. Porque começa-se
a perceber o quanto nos consumimos para poder consumir um pouco mais de breves momentos de prazer.
Então, esse estado de
consciência, para a mente adquirida, é de fato, muito perigoso
mesmo! Porque esse paradigma, esse
material que temos aí, que vem sendo dividindo, que estamos
estudando juntos, ele vai arrancando a identificação com todos
esses conceitos, com todos esses estipulados sociais aí, que prometem
por segurança e por prazer; isso vai perdendo a graça, vai desencantando, vai
quebrando o encantamento, não é mesmo? Esse paradigma vai quebrando o encantamento e fazendo com que nos sintamos como um peixe fora d'água; isso porque a grande maioria em volta de nós, de forma totalmente inconsciente, se encontram cativos de tal encantamento! E você, não por escolha, mas talvez porque foi escolhido
por essa Graça, que teve a graça do despertar e de abrir os olhos, não tem mais como voltar atrás: só cabe
seguir a trilha menos percorrida, feito Bandeirante da Consciência que somos. Chega um momento que fica bastante doloroso,
porque, olha-se para fora e nada mais faz sentido... Nada mais faz sentir. O
que está vibrando aí fora, nada mais dá liga, nada mais dá contato; tudo se
mostra muito desconexo, sem conexão alguma. E para a mente adquirida, ouvir isso,
pode assustar ou achar que é loucura ou que isso é sintoma de doença; quando,
na realidade, não é: isso é um sair fora da sociedade; é um descartar total da
sociedade; de tudo aquilo que antes você via como fator de segurança, a começar
pela ideia de família... E isso causa um rebuliço incrível dentro da mente
adquirida, quando tocou na expressão família... Porque pode ver que a própria
questão da família é a base de prazer e segurança... Prazer e segurança! Prazer
alimentar!
Essa questão do prazer é muito
interessante: Dá uma olhada que a gente foge desse vazio e do tédio sempre por
alguma forma de prazer: é o cafezinho, é o livro, é uma compra, é o prazer de disputar
alguma ideia intelectual com alguém no facebook, ou sei lá onde; disputar num
balcão de padaria uma ideia... É tudo prazer! A leitura de um livro... É tudo
prazer! Só que é um prazer que não traz essa "real felicidade"; não
traz esse "real despertar"; não traz! Na questão do livro, acho até
interessante, não é, porque ele e acaba funcionando de um jeito.. dependendo do
que você vai lendo, isso vai, vai trazendo até mais consciência; então vai
ampliando, não tem como não ampliar o tédio e a insatisfação diante do que está
aí estipulado. Essa busca — por esse reencontro consigo mesmo, aí — por essa retomada
da Consciência, ou por esse saltar fora do que está aí que já não tá dando mais
liga, isso vai levando, de fato, pra um estado total de tédio, de vazio, de
solidão; e é uma solidão que acaba sendo física e mental, uma solidão interna
mesmo! Porque como foi hoje colocado...achei muito interessante a fala do
"Semeu" hoje, não é? Realmente você encontra as pessoas cada um num
momento desse paradigma; se isso ocorre aqui dentro da sala, imagina aí fora. Então,
realmente fica muito difícil de você poder se comunicar, ou seja, ter um
"ar comum", visto que a grande maioria nem sonha em olhar pra isso!
Visto que a grande maioria está completamente identificada como sendo o
pensamento, como sendo as emoções, como sendo os sentimentos, tendo como "normal"
e como meta de vida a busca de segurança e a busca de prazer. Como é que você
que já percebeu tudo isso, que já lhe foi revelado a falsidade disso, pode
encontrar conexão, sendo que a maioria cultua isso, de uma forma visceral, vinte
e quatro horas por dia?... Nos sonhos acordados e nos sonhos enquanto estão
dormindo! Percebe?
E aí eu vejo que é muito
interessante que realmente esse tédio, essa solidão, esse vazio, eles são
fundamentais até pra ver a seriedade da sua paixão, não é? Dessa sua busca,
desse seu desejo por algo que não é finito, por algo que não é finito. E é
muito interessante que se você for olhar a história de todos esses caras, todos esses caras, todos, todos... pode ir lá
e não acredita no que eu estou falando, não; vai lá e faz uma pesquisa!... Todos
esses caras que trouxeram alguma coisa, que alimentou essa Consciência Amorosa
Integrativa no ser humano, na humanidade, todos eles vieram se movimentar na
direção disso, através de uma profunda insatisfação, de um profundo o tédio, de
uma profunda experiência de absurdo que fez com que começasse a questionar todos
esses valores estipulados, que começasse a questionar tudo isso que é tido por
normal. E todos esses caras acabaram ficando literalmente sozinhos, no que diz
a compreensão daquilo que chegou, pela ação dessa Graça ou do "Insight
Criativo", seja lá o nome que você preferir dar. E o que a gente vem
percebendo é que realmente não tem como isso se manifestar enquanto você ainda
está apegado a qualquer forma de identificação nessa ideia de segurança e de
prazer.
Está sendo muito interessante
observar essa dinâmica do tédio, da insatisfação e do vazio; como que a mente
adquirida, essa mente que ainda está aqui no "Out" também, como que
ela, quando começa a se manifestar na maior intensidade, o tédio, a
insatisfação e o vazio, ela impede que esse vazio se torne pleno; que seja um
vazio pleno; e pra impedir que esse vazio se torne pleno, ela opta sempre com
uma sugestão desse pretérito imperfeito; ela traz sempre uma lembrança de algo que
lá atrás lhe trouxe prazer e pede pra que você vá até lá, de novo, naquilo, e
tenha um pouco de prazer, afinal de contas, todo mundo fala que é importante
ter prazer: "Você está perdendo a vida se você não tiver prazer"... E
aquele que não perder sua vida... Teve um cara que já passou aí... "Quem quiser perder a vida em nome da Verdade
vá ganhar a sua vida!"... agora, quem quiser, ficar com o prazer vai
perder essa verdade, vai perder! Então é muito interessante perceber como que a
mente sempre puxa pra essas lembranças de prazer e de busca de segurança e como
ela também projeta imediatamente um movimento de você ou encontrar algo
parecido àquele prazer do passado ou buscar por uma nova forma de prazer, por
uma nova forma de segurança... Pra você ficar "segurando"... Olha pra
palavra "segurança": a gente quer ficar preso, não quer ficar livre;
a gente fala que quer liberdade, mas eu quero segurança, eu quero ficar me
segurando em alguma coisa; não é? Eu quero me segurar até numa sala no Paltalk,
que seja! Eu não quero ficar livre, não é?
Está sendo muito interessante,
apesar de ser algo bastante dolorido: ficar com essa questão do tédio, que é
uma coisa que também é muito interessante... Você entra na internet e procura
assim, vê se você acha: "um relato pessoal da vivência do tédio"... "relato
pessoal da vivência da solidão"... Cara, você não acha isso! Você acha mil
receitas de como se iluminar com um mínimo esforço mas você não vê ninguém relatando
essa coisa de ser afrontar, não é? Esse reparar, essa reparação, essa meditação
ali consciente com o tédio, com o movimento do tédio, da insatisfação, e do
vazio. Então, vamos que vamos! Vamos ver o que vai dar disso daí! Um grande
abraço pra vocês, gente!
Valeu!
Outsider
Outsider
01 abril 2014
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Deserto... Solitário e árido lugar de encontro consigo mesmo e com a fragilidade que nos torna humanos. Lugar de amadurecimen...
Escolho meus amigos pela pupila
Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
Oscar Wilde