Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

10 janeiro 2013

Áudio: Diálogo sobre o medo da solidão e do abandono



Out: É o medo do desamparo.

DP: É o medo de caminha sozinho, é isso?

Out: Que começa… Qual que é o primeiro medo da criança? Não é quando os pais saem de perto? Você já viu uma criança quando os pais perdem ela, no supermercado, o estado de pânico… Ela nem ouve! Você está tentando silenciar, acalmar ela, ela nem ouve. Então, eu acho que esse profundo medo de ficar só com a realidade que somos, ou que pensamos ser, é que impede de a gente entrar em contato com a Realidade que somos… Esse medo de ficar com a realidade que pensamos ser, é que impede de a gente entrar em contato com a Realidade que somos

DP: Que realmente somos, não é?

Out: … Que não deve ter nada de solidão, de medo, que não deve ter nada de insegurança, que não deve ter nada de não criatividade, de não criativo…

DP: De super-criativo!

Out: Enquanto que essa realidade que nós pensamos ser… “Eu sou o Marcão”; “Eu sou o Nelson”, não é? Ela é só imitativa; ela não tem nada de criativo; ela não tem nada de liberdade; ela é medo puro. Então, o “outro” olhar pra você, para o que você está falando, se o cara tem um pouquinho de visão, eles está vendo aquilo que você não está falando por trás do que você está falando.

DP: Emitindo a energia…

Out: Ele está percebendo tudo! Ele está fazendo uma leitura psíquica enquanto você está falando um monte de coisa. Eu me lembro de uma frase, que eu acho muito interessante: “Aquilo que você é, grita tão alto, que eu não consigo escutar aquilo que você está falando.”…

DP: Olha que legal! Como é que é? Ah! Eu vou marcar isso ai!

Out:  Depois eu te mando por e-mail!

DP: Aquilo que você é…

Out: “Aquilo que você é, grita tão alto, que eu não consigo escutar aquilo que você está falando.”… Então, por exemplo, do mesmo modo que hoje você senta com uma pessoa e, em cinco minutos que ela está falando, você já vê, não é?

DP: Ele também vê, também?

Out: Aquele que está usando o sistema…

DP: Ele vê também isso com a gente? Não é isso?

Out: Aquele que funciona na base do sistema, que já tem uma visão do sistema, ele usa o medo, porque ele está vendo que você ainda é suscetível ao medo; e cria a influência.

DP: Ele influencia você!

Out: Então assim, pra mim, a questão básica é: medo da solidão e do desamparo… O medo da solidão e do desamparo, faz a gente é… manter contatos dependentes, que nos limitam; não contatos que “nos empurram para o Ser que somos”; que nos desafiam à “excelência do Ser que somos”. Agora, quando você, está cansado disso e fala: “Não! Eu vou sentar com a minha solidão; eu vou sentar com esse meu medo,  eu vou olhar ele”, a primeira coisa, essas pessoas que não estão afim disso já te descartam, não é? Eles já vão te rotular de “mala”, de “chato”, de “depressivo”, de qualquer coisa… Menos de alguém sério, que está realmente afim de ver a essência do sofrimento humano, superar isso e trazer uma resposta, trazer algum apontamento; ele não pode trazer a resposta para o outro mas, pode trazer um apontamento… “Eu vi; venci o mundo; venci a rede do pensamento condicionado e estou aí! Alguém quer conversar comigo?”… Se a gente conseguir sentar com isso — com essa solidão, com esse medo de fazer frente à solidão; se a gente compreender esse medo e essa solidão — há como a gente transcender isso! Se transcender isso… “Cumpadre!”… Qual vai ser o problema?
DP: Tem que transcender, então… A chave, então está em transcender o medo e a solidão, não é? Medo e solidão…

Out:  Mas, porque, esse medo e essa solidão, estão baseados numa identificação corpórea, numa identificação de espaço-tempo… “Eu vou ficar sozinho!”… Está no futuro!… “Eu vou ter provações!”… Corpo físico que está falando. Agora, se nessa observação, você sair dessa ilusória identificação com isso que você pensa ser — que está preso na dimensão do tempo e espaço — se a gente chegar numa percepção — não intelectual, como estamos tendo aqui —… E que não tem problema nenhum, porque, quando o ser humano nasce, o que sai primeiro é a cabeça, depois é que passa o coração… Então, não tem problema nenhum a gente estar tendo essa identificação intelectualmente. Se a gente compreender isso, e ter uma experiência da Realidade que somos, que é atemporal e que é imaterial, que vence a ideia de morte… Que é isso que o filme “Matrix”, quando o personagem Neo, toma aquelas balas no peito, e pensa que morreu… E ai ele vê a ilusão…
DP: Que é a morte!… É uma baita ilusão, não é?

Out: Se você tiver isso, se tiver essa percepção toda, aonde que você pode ser um prisioneiro?  Aonde que você pode ser controlado? Aonde que você pode ser iludido, aonde que você pode ser iludo por essas influências externas?… Ai, se você tiver toda essa percepção, você não vai ter “algo novo, original e autêntico?”… Se você tiver algo realmente original, autêntico, você acha que você vai ter privação?

DP: de nada, não é?

Out: Porque, do mesmo jeito, que a rede do pensamento é “uma rede”, que está ai…  Eu estou conversando aqui com você, mas não estamos vendo sinal de celular, de tv, mas está aqui!… Se você tiver uma antena poderosa, você pega o sinal. Então, do mesmo jeito que tem essa rede emitindo sinais de condicionamento, também tem uma rede de consciência.

DP: Ela também está aqui, não é?

Out: Então, quem estiver nessa rede de consciência, vai ficar consciente… “Tem um cara, que deram o nome de ‘Marcão’, lá no Brasil, que acessou alguma coisa diferente e está falando alguma coisa diferente!”

DP: Vamos lá procurar o cara; mas vamos lá buscar ele!

Out: Do mesmo jeito que a gente tomou consciência de Nietzsche, Osho, Krishnamurti, Ramana Maharshi, Nisagardata, não é?…

DP: Como é que esses caras vieram parar na nossa mão? Isso é que eu fico imaginando!

Out: Porque, essa consciência que somos, nos levou a um estado onde você recebe a informação dessas consciências; ou “Dessa Consciência” através dessas entidades ai.  Então, eu percebo, o grande medo que o pensamento cria de você olhar para essa solidão, olhar para essas dependências, para todas essas formas de dependências que estão ai dentro e que a gente tenta desesperadamente não ver, e não deixar também que os outros vejam que nós temos. 

DP: tenta esconder, não é?

Out: É! Então assim, se a gente superar o medo de primeiramente olhar, por nós mesmos; se a gente conseguir ver por nós mesmos, que é o que mostra o filme “Batman Begins”… “Olha! Desce na caverna do Ser que você é, sozinho, e vê os seus medos!”

DP: Vê o medo, o medo que ele tem lá dos morcegos!

Out: Do morcego!… Olha pra isso!… O interessante, é que o morcego, é um ser que vive de “sugar”…   

DP: É!

Out: Então, você vê: é uma representação fantástica de como nossos medos “sugam a energia vital”… Se a gente conseguir fazer esse mergulho no Ser que somos, sair dos medos do “eu” para o mergulho no “Ser que somos”… Acabou, cumpadre!… Você vai ter uma mensagem!… Vai ser revelada a mensagem que você tem!… O sopro que você tem!…

DP: Que é teu, não é?

Out: Que não é seu!…  Que é dessa Consciência que você é!

DP: Que vêm através de você de maneira diferente, não é?

Out: Esse “você”, não vai mais existir!

DP: Entendi! Não tem mais o “você”…

Out: Porque, a grande ilusão, é que nós ainda estamos identificados com essa “entidade buscadora”…

DP: Porque a gente é um só, digamos assim?

Out: Mais ou menos isso! A gente ainda acredita no próprio esforço, no que eu tenho que fazer… Você não chegou aqui e disse: “Nelsão, eu vou fazer um ano de retiro de silêncio!”… Você já pensou o esforço que é ficar um ano em silêncio?… Então é uma outra — pra mim — é uma outra ideia do pensamento descentralizante, para tirar você do centro de onde você está, físico, criando a ideia que fora desse centro físico que você está, possa chegar à um centro psíquico… Porra! Por que que eu não posso entrar, me centralizar aqui dentro desse “centro descentralizado”? (risos)

DP: Você acha que tem essa possibilidade!

Out: É fato! Esse centro aqui está descentralizado, mas, por que eu não posso ficar no meio desse centro descentralizado, centrado? Porque, senão, eu continuo dependente de lugares aonde eu possa me centralizar.

DP: Entendi! É outra dependência, não é?

Out: É uma outra dependência!… Então assim, para mim, é momento, está sendo momento de “olhar”… Olhar de forma minuciosa…

DP: Profundamente!

Out: Profundamente e destemida… Todos os auto-enganos que eu criei, até aqui, todas as ilusões com que me identifiquei, todos os desacertos e ver… E deixar que a percepção disso… Encaminhe os acontecimentos, sem ter…

DP: Influências, vamos dizer assim?

Out:… Do próprio observador escolhendo. Entendeu?

DP: Entendi!… Ficar meio que no vazio, vamos dizer assim!

Out:… Vamos ver no que vai dar!

DP: O ego não quer isso, não é? É engraçado!

Out: Vamos ver no que é que vai dar!… O que vai dar disso!… Mas não negar nada!

DP: Não negar nada?

Out: Não negar nada!… Eu vou te mandar um áudio de ontem; a reunião de ontem… Nossa! Foi fantástica! Ontem, o tema que nós estudamos foi… É… “Não tente disfarçar a sua falta de sanidade”… Porque é assim: não tenta disfarçar que você ama… Você não ama!… Não adianta, cara!… Você é um puta cara egoísta, interesseiro…. — que nem eu —… Quando eu falo “você”, estou falando a entidade nossa, tá? A entidade que nós pensamos ser… Ela é mesquinha, interesseira, gananciosa, calculista, fria, ressentida, não é?… Envergonhada, complexada… É tudo isso!… Sagaz, vingativa, retalhadora… A gente tem que olhar a realidade do “freguês”… Se a gente conseguir ver toda a realidade do “freguês”, quem sabe, entre em contato com esse que está vendo a realidade do “freguês”… E o “freguês”…. Se dissolva!

DP: Entendi! Ai não vai ter mais isso, não é?

Out: Não sei se vai ter, mas, o fato, é que aqui tem!… Eu te pergunto: quem você ama?

DP: Eu não sei o que é isso! Na realidade a gente não sabe.

Out:… Nem à você mesmo! Você olha no espelho e tem vergonha de você! Você tem raiva das próprias limitações!… Porra! Se tem isso comigo mesmo, como eu possa saber isso no externo?… Com quem você tem uma autêntica, uma genuína intimidade? Ou seja, não esconde nada, nada?… Eu não tenho isso com minha esposa!… Tem sempre, algumas arestas…

DP: Que não pode falar!

Out:… Que eu tenho medo de falar!… Porque eu tenho medo do abandono; eu tenho medo da solidão; eu tenho da incompreensão… Então, esse medo do abandono e da solidão, fazem com que eu não seja 100%… Autêntico!…

DP: Sincero!

Out: Sincero: sim! Sou assim!… Sincero! Não é? Sim: eu sou assim!… Assim! tem algo em mim que está me mostrando que eu sou assim e eu sinto que… Mas há o medo… Então, a gente não sabe o que é o amor; não sabe o que é intimidade; não sabe o que é liberdade!… Como é que eu posso saber o que é liberdade se eu não consigo ser sincero?… Se eu não consigo ser autêntico, original?… Se eu não sei o que é amorosidade, não sei o que é liberdade, como é que eu posso saber o que é “criatividade”?… E, se eu não sei o que é criatividade, como eu posso ser feliz?… De que jeito?… Percebe?… Então é assim: meu momento, o momento que atravesso, é esse momento de olhar tudo, cara! Olhar, olhar! E dói olhar! Dói olhar o ego, porque o ego investiu tanto tempo nessa imagem dele, que ele não quer ver o Real. Não quer ver o monte de auto-ilusão, não é? De quanto ele se adulterou e de quanta gente ele adulterou; quantas pessoas também sofrem do processo de adulteração, porque ele botou o dedinho ali? Entendeu? Então, o momento é um momento que por vezes, é doloroso você pegar e ficar olhando, realmente, como é. Mas, e se não olhar isso?… O que não sai da sombra e é trazido à luz… O que você nega, não tem como ser transcendido! E ai eu percebo que a mente — o mecanismo dela —, é de também descentralizar você dessa observação, através de outras influências até tidas como “espirituais”.

DP: O que, por exemplo?

Out: Um retiro de um ano em silêncio!

DP: Também isso é uma grande armadilha? A mente arma armadilhas, não é isso?

Out: Entendeu? Um exemplo; estou usando isso como um exemplo. Eu não sou ninguém para dizer pra você…

DP: A própria mente está usando isso; isso que é difícil!

Out: Porque dá dor!… Meu! Presta atenção! está tudo ai e ninguém vê!… Você viu como a influência externa do personagem “Morpheus”, com o personagem “Neo”: “Quando você ver um Smith, saia correndo!… Saia correndo!”… Ele olhou para o Morpheus; ele tinha o Morpheus como uma autoridade psicológica e ele acreditou! Saiu correndo!… É o que o pensamento, o intelecto — porque o Morpheus é o intelecto!

DP: Sim!… É brincadeira! A rede do pensamento! (risos ao constatar a entrada dada por outras mulheres)…

Out: O Morpheus é o intelecto!… O intelecto diz para você: saia correndo! Saia correndo pro livro; saia correndo para uma escola mística; saia correndo para um grupo; saia correndo para um site; saia correndo para a prostituição; pro ganhar dinheiro; saia correndo, saia correndo!… Então, você percebe que o Neo, só…

DP: Conseguiu a coisa…

Out: Quando ele chegou num beco sem saída!

DP: E tomou uns tiros, não é?

Out: Quando ele chegou num beco sem saída!…Não tem mais pra onde correr!… Aí, o próprio pensamento vai matar uma ideia ilusória do Neo… Então, o pensamento acaba se suicidando… Porque quando o próprio pensamento, olha o “freguês”, tem uma percepção da sua ilusão, dessa identidade que ele acredita que fica no tempo-espaço…

DP: Estou entendendo!… Ele entra no Eterno, não é?

Out:… E ai não tem mais esforço para as investidas do pensamento! Não precisa mais sair correndo!… Ele começa a ver tudo “fora do tempo”…

DP: Fica devagar, engaçado, não é?

Out: Não tem mais tempo!

DP: Não tem mais tempo! Acaba o tempo!

Out: Então ele consegue “perceber”… Lembra que ele olha assim, até com uma cara meio abobada, assim, a loucura e o desespero do “Smith”, da rede do pensamento… Ai ele vai no centro — na natureza exata — do pensamento, entra lá e destrói por dentro da natureza exata, a rede do pensamento… E ele… Então assim: eu percebo que eu cheguei num momento, que não tem mais para onde correr, tá? Porque é até uma percepção de como todo conhecimento — e eu sei que há um conhecimento aqui —…

DP: Há o que? Há um conhecimento?

Out: Que há, “há” um conhecimento aqui dentro!… Foi lido muito, foi pesquisado muito, não é?… Há uma percepção que não adianta nem mais correr para o conhecimento…

DP: Para o conhecido, não é?

Out: Porque ele é profundamente limitado. Mesmo todo esse conhecimento não está conseguindo deter esse estado de solidão, ao estado de insatisfação, ao estado de crise de identidade, porque há uma, há um espaço entre observador e coisa observada.  Então, está num momento de ficar parado e observar. E o que vai dar? Não sei o que vai dar!… Então, tem hora que vem um medo, que vem uma carga de adrenalina tão grande, assim, vem uma ansiedade, da incerteza do que essa observação total que está ocorrendo, aonde ela pode levar… Que é o que o lado do personagem “Cypher”, lá… “Olha, eu não quero, eu quero que você me faça um cara famoso, com bastante dinheiro e que eu não lembre de mais nada!”…Lembra? Dele conversando com o Smith?… Tem hora que vem aquele sentimento: “Não, não, pera ai! Mas, eu vou me desintegra?… E se eu perder tudo o que eu tenho?… E se eu ficar sozinho?… O que é que vão pensar de mim?… O que é que as pessoas vão dizer?”… Entendeu? Então assim: você fica aqui e fica vendo tudo isso!… Todo ataque dos Smiths… Você lembra que no início, o ataque dos Smith, eram só dois… (a lógica e a razão?)…  

DP: Depois veio um monte!

Out: Lembra disso? Lembra do segundo filme como que era?

DP: Lembro!

Out: Então é assim: tem dia que eu tenho Smith por tudo quanto é lado! tem dia que a rede do pensamento condicionado não dá trégua; fica se transvestindo muito rápido! Não é? Mas, com aquela consciência de que não adianta mais sair correndo…. Senta ai e ! (aquieta-te e sabe!)… Derrete se tiver que derreter!… Observa!… Sente tudo! Sente tudo!

Se eu for conversar com quem não é “iniciado” nisso — nesse processo de observação — eles vão falar que eu sou é…

DP: Paranoico!

Out: Não é paranoia! Como é que fala quando o cara gosta de sofrer?

DP: Auto-depressivo?

Out: Não! Masoquismo!… Esse cara é um louco! Isso é masoquismo!… Não, não é masoquismo!… Você não vê os “Titãs” com aquela música “Não fuja da dor… fugir da dor, é fugir da própria cura”… Meu! Não foge! Não foge do seu processo de “crucificação”… É tudo arquetípico, cara!… Tem caído cada ficha!… Meu! Eu não sei se teve um Jesus crucificado ou não, mas aquilo para mim é um arquétipo, de que você saiu tanto da horizontalidade, que você está com os pés e as mãos presas para não sair correndo e ficar só observando tudo… Se você conseguiu ficar preso, sem fugir, quem sabe, você tenha uma ressurreição ai!

DP: Sem fugir da dor, não é?

Out: Talvez, aquilo que você “pensa ser”, morre, e aquilo que você realmente é…

DP: Nasça!

Out: …Ressurge pelo espírito da observação!…

DP: Que é a observação profunda, não é Nelsão?

Out: Ai, com quem que você vai conversar isso?                          


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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!