Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

08 outubro 2011

Qual a melhor prática para se chegar à libertação?

João: boa tarde!
Nelson: olá!
João: eu só queria te fazer uma pergunta.
Nelson: diga!
João: eu vi aquela palestra que você me mandou sobre as técnicas para se libertar. Para você qual é a melhor prática, para se chegar a libertação??
Nelson: não seguir técnica alguma.
João: mas fazer o que? Nada?
Nelson: por que você acha que temos que fazer algo? Não sei nada de técnicas, o que sei é se fazer uma testemunha, uma testemunha de tudo que acontece em nosso interior, bem como no exterior e como essa relação dessa visão "privisória" que temos de "dentro" e "fora" afeta o nosso estado de ser
João: entendo!
Nelson: observar tudo!
João: pergunto porque eu tenho interesse em entender mais.
Nelson: mas, enteder “mais” do que?... Só precisamos ententeder o modo como funcionamos,
O modo como estamos condicionados a reagir a tudo que se apresenta diante de nós, perceber como nunca agimos de forma direta, como sempre reagimos com base em nossas experiências passadas.
João: sim.
Nelson: essa percepção direta você não vai achar em nenhum técnica.
João: entendo.
Nelson: hoje vou colocar um video novo no you tube sobre isso, sobre a auto-lavagem cerebral.
João: sim. Para você, qual é a nossa natureza real? Como é isso?
Nelson: vou te responder com uma pergunta, ok?
João: sim! Pode!
Nelson: quem é você?
João: sou o que me ensinaram sobre ser um humano e o que eu aprendi de ser uma boa pessoa, tipo uma coletânia de coisas, que eu sei de mim mesmo.
Nelson: tem certeza que você é esse conteúdo? Tem certeza que a sua real natureza é isso?... Esse limitado pacote herdado?
João: não, porque isso eu adquiri.
Nelson: tem certeza de que sua real natureza é o acervo de experiência vividas? Tem certeza de que sua real natureza é o acervo de conhecimento adquirido?
João: claro que não!
Nelson: você é o seu nome? Você é a sua família? Você é a sua nacionalidade? Você é o seu corpo?
João: eu estou dizendo o que eu sou, por isso que sei e passei. Não, claro que não!
Nelson: então, vamos com calma!
João: sim!
Nelson: você acredita que a sua real natureza possa estar em qualquer coisa que você possa ver, que você possa tocar?
João: eu para ser algo, preciso entender, como posso ser algo que eu não sei?
Nelson: calma!
João: sim!
Nelson: temos o "vício" de responder tudo de forma muito rápida; não damos tempo da pergunta reverberar em “nosso interior”.
João: sim!
Nelson: veja, ninguém pode lhe dizer o que é a sua real natureza; você precisa lançar essa pergunta no solo de seu coração e deixar que essa semente, em seu tempo, floresça lhe trazendo como fruto a resposta, a resposta que traz em si uma profunda mutação de todas as células de nosso cérebro, de nosso corpo...
João: é!
Nelson: vivemos identificados com uma "idéia" de quem somos
João: sim!
Nelson: só que a idéia, nunca é o real! É preciso abrir mão de toda idéia, de todo conceito, de todo processo de imaginação e lançar a pergunta, soltar o "verbo" e deixar que esse "verbo"
Habite em nós e faça parte de cada céula nossa...
João: sim!
Nelson: nessa experiência direta de sua real natureza, toda dúvida, toda pergunta cai por terra.
João: entendo.
Nelson: toda necessidade de doações psicológicas de fora, caem por terra.
João: certo!
Nelson: sei que isso, essa frase "sua real natureza"causa — inicialmente — bastante estranheza na mente, a mente que tem a si como sendo a real natureza de nós. Mas, acompanhe, se você pode ver os conteúdos que passam na sua mente, como você pode ser a sua mente? Se você pode ver a qualidade de suas emoções, como você pode ser as suas emoções? Se você pode ver a qualidade dos seus sentimentos, como você pode ser esses sentimentos? Você é a mente, a emoção, os sentimentos? Ou você é essa consciência que se torna consciente de tudo isso? Está acompanhando?
João: sim.
Nelson: qem é que se torna consciente de sua consciência?... Essa é outra boa pergunta!
João: é!
Nelson: será que existe isso que chamamos de "minha" consciência?... Ou será que "só existe consciência"?
João: isso eu já li um pouco.
Nelson: por favor, esqueça "momentaneamente", só por agora, tudo o que leu.
João: sim!
Nelson: será possível ver, ver sem o conteúdo do passado? Será possível ver diretamente
Sem o acervo, sem as experiências, sem o conteúdo livresco?
João: sim! Pode ver, ser...
Nelson: então, largando momentaneamente tudo, largando tudo só por agora, lhe pergunto: quem é você?
João: ai eu não sou nada...
Nelson: e porque você precisa ser algo?
João: isso é interessante!
Nelson: onde você aprendeu que precisa ser algo?... Onde você ouviu a pergunta “o que você vai ser quando crescer?”... Percebe como fomos programados?
João: sim!... O eu não existe!
Nelson: creio que essa resposta, creio que não é sua, mas sim, de livros. Isso não nos ajuda em nada aqui.
João: sim!
Nelson: colocações cerebrais não nos dão a resposta para a pergunta que lhe fiz: quem é você?... Não tenha pressa! A resposta não é para mim. A resposta é para sua consciência. Sua resposta de nada me serve, só pode servir para você, isso se for uma resposta direta, verdadeira, original, da fonte. Como sempre digo, “bafo de boca não cozinha ovo”... Essa resposta não pode ser cerebral. Ela não é resultado de especulação mental, ela precisa brotar, brotar em seu interior, no mais fundo de seu ser, essa pergunta é uma grande pergunta que não é levada a sério.
João: por isso é testemunhar!
Nelson: e em sua resposta, está a resposta que encerra todas as respostas, que põe fim a todas as perguntas, ou melhor, põe fim ao "perguntador"...
João: mente é especulação!
Nelson: os nomes aqui não nos dizem nada, a palavra aqui não nos diz nada, estamos cheios de palavras em nosso interior, palavras de terceiros e palavras nossas, palavras ao vento,
Palavras que não fecundam, que não libertam. Cessar as perguntas, as palavras, testemunhar a resposta, ve-la brotar, sentir ela brotar... E tomar tudo!
João: sim! E como foi isso para você? Vi que você era católico... O que aconteceu, o que mudou?
Nelson: essa curiosidade é natural! Mas, não lhe ajuda a encontrar a resposta da pergunta que lhe fiz: quem é você?... Isso é o importante aqui! Se você está com fome, de que adianta eu lhe falar do sabor da fruta? Percebe? Não me interprete mal, por favor, não estou fugindo de sua pergunta! Mas estou fugindo de lhe dar uma resposta a mais que em nada pode lhe ajudar. Que só pode servir para ser mais um referencial limitador.
João: sim! Mais vale provar ela. Que ussasse isso como uma ajuda... Entendo! Eu queria saber se sente algo, ou o que muda, entende? Se você tem experiência com isso, porque já viveu isso.
Nelson: isso você precisa saber por você mesmo! Isso é o mesmo que me perguntar qual é a sensação de dirigir uma ferrari...
João: sim, entendo!
Nelson: você precisa dirigir por você, não se contente com descrições. Por mais belas que sejam.
João: isso é tentar fazer uma fórmula, de como é isso, dai entram as religiões... Tipo faz essa prática, porque assim você consegue.
Nelson: a foto de um copo d'água não mata sua sede! Eu já lhe dei uma chave: fique com a pergunta “quem é você?” Se você for sério, através da observação, do testemunhar, percebendo o falso, aquilo que você não é, uma hora, num deterrminado instante, você se deparara com o verdadeiro, com sua real natureza. Mas, ,não somos sérios o suficiente! Nos perdemos, nos distraímos num mar de perguntas, nos distraimos com curiosidades infantis... Quando crianças perguntavamos se “papai noel existe”, agora, adultos, perguntamos “se a iluminação existe”, se “a realização existe”, ou então, "como foi para você"... Percebe a nossa insanidade nisso?
João: entendo!
Nelson: quando criança, nos distraíamos com revistas e figuras em nosso quarto ou banheiro. Isso termina (para alguns) quando temos a experiência direta de um contato real sexual, e agora, quando adultos, nos distraímos com livros de auto-ajuda, filosofia, espiritualidade, com as imagens que fazemos disso.
João: sim!
Nelson: é preciso estar cansado desse processo de criar perguntas que não buscam pela real resposta, é preciso estar cansado desse processo de viver de imagens, idéias e conceitos, todos de segunda mão.
João: sim! Valeu pelas dicas! Estou entendendo mais!
Nelson: certo! Lembre-se: fique com a pergunta, com a sua pergunta e deixe “isso” se mostrar! Vou nessa! Um abraço!
João: outro!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!