Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

04 outubro 2011

Qual é o melhor sistema de meditação?

Pensador, upload feito originalmente por NJRO.

João diz: bom dia!
Nelson diz: bom dia! Seja bem-vindo!
João diz: oi! Ah! valeu! Você também!
Nelson diz: obrigado!
João diz: legal o que você escreveu sobre os macacos.
Nelson diz: ahaha... Somos macacos de terno!
João diz: é, de alguma maneira podemos ter parentescos, eu acho, que só com palavras não adianta mesmo. Bom e sempre oferecer uma banana junto.
Nelson diz: as palavras nos limitam.
João diz: Nelson...
Nelson diz: diga, João.
João diz: um amigo seu me passou seu msn. Ele disse que você poderia me ajudar; o nome dele é Marcos. Disse conhecer... Aqui estou!
Nelson diz: sim, estava com ele este final de semana.
João diz: legal!
Nelson diz: eu não sei se posso lhe ajudar, mas acho que podemos nos ajudar: nos ajudar a não mais precisar de ajuda, no que diz respeito ao campo psicológico.
João diz: é, entendo.
Nelson diz: pois fale homem! Que vento ou ventanias lhe trazem? Espero que sejam grandes tormentas, grandes tempestades... Tempestades que derrubem tudo que é velho.
João diz: não sei... Conheci vocês e não sei como vocês fazem; achei legal o site do Marcos, queria saber mais.
Nelson diz: mais sobre o que?
João diz: como vocês vêem as coisas... Ele disse que você poderia me ajudar. Eu fiz algumas perguntas para ele, mas ele disse que eu tenho que saber mais, para fazer perguntas... Daí não entendi muito... Eu li no site, falam de uma verdade... Me parece na hora que ela vem de uma meditação, outra hora, que vem de um conhecimento, daí não entendo muito. Perguntei a ele, o que seria isso: um conhecimento ou meditação?
Nelson diz: podemos dizer que isso que falamos são os dois e também podemos dizer que não é nada dos dois no modo como estas duas palavras são conhecidas no meio comum. Vem através de um "conhecimento" direto, que brota naturalmente em você, mas, sem a sua participação, você não tem controle sobre isso. Isso vem e vai, quando em estado de meditação. Que é a meditação da observação.
João diz: sobre o que?
Nelson diz: do que ocorre, em nosso interior, bem como no exterior, no fim, essa mesma meditação nos leva a perceber que não há essa coisa de interior e exterior.
João diz: entendo! Eu estava lendo sobre a não dualidade... Isso é difícil, porque se trata de experiencia, não é? Pode ser diferente, do modo de vista de qualquer pessoa. Então, se tratando disso, já fica confuso, apesar que fica simples para cada pessoa em si. Por não tomar opinião, ou experiência de outros, por isso que palavras não explicam.
Nelson diz: veja, isso hoje para mim é bem simples.
João diz: é.
Nelson diz: só o fato de sentirmos o impulso, a necessidade de ler sobre a dualidade, sobre o que o outro diz a respeito da dualidade, já apresenta a dualidade existente em mim. O lance é sempre "aqui dentro do freguês"... Somos muito voltados para o externo, isso é natural. Foi assim que fomos amestrados. Não poderíamos agir diferente. Nos amestraram para vermos o mundo de forma dual: fora e dentro... Eu e você... Nós e eles... Minha família sua família... Perceber isso?
João diz: sim. Entendo
Nelson diz: fazer essa leitura em nós e não em outro local qualquer... Perceber isso em nós. Perceber com todas as células de nosso corpo, ver isso 100%, é o fim da dualidade, é o fim da separação. Por mais bela que seja a palavra, se isso não é visto aqui, acaba só em mais um conhecimento, que não é meditação, que não produz mutação, que não produz transformação... Somos muito rápidos em buscar fora... Aprendemos isso ainda quando bebes... Quando chorávamos, nos davam a chupeta, o peito da mãe e aprendemos assim, a sempre buscar fora quando sentimos dor.
João diz: isso pode se utilizar, então em qualquer sistema, dependendo da pessoa. Para você, qual é o melhor sistema de meditação?
Nelson diz: o melhor sistema é não buscar por sistema algum, é ficar no Aberto, no aberto estado de testemunha, testemunha que só observa, sem dar veredito, sem fazer julgamento daquilo que observa, em si.
João diz: entendo.
Nelson diz: fomos adestrados, moldados a buscar por sistemas... Veja, veja esta expressão, que você conhece desde criança: sistema de ensino público.
João diz: sim.
Nelson diz: temos nossa mente sistematizada...
João diz: entendo.
Nelson diz: é preciso se ver livre dessa necessidade de sistemas. Isso através da meditação, que é algo simples, muito simples, algo que pode ser praticado em qualquer lugar, há qualquer momento, em qualquer situação, em qualquer atividade. Essa meditação é só um estado de atenção, aqui e agora, neste instante, a tudo que ocorre com você e em volta de você.
João diz: entendo. Avaliar eu mesmo.
Nelson diz: não uso a palavra "avaliar", ela carrega julgamento.
João diz: entendo.
Nelson diz: é só um testemunhar.
João diz: E como você disse, os livros deles te ajudam um pouco para poder fazer isso, pelas experiencias que eles tiveram com este estado de vigilha
Nelson diz: olha só, não descarto a importância dos livros, acompanhe... Os livros, são como as muletas para alguém que tenha sofrido um acidente de percurso, elas se fazem necessárias nesse momento. Mas, no momento certo, precisam ser deixadas de lado se queremos pisar firme. Mas, se você fica com as muletas por tempo demais, os músculos atrofiam, a ponto de causar sua estaganação.
João diz: Entendo.
Nelson diz: O mesmo ocorre sobre a meditação nesse testemunhar sobre nós. Quanto antes aprendemos a ler o livro que somos, mais cedo podemos ser encontrados pelo seu real autor. Isso é autoconhecimento, isso é revelação, isso é despertar, isso é o estado de não-dualidade, isso é sanidade.
João diz: Sim.
Nelson diz: Isso só pode ser conseguido dentro de cada um.
João diz: Conhecer a mim mesmo. Meditação você diz é para para "pensar antes de tomar decisão".
Nelson diz: Conhecer através de experiência direta a falsidade disso que chamamos "mim mesmo". Veja... Vamos devagar aqui nisto que estamos falando. Aqui, o pensamento sempre estará em segundo plano... Fomos adestrados para dar muita importância ao processo do pensar, por favor, acompanhe, mas, nunca fomos incentivados ao processo de meditar. A meditação traz consigo algo que supera o processo dual, conflitivo do pensar... Vamos com calma, acompanhe. Na meditação, ocorre “algo” maior que o pensar, que o sentir, que vai além das emoções, sentimentos e pensamentos. Esse “algo” aqui traz uma ação direta não dual, não fragmentada, que não cria divisão, conflito, arrependimento, culpa. Vamos usar aqui a limitada palavra “intuir”; há uma percepção direta da ação correta, ação que não é reação, que é algo sempre baseado no acervo de conhecimento, de experiência, de memórias. Quando agimos pelo pensamento, sempre temos "reações", ou seja, ações baseadas no passado, no velho e há ação de tempo aqui, não é algo direto, algo que liberta, que não instala conflito. Algo real, verdadeiro, se encontra nesta percepção direta, que é fruto dessa meditação, que é um estado de testemunhar... Testemunhar sem a influência do arquivo de memórias, de conhecimentos. Quando agimos pelo pensamento, sempre há espaço para a dúvida, para o arrependimento, para o ir e vir, para a contração, para a instalação do conflito. Quando agimos pelo pensamento, sempre há espaço para a manifestação da incerteza. Pela meditação, que traz consigo esse intuir, não há espaço para o conflito, fica só o que é e, o que é, é o que é.
João diz: Entendo.
Nelson diz: Compliquei?
João diz: Não. Entendo! Não aquilo formado, mas o que somos na real, é isso. Não o que pensamos, mas o que é.
Nelson diz: O pensamento é sempre passado morto, ele não tem vida em si, o que tem vida em si está no agora, neste instante e, neste instante, não há dualidade. A dualidade só ocorre quando entra o tempo, esse tempo que vem dessa “ponte do passado futuro”... É aí que surge a dualidade. A não dualidade é a ausência desse estado comum, em que todos vivem, de viver viajando no tempo, nessa viagem maluca entre passado e futuro, viagem esta que nos rouba a experiencia direta do agora, do agora que é vida, vida livre de conflitos, livre de todas as perguntas, de todas as buscas, de toda caça de doações psicológicas de fora. Você, em sua real natureza, não precisa de nada, nada que não esteja ai, em você. Nesse estado de consciência, que é você, nesse instante, sem a carga do passado, sem a carga das imaginações sobre o amanhã. Isso precisa ser visto diretamente, por si mesmo e não através da experiência de terceiros.
João diz: Entendo.
Nelson diz: Isso precisa ser “vivenciado” diretamente por você.
João diz: Sim.
Nelson diz: Esse ver diretamente, por você, é meditação, é o real conhecimento, que não pode ser transferido por ninguém, por nenhum mestre, por nenhum Buda, por nenhum Cristo, por nenhum nome porque isso vem direto do “sem nome”, no qual você vive, no qual você é, agora, neste instante, nisso que você é. Os nomes não interessam.
João diz: Você diz que podemos viver assim "sempre"?
Nelson diz: Veja, acompanhe isso... Nossa mente, está sempre em busca de segurança, querendo certezas, queremos setas onde possa se agarrar, pistas, mas, isto do que tratamos é um território sem mapa, onde só há uma bússola: seu coração. Perceba isto: de que adianta a afirmação dada por terceiros se esse estado é ou não "sempre" assim? Vê? Quando usamos a palavra “sempre”, já introduzimos o tempo psicológico, já fugimos do agora, do agora que é você.
João diz: Entendo. O eu real sem dualidade, do passado e futuro... Sem especular.
Nelson diz: Isso, só testemunhar de modo simples.
João diz: Sim.
Nelson diz: Olha só...
João diz: Sim.
Nelson diz: Gostei muito desta conversa, foi muito nutritiva,
João diz: Para mim foi ótima.
Nelson diz: Vou transformá-la em texto, se você me permitir.
João diz: Eu não sei de nada! Claro!
Nelson diz: Estas trocas podem ser nutritivas para outros.
João diz: Sim.
Nelson diz: Tenha sempre em mente: tudo é muito simples e tudo que você precisa, já está ai, com você, agora, neste instante e não está no limite da mente, mas sim, na esfera abrangente e ilimitada de seu coração.
João diz: Entendo.
Nelson diz: Tenho que sair agora.
João diz: Sim.
Nelson diz: Um fraterabraço.
João diz: Valeu pela ajuda! O mesmo!
Nelson diz: Nos falamos noutro momento. Olha só, aqui, não existe essa coisa de ajuda, existe só uma “troca de figurinhas”, sem colar. Não colamos porque, a verdade não é fixa, essa é a sua beleza.
João diz: Entendo.
Nelson diz: Um fraterabraço e um chute cósmico na sua canela!
João diz: Kk, Valeu!
Nelson diz: Fui!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!