Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

19 maio 2011

DESCONSTRUÇÃO


DESCONSTRUÇÃO

Nasceu na contramão dos que seguem o tráfego
De modo acelerado, inconsciente e trágico
Num país de tantos filhos parece um dos únicos
Em busca do intocado imensurado vivido

Fugiu da educação que nos transforma em máquinas
Ergueu um patamar de consciência sólida
Com livros e mais livros de conteúdo raro
Seus olhos se limparam de toda crença páfia

Sentou pra meditar no que lhe foi passado
E em tudo que engoliu como fosse sacro
Fragmentando a mente em mais de mil pedaços
E abandonou de vez essa cultura estúpida
Pregada pela mídia e o jornal diário.

E desertou da fé, um dia partidário
Deixando-a no chão de modo tão hilário
E desprezou a fé da aceitação do público
Vivendo a contramão, denunciando o falso.

Viveu cada minuto como fosse último
Observou a mente como fosse única
O pensamento seu sem achá-lo impróprio
E superou a si com novo passo sóbrio
Viveu desconstrução como se fosse fácil
Se ergueu na solidão de paredes mágicas
Letra por letra de um pensamento lógico
Os olhos desembotados em argumento válido
Sentou pra descansar como se fosse livre
Viveu a rebeldia como fosse o máximo
Sofreu e soluçou pelos homens máquinas
Escreveu e questionou como se fossem próximos
E se afastou daqueles feitos múmias
Revigorou o ar como de modo único
Jogou tudo ao chão feito um saco de lixo
Regozijou em meio do sistema náufrago
Viveu na contramão conscientizando o público

Olhou a sordidez de quem é feito máquina
Iludindo a mulher como se fosse a plástica
Erguer o patamar de sua alma flácida
Sentou pra protestar como se fosse tácito
E desconjurou o ar como se fosse um príncipe
Viveu a solidão feito um homem livre
Viveu na contramão atrapalhando o público

Pelo poder de não crer, pela razão existir
Pela ilusão desfazer ao na verdade investir,
Pelo novo modo de olhar que dá vida ao existir,
Somos gratos

Pelo estado de graça de se viver sem mentir
Pelo desgarrar da fé, por não ter mais que engolir
Pelo sistema indecente não mais poder nos trair,
Somos gratos

Pela mulher companheira, fiel em seu dividir
Pelo amigo sincero na busca pelo intuir
E pela paz verdadeira que enfim vai nos redimir,
Somos gratos

Nelson Jonas Ramos de Oliveira

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!