Pela manhã, ao abrir minha caixa de e-mails, deparei-me com uma mensagem enviada por uma leitora do blog Histórias para Cuidar do Ser. Sua mensagem trazia as seguintes palavras:
"Para tão profundos temas, e tão relevantes posicionamentos, sinto falta de posts mais atuais. Quero aprender com você, amigo".
De imediato, pude perceber o pensamento, em forma de vaidade, querendo se instalar, mas, como atento estava, não houve identificação alguma com o mesmo. Então, o ligeiro pensamento, - sempre tentando criar conflito -, começou a sussurrar que eu "deveria" me preocupar em escrever todos os dias para não correr o risco de voltar a ser um prisioneiro nas coloridas, espaçosas e ilusórias grades da inconsciência. A observação fez com que estes também seguissem seu rumo, morrendo de morte natural.
Como a manhã iniciou-se com uma gélida garoa fina e agora apresenta um sol esplendoroso, tratei logo de puxar uma das cadeiras da loja para sentar-me ao pé da já não tão pequena pitangueira. Olhando entre seus galhos e folhas, ao contrário de tempos idos, encontrei apenas três pequeninos rebentos ainda bem verdinhos. De imediato, veio-me a lembrança de uma rápida conversa que tive ontem a noite com Deca, enquanto lhe ensinava as primeiras aulas de Photoshop: uma perfeita correlação entre meu momento atual e os poucos rebentos da Pitangueira...
Sinto como nunca que tanto ela como eu, em essência, nada somos diferentes. Vivemos no mesmo espaço tempo e somos frutos da criação. Temos cada um seu próprio tempo de crescimento, poda, maturação e frutificação. Ambos temos um tempo particular de repouso e assimilação e creio que, sem estes, não haveria a possibilidade da manifestação de frutos energizados...
Creio que meu momento presente, traduz-se em tempo de poda e assimilação. Pela primeira vez desde o inicio de minha vida adulta vivo um pacifico outono interior... Como a Pitangueira, observo silenciosamente minhas "folhas mortas" caindo ao chão sem o mínimo esforço de minha parte. E, mesmo em meu momento outonal, assim como a Pitangueira, aqui e acolá, surgem pequeninos e espontâneos rebentos em forma de letrinhas. Se são ou não saborosos e suculentos, não cabe à mim a resposta. Assim como a Pitangueira, só me cabe silenciosamente ser, então, que assim seja!
Agora, a manhã já chegou a seu fim e os raios solares perderam-se por detrás das pesadas nuvens cinzentas que chegam da direção da serra, as quais prenunciam chuva para o fim da tarde.
FRUTIFICAR (para pessoas sensíveis)