Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

04 junho 2008

Outonos do ser

Pela manhã, ao abrir minha caixa de e-mails, deparei-me com uma mensagem enviada por uma leitora do blog Histórias para Cuidar do Ser. Sua mensagem trazia as seguintes palavras:

"Para tão profundos temas, e tão relevantes posicionamentos, sinto falta de posts mais atuais. Quero aprender com você, amigo".

De imediato, pude perceber o pensamento, em forma de vaidade, querendo se instalar, mas, como atento estava, não houve identificação alguma com o mesmo. Então, o ligeiro pensamento, - sempre tentando criar conflito -, começou a sussurrar que eu "deveria" me preocupar em escrever todos os dias para não correr o risco de voltar a ser um prisioneiro nas coloridas, espaçosas e ilusórias grades da inconsciência. A observação fez com que estes também seguissem seu rumo, morrendo de morte natural.

Como a manhã iniciou-se com uma gélida garoa fina e agora apresenta um sol esplendoroso, tratei logo de puxar uma das cadeiras da loja para sentar-me ao pé da já não tão pequena pitangueira. Olhando entre seus galhos e folhas, ao contrário de tempos idos, encontrei apenas três pequeninos rebentos ainda bem verdinhos. De imediato, veio-me a lembrança de uma rápida conversa que tive ontem a noite com Deca, enquanto lhe ensinava as primeiras aulas de Photoshop: uma perfeita correlação entre meu momento atual e os poucos rebentos da Pitangueira...

Sinto como nunca que tanto ela como eu, em essência, nada somos diferentes. Vivemos no mesmo espaço tempo e somos frutos da criação. Temos cada um seu próprio tempo de crescimento, poda, maturação e frutificação. Ambos temos um tempo particular de repouso e assimilação e creio que, sem estes, não haveria a possibilidade da manifestação de frutos energizados...

Creio que meu momento presente, traduz-se em tempo de poda e assimilação. Pela primeira vez desde o inicio de minha vida adulta vivo um pacifico outono interior... Como a Pitangueira, observo silenciosamente minhas "folhas mortas" caindo ao chão sem o mínimo esforço de minha parte. E, mesmo em meu momento outonal, assim como a Pitangueira, aqui e acolá, surgem pequeninos e espontâneos rebentos em forma de letrinhas. Se são ou não saborosos e suculentos, não cabe à mim a resposta. Assim como a Pitangueira, só me cabe silenciosamente ser, então, que assim seja!

Agora, a manhã já chegou a seu fim e os raios solares perderam-se por detrás das pesadas nuvens cinzentas que chegam da direção da serra, as quais prenunciam chuva para o fim da tarde.



FRUTIFICAR (para pessoas sensíveis)

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!