Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

18 junho 2008

Fotografias

Ontem, tarde da noite, enquanto Deca descansava no sofá, com nosso cachorro Krish deitado bem ao lado de seus chinelos, eu separava antigas fotos minhas para anexá-las num álbum on-line. Entre elas, deparei-me com várias cenas de momentos infantis, as quais me reportaram para uma viagem de pensamentos, sentimentos e questionamentos.

Em cada criança fotografada, uma expressão perdida para muitos: a inocência, a vontade de superar obstáculos, a espontaneidade, a alegria nas coisas simples da vida, a descontração, a leveza do ser, a naturalidade, a capacidade de, enquanto acordado, sonhar "coloridos sonhos"... O contato com a natureza, com a mãe terra... O estado de "maravilhamento", o desejo de lançar-se ao desconhecido, a diversão na simplicidade... O sorriso descontraído, a alegria de ser livre para alcançar as alturas... A liberdade das garras do tempo, a capacidade de viver com toda intensidade o presente momento, o aqui e o agora... Para a criança, não existe o ontem e nem o amanhã, só a intensidade do agora...

Havia também outras fotos de adultos, - nas quais me incluo -, que traziam consigo um pesado contraste diante das fotos dos infantes... O olhar perdido no tempo... O olhar da tristeza pela falta de direção... O olhar da busca de sentido para uma vida sem sentido devido a perda da capacidade de sentir... O período em que meu corpo se mostrava fragilizado pelo que hoje chamo de a minha "abençoada depressão iniciática"... Além de vários registros de longos períodos e viagens pelo país a fora em busca de respostas para o ser que sou.

Fiquei me questionando do por que ao longo dos anos, despercebidamente trocamos a alegria dos diálogos com nossos "Heróis imaginários", pelo monólogo estressado e aflito de nosso algoz mental? Por que trocamos a capacidade de cantar por todos os cantos, pela incapacitante mania de resmungar solitariamente por tudo e por todos pelas calçadas ou pelos espaços vazios da casa? Por que trocamos o arrebatamento e as cartinhas de amor, por casamentos de fachada e interesses egocêntricos, repletos de controle, ciúme e solidão a dois? Por que trocamos os carinhosos momentos de mãos dadas pelas calçadas, o hall's de cereja depois da pipoca do cinema, pela distancia da novela da televisão da sala e os maçantes comentários futebolísticos na televisão do quarto? Por que trocamos a alegria de se aventurar no desconhecido, de lançar vôos cada vez mais altos e respirar novos ares, pela tristeza e o mofo dessas pútridas zonas de conforto?

E revendo atentamente as fotos dos adultos, deparei-me com inúmeros sorrisos forçados e raríssimos dotados de espontaneidade... Apenas negativos revelados que não revelam o negativo"...



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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!