Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

24 setembro 2007

Manhãs de segunda-feira

As manhãs das segundas-feiras tornam-se extremamente pesadas e um tanto nubladas quando não existe paixão pelo que se faz. Não importa a intensidade dos raios solares, quando não existe a paixão, o enamoramento, a expressão de vida pessoal, única e intransferível, as manhãs das segundas-feiras são sempre nebulosas. Elas trazem consigo o sentimento de desajustamento que torna os movimentos pesados e destituídos de graça. Não há como se dançar a canção da vida quando se tem os movimentos atados, não há como haver leveza, beleza e graça.

São nas manhãs de segunda-feira que esse atordoante sentimento de inquietude e incompletude se faz mais acentuado, uma vez distante de toda forma de atividade de distração e divertimento, podemos sentir com profundidade o sentimento em ação que nos torna conscientes de estarmos paralisados no tempo-espaço.

Dizem até alguns conformistas que "devemos" nos apaixonar por aquilo que temos diante de nós, por aquilo que temos ao nosso alcance. No entanto, como se conformar com as quirelas de um incomodo e escuro galinheiro, quando no mais fundo de nosso intimo, um sentimento abafado clama pelas alturas e a luz solar? São nas manhãs de segunda-feira que este sentimento abafado no peito torna-se quase que um grito desesperador.

Como já expresso no dito popular, "a quem mais é dado, mais lhe é cobrado". Creio que o sofrimento do homem é proporcional a sua capacidade de visão, uma vez que o homem vê a vida a partir da consciência adquirida. Uma vez consciente de uma realidade que transcende tempo-espaço, impossível de ser descrita pela limitação das palavras, como se contentar com as flores de plástico, o ar condicionado, as luzes fluorescentes, quando a consciência clama pela natureza, o ar puro e a luz solar?

Como expressar a vida em ambientes moribundos repletos de mortos-vivos?

Como se contentar com atividades de galinhas quando se sabe ter alma de águia?

Como se libertar da míope visão de galinha e potencializar o olhar quilométrico da águia que habita em nós?

São nas manhãs de segunda-feira que as galinhas se reencontram apertadas nos coletivos, nos monitorados galinheiros com suas redes binárias de virtualidade, ansiosamente contando os minutos e segundos para, estressadas, voltarem para seus galinheiros suadamente alugados ou pagos com longos meses financiados.

Bem-aventuradas as águias que despertaram do sono da identificação de serem galinhas, pois é delas a graça, a beleza e a liberdade dos vôos nas alturas...

E assim, de segunda em segunda, nós ainda galinhas, literalmente enchemos nossos sacos à custa do esvaziar de nossas almas!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!