Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

11 fevereiro 2014

O que você percebe sobre SI mesmo?

"Liberta o si por meio do SI". 
Bhagavad Gita, Cap. VI, 5  

"A realização espiritual pode ser obtida em qualquer plano por contato com o Divino, ou pela percepção do SI interno, que é puro e intocável pelos movimentos exteriores. A Supramente é algo transcendente — uma Consciência-verdade dinâmica que ainda não está aí, algo a ser trazido de cima".
Sri Aurobindo - A consciência que vê 

 X: E aí Out: você e a Deca estão legais?

Out: e ai X? Por aqui, tudo bem!

X: legal...

Out: e você? Como vai essa mente?

X: cara, estou bem tranquilo; estou num estado ao qual nunca estive.

Out: fale mais sobre isso.

X: como se eu estivesse num estado de atenção impressionante a tudo que me acontece fora e dentro; minha intuição está impressionante, estou antecipando tudo e vendo tudo. Há uma segurança interior como nunca tive antes, nada está me abalando mais, absolutamente nada! Olho e vejo as ilusões que eu mesmo quero criar pra mim mesmo e não entro mais em nenhuma. Estou vendo claramente as ilusões, como se tudo fosse uma tela mental. A voz do silêncio está aumentando na minha cabeça; tem hora que me parece que vou adentrando em outras realidades dentro de mim mesmo...

Out: fisicamente, quais as ocorrências?

X: não sinto nada; uma solidão incomum.

Out: fale sobre essa solidão.

X: uma vontade de ficar muito comigo mesmo, sem a necessidade de falar com ninguém. Algo muito estranho, onde tenho percepções que nem consigo transmitir; uma expansão que assusta. Cada vez quero mais ficar no silêncio; o silêncio me chama. Cada vez que entro no silêncio, tenho novas percepções. Vejo como são inúteis as palavras. Sinto a vibração de tudo ao qual me concentro, como se todo quebra-cabeça da criação faz parte de algo maior: está tudo certo! Tudo faz parte do quebra-cabeça: só existe a harmonia; está tudo na harmonia; está tudo absolutamente certo; um sincronismo impressionante, onde tudo se encaixa.

Out: Considerando que até poucos dias atrás você se encontrava bastante deprimido, não poderia ser isso um pico de "euforia"?

X: pode ser... Mas, estou muito tranquilo!

Out: bem, isso que importa. Mas diga-me: e suas manias e tendências? Como andam?

X: estou até assustado! Estão tão frias que acho que sou outra pessoa. Está acontecendo algo dentro de mim. O mais interessante é que o isolamento está sendo algo natural; isso está vindo muito forte: um isolamento consciente; um deixar ir de tudo e de todos.

Out: e o que você vê de bom nisso?

X: sinceramente? Não sei! Mas tem algo dentro de mim que me chama pra isso.

Out: sua expansão não lhe apresenta isso?

X: não, não! É algo que não controlo e nem sei o por que.

Out: bem, você também não controlava muitas tendências maníacas do ego; até que ponto isso não pode ser o ego entrando pela porta dos fundos?... Uma expansão que não lhe aproxima do humano... Uma expansão que não lhe chama para o mundo, não lhe soa um tanto estranho?

X: não sei lhe falar agora; preciso me aprofundar mais nessa questão; vou refletir!

Out: tenha cuidado: o ego se transveste. Se paz sem voz, não é paz, é medo, expansão sem comunhão...

X: vou observar cuidadosamente...

Out: ótimo! Nessa sua vivência do momento, o que você poderia passar ao próximo?

X: que cada movimento da vida, cada palavra, que cada situação são momentos que a vida está lhe apresentando para você cada vez mais olhar para dentro de você e perceber como a vida está conspirando há todo momento a seu favor e que tudo na vida está certo!

Out: não desmerecendo sua fala, mas, você não acha que isso já vem sendo bombardeado em todo livrinho de auto-ajuda e nas curtas frases do facebook?

X: acho até que sim, mas, nesse exato momento estou vendo isso na minha vida prática muito vivo; estou percebendo isso praticamente e não teoricamente e isso é muito importante na minha visão.

Out: desculpe-me por questioná-lo assim, mas, como seu amigo, penso que devo fazê-lo, uma vez que, POR EXPERIÊNCIA PRÓPRIA, sei dos enredos do ego com suas múltiplas formas de AUTO-ILUSÃO ou de “polliânico escapismo nuvem cor de rosa" (não afirmo que seja seu caso). Até poucos dias você estava bastante confuso e deprimido; considerando que o ego vive da bipolaridade maníaca depressiva, há que se questionar mesmo a realidade do que estamos vivendo, afinal, está cheio de gente confusa dizendo que é “só love”, “só amor” e que “tudo está certo!” Fique atento!

X: não posso falar por terceiros; só posso falar de algo que nas minha observações estou percebendo; estou num estudo profundo de mim mesmo; não posso fechar em verdades absolutas. Nesse exato momento, minha percepção me chama pra isso.

Out: nesse profundo estudo de si mesmo, o que percebeu SOBRE SI MESMO?

X: nesse exato momento, um encaixe do quebra-cabeça: que tudo realmente conspira a seu favor e, se você souber ler nas entrelinhas, até mesmo a depressão...

Out: vou perguntar novamente pois sinto que você não respondeu a pergunta: o que percebeu SOBRE SI MESMO?

X: um relaxamento natural do processo vida. Percebi isso! Percebi que tenho que soltar tudo! Absolutamente tudo! O esforço intelectual não adianta. Preciso soltar naturalmente tudo!

Out: o que percebeu SOBRE SI MESMO?

X: o esvaziar, o soltar, esquece o intelecto...

Out: isso mesmo, deixe o intelecto de lado e me responde: o que percebeu SOBRE SI MESMO?

X: aí que está: não existe resposta!

Out: ok!

X: a própria resposta é do ego! Só existe o esvaziamento.

Out: No início de nossa conversa você apresentou um monte de palavra bonita; escreveu pra cacete, de modo disparado, mas, quando pergunto sobre “você”, você se mostra evasivo e me dá uma resposta que me soa bem intelectual: "a própria resposta é do ego".

X: as palavras são muito complicadas e dão interpretações difusas.

Out: ok!

X: vou tentar expor de uma outra maneira...

Out: antes, olhe bem para a pergunta: o que percebeu SOBRE SI MESMO?

X: não existe percepção sobre si mesmo nesse estado.......... ponto! Porque o si mesmo não existe......... ponto!

Out: Ok! Fechamos por aqui!

X: ok!

Out: um abraço, confrade!
X: abraço!


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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!