Out: Oi, leu a conversa que tiver com o IG?
Deca: sim, show de bola!
Out: gostei demais da conversa.
Deca: ficou demais mesmo; ele é muito engraçado; sincero.
Out: ele é muito cômico.
Deca: sim.
Out: eu estava aqui em silêncio observando a profunda ansiedade que bateu sem motivo.
Deca: e?
Out: Estava notando que ela sempre esteve aqui, desde menininho.
Deca: sim, aqui também, desde que me conheço por gente.
Out: só que a mente tenta adequá-la a algo que não seja a própria mente; ela direciona a ansiedade para algo, para alguém, para alguma situação externa.
Deca: como se tivesse uma causa externa.
Out: sim. É assim que ele se garante.
Deca: sim, a mente tem que se preservar.
Out: e nos mantém num constante estado de fuga.
Deca: sempre procurando causas externas; sempre tentando achar pelo em ovo.
Out: buscando por uma “novocaína”, a xilocaína do novo...
Deca: que de novo não tem nada, pois vem do pensamento.
Out: um novo texto, um novo e-mail, um novo site, um novo blog, uma nova comida, uma nova transada, uma nova camisa, uma nova bota, um novo carro, um novo emprego, um novo cliente, uma nova viagem; sempre algo novo para tentar a placar o “novo velho sentimento”.
Deca: e todas essas coisas nunca podem ser novas, porque são ele mesmo, são as várias vestimentas do pensamento.
Out: as coisas podem ser novas e muitas delas, de fato são, mas, o que move a busca é sempre o velho motivo: a fuga da percepção de si mesmo.
Deca: nosso velho conhecido, que torna velha todas as coisas novas, em questão de segundos.
Out: Sim! Tendo como resultado o velho resultado: a continuidade desse sentimento de ansiedade. E a cada hora ele dispara a identificação ilusória para esse sentimento na direção de algo diferente; uma hora a causa é isso, outra é aquilo, noutra é aquilo outro... Depois é isso novamente e assim retoma o ciclo compulsivo, o triângulo da obsessão.
Deca: sim.
Out: e, quase sempre, olhamos para isso e não para aquilo que aponta para isso. Estou louco? Estou vendo coisas?
Deca: porque a intenção dele é justamente nos dispersar, para não olhar para o que é.
Out: faz sentido?
Deca: esses momentos de observação, são de grande ameaça para o pensamento.
Out: é como um delegado incendiário buscando no local do incêndio um agente externo como sendo o incendiário; a cada momento ele cria uma ideia fixa como sendo a causa da ansiedade. Sua malandragem está em criar a ilusão de que ele — o pensamento —é separado da ansiedade que observa.
Deca: a cada segundo surge um suspeito.
Out: como se ele não fosse a ansiedade.
Deca: sim
Out: Desse modo, antes desse paradigma, éramos hipnotizados pelo enredo dessa ilusão. Agora, está sendo facultada a capacidade de percepção desse movimento do pensamento, na qual ele se transveste, se disfarça feito um camaleão e, assim, acaba passando despercebido. É muito louco ver tudo isso. Fico aqui pensando: como conseguir transmitir isso aos demais que nem sequer sonham com essa realidade? E que, por causa dessa inconsciência, estão por ai se fragmentando e fragmentando os demais que também, de forma inconsciente desse processo, com estas pessoas acabam entram em contato dualista, fragmentador, quase sempre gerando uma cadeia infindável de reações, quase sempre inconscientes e inconsequentes.
Deca: dá para falar apenas com quem já está “desperto” para isso; do contrário, é criar confusão.
Out: Na percepção disso, ocorre, sem esforço algum de nossa parte, um estado de centramento na presença, onde ocorre o cessar desses sintomas dolorosos, desconfortantes e profundamente estressantes.
Deca: sim. Olha, não vou ter carona hoje; devo chegar ai por volta das 19horas. Nos falamos mais tarde. Beijos.
Out: Até mais, nega! Beijos!