Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

06 agosto 2009

Corredores silenciosos

Existem corredores dos quais corremos o mais que podemos. No entanto, mais cedo ou mais tarde, sem qualquer tipo de aviso, eles nos alcançam...

Ontem, ao final da tarde, minha família e eu tivemos uma reunião com a médica e coordenadora geral do Hospital onde meu pai se encontra internado. O diagnóstico: câncer no estomago com sangramento. As palavras e o chão somem... E a impotência diante dos fatos se torna evidente.

Meu pai passou a vida toda se matando para poder pagar seu plano de saúde e agora, aos 70 anos de idade, quando o mesmo se mostra realmente necessário, se encontra a beira da falência. A família, não possui recursos financeiros para lidar com tratamentos particulares. Começa um período de busca de informações, sem mesmo saber direito onde buscá-las.

Ampliam-se ainda mais os questionamentos sobre o sentido da vida. Percebe-se o quanto a mesma passa rapidamente e o quanto deixamos de vivenciar pessoas queridas. Bate um desespero de querer recuperar o tempo, mas ele é implacável e não volta.

Não é nada fácil entrar no quarto e disfarçar como se estivesse tudo sobre o controle, somente exames de rotina. Mil projeções passam a correr aceleradamente e de forma desconexa na mente.
Ao nascer do dia, falta à direção, o sentido. Desaparece a vontade de se alimentar, o pão só desce juntamente com boas goladas de café. A mente não para, não dá trégua.

Você se depara com a realidade de uma saúde pública falida, repleta de filas, de disputas por vagas e leitos. Começam as ligações para tentar encontrar influências capazes de romper as limitações impostas pelo sistema. Os ponteiros do relógio parecem não andar.

Bate uma enorme ânsia de compartilhar a situação com todos, mas algo dentro pergunta: para que? É uma esperança que esse alguém conheça alguém que conhece alguém que possa ajudar alguém que nunca se quer conheceu.

Vai-se para a internet em busca de informações, sem saber muito bem sobre o que procurar.

A situação é de total impotência e entrega.

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!