Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

10 agosto 2009

Absurda inversão de papéis

A porta de vidro do saguão do Hospital Sorocabana da Lapa se abre, enquanto a ascensorista sorrindo do elevador faz sinal de me aguardar.
No elevador, além da ascensorista, uma senhora e o tal médico oriental citado no texto anterior, que ao ver-me, com um leve movimento da cabeça, esboçou um cumprimento. Feito o movimento, olhando para o chão perguntou:
- E o seu pai? Como está?
- Estranho como rolam as coisas por aqui... Estou chegando agora ao hospital e, a meu ver, acho que quem deveria estar fazendo esta pergunta e recebendo uma resposta do senhor sou eu, e não ao contrário, o senhor não acha?
Muito sem graça, tal pessoa respondeu:
- Já pedi para a Doutora verificar a transferência do seu pai, como você disse na sexta. Tenha um bom dia.
Saiu do elevador a passos largos sem ao menos olhar para trás.
A ascensorista olhou para mim, balançando a cabeça em sinal de reprovação ao absurdo presenciado e exclamou:
- É preciso muita paciência meu jovem... Muita paciência.
- A senhora pode ter certeza de que se ela não estivesse comigo, a cabeça dele já tinha sido arrancada há dias. Tenha um bom dia!

Isto pode parecer capítulo de novela mexicana... Mas não é!... É apenas uma pequena parte da realidade de um país que nunca aparece nos dados daqueles que sorriem em palanques!

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!