
29 junho 2009
Nesta Terra de Gigantes

28 junho 2009
23 junho 2009
Amanhã vai ser outro dia

Por aqui, continuamos no processo com muita transpiração e raríssimos momentos de inspiração. A cada dia que passa, mais notório e inconformante se apresenta este itinerário da mesmice. Sinto fortemente as células deste corpo se apresentando cada vez mais arredias diante das atividades e relacionamentos que ainda tenho que manter para poder custear esta cara existência desprovida de real sentido.
Depois de duas semanas de férias, sendo uma delas na maravilhosa paisagem de São Thomé das Letras, sinto que aceitar a impessoalidade desumana e acelerada desta cidade capitalista é o mesmo que aceitar de bom grado cumprir "pena de vida".
Escrevo isto por que tenho certeza que você, assim como eu, também não se conforma - como a grande maioria não pensante - a se ajustar a esse insano modo de existir empurrando a existência com a barriga, com a ajuda de muita gordura, bebidas, altas doses de calmantes, de consumo compulsivo, de carnezinhos carismáticos, ou de sei lá mais o que.
Gostaria de pode estar lhe descrevendo outra realidade, mas, sendo sincero, não está nada fácil. Os ilusórios pontos de apoio emocional já não existem mais. Caíram por terra todos os totens, deuses e mitos. Ficou apenas a observação do que aqui dentro se apresenta diante dos fatos que lá fora se desenrolam. Não há mais como fazer parte da tietagem de algum ser tido como realizado ou dotado de "profunda espiritualidade" (que coisa ridícula). Frases, textos, livros de auto-ajuda, uma postura de "espiritual" em sites, fóruns e comunidades de Orkut, não fazem sentido algum. Mesmo o site Cuidar do Ser, que já foi a menina dos meus olhos, para mim, a cada dia que passa, menos significa e digo-lhe que tenho pensado seriamente em encerrar suas atividades.
Pode até parecer doença, mas, enquanto todos correm de maneira irrefletida, fico aqui sentado diante da mesmice que parece segurar a força os ponteiros do meu relógio e, quando a madrugada se apresenta, com ela se vai a vontade de dormir. Sinto que esta recusa ao sono, parece uma tentativa do corpo em atrasar a dolorosa experiência de mais um dia de mesmice. Essa experiência em nada se assemelha com as desgastantes madrugadas de insônia naqueles dolorosos períodos de depressão do passado. Aliás, sinto que nunca estive tão lúcido nestes meus quarenta e cinco anos. Tirando o itinerário da mesmice, não há do que reclamar ou mesmo com o que lutar.
Fico me questionando sobre o que estaria me impedindo de descobrir uma maneira de viver a vida em sua plenitude. Recuso-me a aceitar que a vida seja só isto... Não faz sentido algum nascer numa família disfuncional, passar anos e mais anos tentando sobreviver dentro dela, experienciar uma profunda depressão iniciática, pós graduar-se duas vezes com estes benditos períodos de crise, passar vários anos tentando colocar a casa emocional em ordem, libertando-me de excessos condicionantes e terminar aqui nesta mesmice sufocante.
Há cerca de um mês, depois de uma breve e séria conversa com minha companheira Deca, que como eu, a cada dia mostra-se mais e mais inconformada com este insano modo de vida coletivo, decidi puxar o breque de mão. Além de não estar me organizando profissionalmente, dispensei algumas empresas que não me valorizavam e somente queriam me explorar. Reduzi ainda mais meus custos a fim de poder ter mais tempo para ficar ocioso e quem sabe ter um insight que possa me brindar com maior lucidez. Afastei-me de grupos e pessoas, ainda que algumas delas me fossem muito queridas, com as quais percebi não poder manter uma verdadeira relação nutritiva. Como pode fazer idéia, caiu bastante o número de pessoas com as quais me relaciono e, mesmo entre estas poucas, apenas duas, como eu, conscientemente declaram sua insatisfação existencial. As demais, quase sempre versam sobre assuntos periféricos ou do cotidiano comercial – não que isso seja um problema – mas, no entanto, são assuntos dos quais não tenho o menor interesse; somente os mantenho em respeito a tais pessoas que me são queridas.
O fato é que esse tipo de conversa de cunho comercial faz parte do consenso geral, eu é que não me ajusto a esse tipo de assunto (como em outras tantas coisas mais). Quase sempre, ao perguntar a alguém sobre como vai a sua vida, imediatamente a mesma começa a disparar seus últimos feitos na empresa da qual momentaneamente faz parte. Se o assunto não for a empresa, com certeza, será sobre seu relacionamento afetivo... E assim, fico sabendo um pouco sobre seu emprego ou seu relacionamento, mas nada sobre seu íntimo e, não raro, se faço alguma pergunta um pouco mais pessoal, esta pessoa trata logo de escapar de um contato mais íntimo dizendo que gostaria de estender nossa conversa, mas que a mesma terá que ficar para uma próxima oportunidade, uma vez que no momento se encontra "morrendo de pressa". Veja bem: morrendo de pressa... O pior é que estas pessoas falam de sua triste realidade sem ao menos se escutarem... "morrendo de pressa"!
Pois bem, por este ângulo, a vida parece mesmo ser uma grande piada de mau gosto... Enquanto a grande maioria aceleradamente vai morrendo de tanta pressa, outras poucas como eu, parecem morrer lentamente, conscientes dessa mesmice sem sentido.
É isso aí amigo! Vou ficando por aqui, tentando manter a mente aberta, a espinha ereta e o coração tranqüilo e com a esperança já tão bem cantada em outros tempos pelo velho Chico:
"Amanhã vai ser outro dia, amanhã vai ser outro dia"...
Um forte abraço,
Seu sempre amigo,
Nelson Jonas
16 junho 2009
Como é por dentro outra pessoa
No homem esta arte da simulação atinge seu auge: decepção, bajulação, mentira e trapaça, falar pelas costas, pose, viver com esplendor emprestado, ser mascarado, o disfarce da convenção, desempenhar um papel diante dos outros e de si mesmo – em suma, o constante alvoroço em torno de chama única da vaidade é de tal forma a regra e a lei que quase nada é mais incompreensível do que uma honesta e pura ânsia pela verdade ter surgido entre os homens. Eles estão profundamente imersos em ilusões e imagens oníricas; seus olhos só deslizam sobre a superfície das coisas e vêem ‘formas’; seus sentimentos em ponto algum levam à verdade, mas se contentam com a recepção de estímulos, jogando, por assim dizer, um jogo de cabra-cega pelas costas das coisas” (NIETZSCHE. Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral, 1873).
14 junho 2009
Itinerário da Mesmice
Acordamos há pouco; metade do dia já se foi.
Na padaria, encontramos com dois antigos conhecidos (se é que alguém conhece alguém), visivelmente afetados por uma madrugada de auto-esquecimento químico. Triste!... Enquanto uns buscam por respostas, outros buscam por fugas... Uma maneira química que facilite, como eles mesmos dizem, empurrar a vida com a barriga.
Apesar do sol e o céu de um belíssimo azul, a temperatura está bem fria e o sentimento de incompletude bate forte, trazendo com ele, as questões de sempre...
Qual o sentido de uma existência desprovida de vida em abundância?
Que atividade na vida de relação pode mostrar-se com real sentido?
Será que devo me conformar em ser apenas mais um em busca de entretenimento para as manhãs de domingo, silenciosamente aflito, pela aproximação das pesadas manhãs de segunda-feira?
Já não há mais onde buscar respostas, uma vez que consciente me encontro de que nada externo possa proporcioná-las. Já não me contento com o legado da experiência de terceiros... Muito menos com uma pequena mudança e melhora referente ao meu modo passado de existir. As explicações do outro, a respeito do sentido da vida, por melhor que sejam, não mais me alimentam.
Se a origem das questões é interna, onde mais poderá estar às respostas a não ser na mesma origem? Qual é a lógica de continuar buscando fora?
Não quero passar meus dias pesquisando em textos e vídeos de terceiros a respeito dos meus sentimentos; sinto ser verdade a máxima de que preciso ser uma luz para mim mesmo. Passar a tarde sentado diante da tv assistindo palestras de seres possivelmente "realizados", já não cabe mais em meu viver.
O sentimento de impotência é enorme... As respostas não se apresentam...
O sol agora está bem mais forte e a incompletude, talvez pelo fato de estar escrevendo sobre meus sentimentos, se faz suportável.
Não é nada fácil, de cara limpa, deparar-se com o itinerário da mesmice, com o deserto do real.
Do outro lado da rua, alguns homens, bastante eufóricos, retornam da partida de futebol dominical. Como eles, por anos e anos, também anestesiei o vazio da minha existência correndo atrás de uma bola... (os que não conseguem mais correr, o fazem diante da TV). Não dá mais...
Será um fato a existência de algo que possa tornar nova todas as coisas, todas as atividades e relações?...
Como nas palavras da minha querida companheira Deca, "hoje o bicho tá pegando"....
12 junho 2009
01 junho 2009
Solve et coagula
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Deserto... Solitário e árido lugar de encontro consigo mesmo e com a fragilidade que nos torna humanos. Lugar de amadurecimen...
Escolho meus amigos pela pupila
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.