Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

15 dezembro 2011

Tomou Doril, a dor sumiu!


Dentro de muitos — talvez não seja seu caso — existe um poderoso ego que adora se agarrar em escapistas ideais de um vir-a-ser divinizado, escapistas ideais espiritualistas de que, com o mínimo esforço, uma Beleza sequer imaginável possa se manifestar em meio de seu real estado de dependência, confusão e contradição. Na realidade, o fato da presença desse ego não observado e portanto não compreendido é que impede que outro estado de ser, neste exato momento se apresente. Através da observação clara do seu atual estado de ser, pela observação destemida, minuciosa e rigorosamente sincera é que a verdade pode se manifestar, o Real pode surgir, e não através de práticas meramente escapistas que prometem por bem-estar, unidade interna, felicidade e liberdade instantânea. Muitos buscam a Felicidade, poucos buscam compreender as razões pelas quais se mantém num constante estado de infelicidade. Muitos adoram falar e falar sobre Felicidade, Verdade, Ser Real, mas, poucos são os que caem na real e que enxergam a verdade do porque de serem infelizes e, nessa infelicidade, continuarem como seguidores de gurus com seus ideais. São muitos aqueles que se apresentam com palavras que alegram os olhos e os ouvidos, palavras estas que substituem nosso antigo arquivo de aparências e imagens, por outro arquivo de imagens de um belo teor espiritualista, no entanto, continuam a alimentar a formação de imagens com suas aparências e promessas de felicidade e liberdade. É muito mais fácil imaginar que não importa o que está ocorrendo na sua vida do que compreender o que está ocorrendo em sua vida. Nada é mais poderosamente ilusório do que o escapismo através da idéia da busca da verdade absoluta que você é, afinal, é muito mais fácil e imaturo buscar pelo ilusório êxtase momentâneo sustentado na afirmação vinda de terceiros de que você seja uma corporificação da Suprema Felicidade, do que alimentar a paixão do autoconhecimento — momento a momento — que produz a maturidade necessária, através da qual, uma vida livre de conflitos se apresenta. Só na compreensão do causador de nossos conflitos que nos causam incontáveis sofrimentos é que a felicidade e a liberdade podem se apresentar de forma natural. 

Felicidade e liberdade não chegam à nós através de alguma forma de "Doril Mental", "Novalgina palavrória" ou "Diazepan Espiritualista". Isso requer paixão, isso requer observação sem escolha. Fora disso, o que se pode vivenciar, agora, é a continuidade de uma vivência na irrealidade, causadora de infinitos desejos e medos, os quais, quando não observados e compreendidos, por muitos são narcotizados com a idéia de uma feliz felicidade radiante e pura que se apresenta sem nenhuma razão ou motivo. 

Viva de ideais de vir-a-ser e seja feliz!... Busque a sua Real Natureza sem a observação e compreensão daquilo que acontece com você, através de suas reações e escolhas imaturas e o caos do mundo e as pessoas desaparecerão de forma milagrosa! — Esse é o teor da promessa feita por muitos que auto se intitulam como homens e mulheres realizados, iluminados. Isso é o que dizem atrás de suas pomposas palavras. De fato, o mundo não tem nenhum poder sobre você, o poder causador de problemas está na não compreensão do "você" que você não observa, na não aceitação do que é e na constante fuga pelo vir-a-ser divinizado, que em seu medo, continua sempre em busca de proteção e dependente condução. A busca da Felicidade sem a devida compreensão daquilo que se é, é o substrato e a base de uma vida repleta de contradição. 

- Reflexão após uma leitura de um texto Adváitico

Nelson Jonas Ramos de Oliveira

Gostou? Então compartilhe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Postagens populares

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!