Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

19 setembro 2011

Contato: uma nova forma de vida


Algo no mais fundo de nós, desde a mais tenra idade nos impulsiona em direção ao contato consciente com nossa real natureza. Por muitas vezes nos deparamos com esse impulso, com esse sentimento, com essa sensação de que não estamos sós, de que não estamos num mundo sem sentido. Todos nós vivemos estas experiências, alguns em maior grau, outros em menor grau. Mas com certeza, todos sabemos o que esses momentos de vislumbre representam. Nessas experiências, por mais curtas que sejam, sentimos a forte sensação de que nada precisamos temer, que tudo está certo, que tudo está em seu devido lugar, em sua divina ordem. Quando elas ocorrem, sabemos que “algo” está ali, que uma "presença" está ali, que não estamos sós. São instantes que nos roubam a noção de tempo e espaço. Não sabemos de onde esse “algo” vem, de que modo mantém contato, mas sabemos, por experiência direta, que esse “algo” existe. Para aqueles que vivem esta divina e sagrada experiência, nada mais deste mundo das formas consegue ter mais sentido. Toda paixão, todo desejo transfere-se para esse inusitado estado de ser. Aos olhos dos demais, aquele que vive esta experiência, passa a não ser levado muito a sério, assim como este, também não passa a levar os demais e a tudo mais que eles estressadamente buscam, a sério. Saber como reencontrar esse "algo”, essa “presença”, saber como retomar o contato, passa a ser o motivo de suas buscas, toda sua energia se direciona para isso. Essa experiência, esse inusitado contato causa uma profunda mudança de sentido na vida destes bem-aventurados.
Ouvir isso, ser tocado por isso, acariciado por isso, embalado por isso, é a única coisa que passa a ter real valor, o demais, é sempre secundário. Para quem vive está sagrada experiência, este sagrado instante de contato consciente com "aquilo que é", de nada importa saber se há ou não vida em outros planetas, o que realmente importa é como existir sem essa presença de vida, sem essa presença que nos outorga um estado de ser que é totalmente "extra-terrestre", extra terrestre no sentido de como todos estão acostumados a este modo de vida destituído de vida em abundância.
Quando se vive tal experiência, sabe-se de forma visceral, de forma holística que, viver sem esse estado de presença, viver sem esse contato, de forma comum, de forma natural, seria como um tremendo desperdício de espaço, um grande desperdício de vida. É graças a estas experiências vivificadoras que nos tornamos “antenados”, antenados numa direção contrária a direção comum, que passamos a ter uma visão maior, uma visão que transpassa em muito a trivialidade da visão geral exteriorizada. Essa experiência muda nosso rumo, altera nossas coordenadas, nos faz ouvir e ver aquilo que a grande maioria, por causa de sua insensibilidade, insensibilidade esta criada pela identificação ilusória com este doentio padrão externado, não consegue captar. Quando se vive esses "breves contatos conscientes", contatos esses que surgem de uma escuta atenta, escuta essa que não é maculada pelos filtros do intelecto, literalmente vive-se em outra "faixa", em outro "canal", sem dúvida, muito, mais muito mais sutis. Há uma mudança total em nosso eixo, mudança essa que causa uma profunda mutação na escala de valores de um ser humano. Graças a esses contatos, dá-se um "novo pulsar", dá-se uma nova frequência. Esses contatos causam uma espécie de "flutuação" e essa flutuação traz consigo, uma nova capacidade de escuta, capacidade esta que é totalmente desconhecida pela grande maioria que ainda não se abriu para esse contato. E o mais maravilhoso de tudo, é que esse contato torna tudo mais real. 
Para quem vive esse contato, o script social, com todas suas exigências descabidas, — me desculpem  a expressão — é um "tremendo pé-no-saco"... Essa obsessão aquisitiva deixa de ser uma realidade na vida de quem vive essa "amostra grátis" do que é viver num estado de contato consciente com esta Ilimitada Consciência. Enquanto quase todos se vem obcecados por esse padrão aquisitivo consumista, para aqueles que se viram tocados por esta "coisa", nem se quer se importam com um possível "suicídio profissional"... Carreira, nome, posses, posições, sistemas de seguro, nada disso para estas pessoas é levado em conta, o que conta para elas, é a estabilização desse contato consciente com esta Ilimitada Consciência. Para elas, o mais importante é realizar isso, realizar esse contato, com toda intensidade de seu ser. Viver sem esta presença, ver-se distanciado desta bem-aventurada presença, para elas é como um enorme "buraco-negro", um enorme buraco-negro que faz com que elas dediquem anos e mais anos de suas vidas, procurando, procurando, procurando. Para estas pessoas, a experiência desse breve contato, torna suas vidas uma verdadeira "viagem", viagem esta, que se dependesse apenas do intelecto, da lógica e da razão, a ela nunca teriam se quer considerado. E, em nome desta "viagem cósmica", todos que vivenciaram esses bem-aventurados momentos, passam a fazer ajustes em suas vidas, a torná-las o mais simples possível, simplicidade esta que tem como base, ter o maior tempo possível para se dedicarem na busca daquilo que para elas passa a ser realmente essencial. Por conta própria e de bom grado, ajustam seu orçamento em prol de tal realização. E isso, para aqueles que se encontram nos limites do intelecto, não passa de abstrações fantásticas, não passa de um modo de vida destituído de praticidade, destituído de valores palpáveis e mesuráveis, algo que realmente não vale empregar seus limitados esforços. Quando se está preso nos limites do intelecto, da lógica e da razão, não há se quer a mínima abertura para esse estado de "pesquisa pura", para quem se encontra nesse limitado espaço, não há nisso nada de prático, não é algo que se possa mostrar "lucrativo" e, por não se mostrar lucrativo, não lhe traz o menor interesse, a menor atração. Para aqueles que se encontram nos limites do intelecto, da lógica e da razão, tudo isso é visto como algo místico, destituído de sentido prático. Para estes, a busca da verdade é um objetivo totalmente desprezível. Para eles não há nada de interessante nesse modo de vida, principalmente se nesse modo de vida, se apresenta uma simplicidade voluntária, simplicidade esta que não se vê impulsionada por essa acelerada corrida tecnológica aquisitiva. Para quem foi abençoado por este contato consciente com esta Consciência Ilimitada, não faz o menor sentido essa frenética busca tecnológica aquisitiva em detrimento da descoberta da real natureza humana. Estas pessoas, apesar de não mais encontrarem espaço em qualquer sistema de crença organizada, encontram em seu interior, um devido espaço, espaço este que se torna sua verdadeira religião, e essa religião, encontrada dentro de si, para elas, é uma "Super-Nova", uma verdadeira constelação de infinitas possibilidades.
Graças a esse bem-aventurado momentos de contato com esta Ilimitada Presença, contato este que traz consigo um novo e desconhecido sentir, um sentir que as palavras não conseguem mensurar, é que passamos a saber por experiência direta de que "não estamos sozinhos", de que não precisamos temer nada. Graças a este bem-aventurado momento de contato consciente com esta Ilimitada Consciência, que até a idéia de "morte", encontra sua morte, o que traz a vida um novo estado de liberdade. Quando isto ocorre, a pergunta "Deus existe?" ou "Quem é Deus?", deixa de fazer parte de nosso interior. Com certeza, para todo aquele que ainda está preso nos limites do conhecimento livresco, nos limites da lógica, da razão e do intelecto, não há como ver nisto, o menor sinal de inteligência, o menor sinal de sanidade; para elas, tudo isso é birutice, é loucura, não passa de pura ficção. Para elas, falta um pouquinho mais de visão, uma mudança de visão capaz de trazer uma nova percepção das coisas. Para estes que se vem emaranhados na rede do pensamento condicionado, tudo isso não passa de puro misticismo, de pura irracionalidade, irracionalidade esta que deve por eles ser combatida. Estas pessoas não podem ser responsabilizadas por este modo de encarar os fatos, uma vez que, estas experiências provenientes desses momentos de contato consciente com esta Ilimitada Consciência, não podem ser captadas pela limitação da análise mental, por um modo cartesiano de ver a a vida. Para estas pessoas que sofrem deste vício mental de querer ter controle sobre tudo, isto do que falamos, para estas pessoas, causa um profundo pânico. Não é raro, numa forma insana de quererem defender seus "direitos de controle", estas pessoas passarem a hostilizar o comportamento dos que se dedicam a busca da verdade, alegando que tudo isto não passa de pura bobagem, algo que não merece ser levado a sério. Desdenham aquilo que, com certeza, é a essência da maior descoberta humana. Elas alimentam em si a ilusão do controle, a ilusão da escolha, ilusão esta que é sempre apoiada em em agressivas frases como: "a vida é minha, faço dela o que eu quiser". 
É bastante interessante notar que, sem que a pessoa experimente a morte da fé em tudo aquilo que durante anos e anos se viu atraída, sem que sua vida se torne um turbilhão emocional, não se dá o início desta busca por este contato consciente com outro modo de estar na vida de relação. Sem que a pessoa se dê conta do tamanho da infelicidade a que está acometida como resultado de sua anterior busca por felicidade, este bem aventurado processo de busca, não tem seu início. Não há a menor possibilidade de que comece a fazer a si mesma, perguntas que se mostrem fundamentais, perguntas fundamentais para que seu modo de vida superficial possa abrir espaço para um modo de vida dotado de real sentido e significado. Sem que estes momentos de infelicidade se apresentem, não há como deixar de se apresentar um modo de vida pautado na repetição, na rotina, no tédio e na insatisfação desorientada. 
É através da rendição total ao estado de insatisfação, de declinação, que um contato consciente pode se manifestar, contato este que traz consigo uma "ascensão direta", que traz consigo uma "confirmação", um estado de ser "antenado", estado de ser este que passa a diagnosticar com clareza a insanidade de todo sistema com seus repetidos sinais, com seus repetidos sinais que insistem num modo de vida que busca sempre por certezas. Sem dúvida, este estado de "ascensão direta", não é um fenômeno comum, mas sim, um fenômeno que é natural a todos, desde que, conectados a fonte dessa Suprema Inteligência. É graças a este contato que a vida passa a ser harmônica, sem os antigos e tão conhecidos ruídos emocionais. Graças a essa harmonização, todos os sentidos passam a exercer suas qualidades comuns, só que agora, devidamente ampliados. Nossa percepção do que é, torna-se instantânea, sem a antiga necessidade de uma base falsa, de um limitado ponto e essa percepção instantânea, traz consigo descobertas maravilhosas, descobertas essas que se encontram numa base real, que é a base de nosso estado natural, de nossa real natureza.  


Nelson Jonas R. de Oliveira


Para baixar este áudio:
http://www.4shared.com/audio/9-lvnWG3/Nelson_Jonas_-_Contato_-_uma_n.html

O que o intelecto, a lógica e a razão não consegue alcançar, dúvida, satiriza, hostiliza, ou então, mistifica...

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!