Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

03 agosto 2010

Uma pergunta Agosto

No viveiro da casa ao lado, bem guardado por um branco Rottweiler de olhos cor de mel, algumas maritacas disputam com um casal de araras, quem consegue o mais alto som.
No boteco da esquina, que dá para a entrada esquerda do Posto de Saúde, Sr. Antonio José, imigrante de Alcobaça, Distrito de Leiria, Portugal, encolhido, aguarda seu próximo cliente.
O vento, de tão frio, faz dor as pontas das orelhas e nariz.
Pelas grades dos portões das casas, anúncios de supermercados.
Pelas guias, canteiros e quintais, grande quantia de folhas secas.
São 15:30m. Acabo de depositar o valor do aluguel.
Na ida ao Banco, encontro Marcelus, que ao me ver, exclama:
- Fala cidadão!
- Olá! Posso lhe fazer uma pergunta?
- Demorou!
- Qual pergunta que lhe move?
- Como assim?
- Se achar que mereço uma verdadeira resposta, dê-me na volta.
O banco, vazio; três pessoas na fila. Depósito automático. Um envelope, um amarelo recibo...
- Qual sua resposta?
- Ainda não sei! Quer saber? Nem pensei nisso! Tô na correria!...


Imagem: http://www.pierrebeteille.com

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!