Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

23 agosto 2010

Aviso aos escritores

Duas palavrinhas para os nossos amigos escritores, que eu chamo os locutores da humanidade:

Amigo, para seres escritor, não basta saber gramática e sintaxe.

Não basta saber forjar belas frases e burilar cadências rítmicas.

Nem basta possuir talento e erudição.

Se quiseres escrever para os homens, e não para as traças, é necessário que tua alma seja uma antena ultrasensível que apanhe as mais ligeiras ondas que percorram o universo  humano.

É necessário saber cristalizar em idéias conscientes a inconsciente atmosfera das almas que te cercam.

É necessário dizer ao leitor o que ele já entresabia nas penumbras do ego, mas não sabia trazer à luz meridiana do conhecimento vígil.

O escritor faz nascer o que já era concebido e andava em gestação.

O escritor é o interprete consciente da subconsciência universal.

É o locutor da humanidade.

Repleto de elementos funestos e elementos benéficos está o vasto subsolo da humana natureza.

Centelhas de luz- e abismos de trevas..

Paraísos de amor- e geenas de ódio…

Lírios de pureza- e pantanais de luxúria…

Encantos de Beatriz – e seduções de Circe…

Cânticos de júbilo – e gemidos de dor…

De tudo isto está saturada a zona noturna do ego humano.

E tu, pela varinha mágica da pena, evocas das incônscias profundezas os anjos da luz – ou então os demônios das trevas…

E os soltas no mundo, ao meio dos homens – para ressurreição de muitos, ou então para ruína de muitos…

No foco do teu espírito, ó escritor, convergem os raios múltiplos que andavam dispersos pelo mundo das almas…

E deste foco, onde inconscientes entraram, irradiam conscientes, para o meio dos mortais…

Só serão lidos os teus livros, se derem resposta explícita à interrogação tácita dos espíritos.

Se responderem as eternas angústias do coração humano…

Se ferirem problemas de que sangram e agonizam os melhores dos homens…

Se disseres o que milhares dizer queriam, mas dizer não podiam…

Interpretaste a subconsciência universal? – serás lido e relido!…

Mas, se quiseres ser para os mortais um anjo redentor, e não um anjo exterminador, evoca das profundezas os elementos benéficos, apela para as grandes idéias, para os eternos ideais!

Suscita do sono para a vigília as energias construtoras que dormem, profundas e vastas, no seio da humanidade!

Faze da tua pena um facho de luz que de divina claridade inunde as trevas da terra…

Sê um Prometeu para os homens.

Locutor da humanidade…


HUBERTO ROHDEN, brasileiro, escritor, filósofo, mestre e professor. Autor de dezenas de livros sobre autorrealização e autoconhecimento)

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!