Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

28 setembro 2014

O conhecedor da verdade, é em si, uma mentira

X: Bom dia! Vai votar em quem pra presidente?

Out: Com todo respeito que você merece, podemos começar nosso primeiro contato com uma pergunta mais interessante?

X:  verdade!... Eu estava pensando  aqui, que a sociedade podia fazer um protesto pedindo para mudar de sistema... um sistema em que não tenha dinheiro, moeda, em que cada ser faz a sua parte e pega o que precisa... Política universalista. Se extinguir o dinheiro como é que os políticos vão roubar? A maioria das pessoas estão em busca do poder;  o sistema atual dá poder às pessoas quem têm e deixa de lado as que não têm.

Out: você acredita mesmo que o problema humano seja o dinheiro?

X:  Não.

Out: uma faca na mão de um médico salva uma vida, já, na mão de um assassino... uma ferramenta usada para fins inteligentes produzirá resultados inteligentes, mas,  se for usada sem inteligência, trará resultados não inteligentes.

X:  verdade!

Out: em vista disso, o que você acredita ser a natureza exata de toda problemática sistêmica? Lembre-se: eu e você somos o sistema.

X:  o sistema atual: ele dá poder; as pessoas quem têm estão de boa e as quem não têm, querem  ter.

Out:  Existe o sistema ou existe pessoas?

X:  pessoas que criam o sistema.

Out: então o problema está no sistema?

X:  não. Na criação do sistema.

Out: sua pergunta inicial desta conversa, reflete o que nisto que acabamos de ver juntos?

X:  verdade!

Out: quando você faz uma pergunta dessas, você dá vida ao sistema que critica. Da mesma forma, você e eu devemos estar — com nosso modo de pensar — alimentando esse sistema... mudar a periferia não altera o centro criador do sistema; o centro criador do sistema somos eu e você.  Se eu e você somos mascadores de chiclete, de que adianta mudar os fabricantes de chiclete ou diversificar seus sabores? O que precisamos é ver o falso do chiclete; deixar de fazer uso dele; nisso, a fábrica se desfaz por si.

X:  verdade! Pra mudar para um sistema desses é necessário mudança de todos, e a maior mudança que a pessoa pode fazer é a interior.

Out: esqueça a maioria: só estamos eu e você aqui... Você quer mudar?... De fato?

X:  já mudei! Em equilíbrio.

Out: Até que ponto consegue ser radical? Lembre-se: há uma grande distância entre  mudança"  e "transformação"... todos buscam por "mudanças"... quantos buscam por "transformação"? Na mudança, há possibilidade de retorno ao estado anterior, já, na transformação, isso é impossível. Tome por exemplo, o processo da lagarta e a borboleta: a lagarta pode mudar de cor, mas ainda será lagarta; quando se transforma em borboleta, não há possibilidade de retorno.

X: verdade!

Out: pensar em mudança externa é a maior ferramenta de retro-alimentação do sistema;  todos sabem falar sobre isso, mas ninguém sabe falar de suas zonas de conforto, de suas dependências, de suas ambições, de sua ganância, de sua inveja, de suas crenças sistêmicas que limitam a verdade liberdade do espírito humano.

X: verdade!

Out: Se limitar a falar do sistema é uma espécie de alienação transvestida de compreensão.

X: A chave está numa sociedade alternativa.

Out: o que isso simboliza? Outro sistema?

X: esse sistema é o melhor sistema, e o verdadeiro sistema, porque ninguém tem nada e nada é de ninguém... Era para ter uma divisão justa e com equilíbrio.

Out: não existe alternativa na sociedade enquanto o indivíduo não tomar consciência de que não há alternativa de uma nova sociedade por meio das invencionices sistêmicas da mente. O próprio pensamento é um sistema.

X: verdade!

Out: você pode ficar sem nada no campo da matéria, mas a matéria da sua mente ainda será a mesma.

X: você entendeu errado:  a natureza é de todos!  A divisão tem que ser justa.

Out: enquanto o ser humano achar que "sua natureza" seja a mente, os pensamentos, as emoções e os sentimentos, não haverá condições de existir uma natureza única para todos, e ainda existirá a ideia de "divisão justa", o que, no meu modo de ver, é a representação da célula principal que sustenta o sistema: a ideia de separatividade. Quando há a "ideia" de "divisão justa", existe a crença de que somos separados. A partir daí, toda forma de corrupção é possível, porque ISSO é corrupção!... "eu e você", "meu e seu"... "nosso e não deles"... Através de qualquer sistema criado pela mente, nunca haverá divisão justa... A mente nunca terá inteligência integrativa amorosa, uma vez que, por sua própria natureza, a mente é política: ela não compartilha, só compactua conforme a natureza de seus interesses no espaço-tempo.

X: você acredita em vida após a morte?

Out: por que deveria desperdiçar a vida, dedicando tempo e energia no sistema de "acreditando ou desacreditando" em vida após a morte? Penso que a existência precisa estar muito sem VIDA para se dedicar a esse tipo de assunto. Aliás, esse é mais um dos assuntos alienantes do sistema. O qual também faz com que você não dedique seu tempo e energia na compreensão desses sistemas alienantes criados pela mente sistêmica.

X: eu já tive algumas experiência.

Out: outro mecanismo do sistema é manter você dentro de uma coleção de "crenças ou descrenças"... Sabe, pouco me importa se um ser humano teve ou não teve alguma experiência de vida após a morte... Me importo, de fato, é se ele pode estar,  nesta vida, tendo vida de momento em momento, e não em breves experiências temporais.

X: fui morar numa casa com presença muito forte de espíritos... era uma prisão há trinta anos, antes de eu morar lá. Como eu voltei a morar numa casa que eu morava antes de ir morar nessa casa, comecei a ver e escutar os espíritos.

Out: respeito o que você me diz, mas isso não me chama a atenção, pois os tais espíritos, se existem, não serão os responsáveis pela transformação dos que estão aqui e agora, presos em ilusórios sistemas de crenças.

X: eu procuro conhecer e compreender a verdade.

Out: você não precisa compreender a verdade: você precisa compreender suas mentiras. Essa ideia de compreender a verdade é outra ilusão sistêmica.

X: compreender e entender... conhecer!

Out: Veja, a busca da tal verdade criou o budismo, o cristianismo, o islamismo, a ufologia, a física quântica, os partidos políticos, os países e isso só criou desavença entre seus vários tipos de "crentes"; se estivessem preocupados em conhecer a mentira e não a verdade, perceberiam a mentira de tudo isso em que se encontram presos.

X: a verdade é uma crença ?

Out: enquanto você não conhece a verdade, ela é só uma bela ideia, uma crença... Agora, se existe a verdade, pode existir um "conhecedor da verdade, pode existir um você? Onde existe a percepção da verdade, não existe espaço para a mentira que acreditamos ser.

X: a verdade é uma questão de perceber.

Out: e o que você percebe? A verdade ou a mentira?

X: os dois.

Out: olhe melhor isso.

X: valeu!
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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!