Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

07 março 2014

Constatações sobre deserto

Novo dia começa, e, para variar, o mesmo sentimento de falta de direção, falta de sentido, sendo que o mesmo, se faz acompanhado daquela velha e conhecida incompletude.

É um infindável deserto daquele "estado de presença", anteriormente vivenciado.

Parece não haver o que fazer, a não ser, buscar pelo que fazer.

Livros, sites, blogs e filmes já não dão liga, já não tocam; servem tão somente como distração, uma forma de passatempo. Mesmo com eles, o relógio parece não andar.

Há uma profunda consciência da impotência de transcender esse estado de inquietude, por meio do esforço pessoal ou do uso do conhecimento antigo, este, arquivado na memória.

Com a desidentificação com os valores do sistema — estes, não questionados pela grande maioria —, torna-se um pesado fardo, atravessar o dia de forma consciente, sem o uso de anestésicos, mesmos aqueles tidos por socialmente aceitos. 

Apesar de todo esclarecimento adquirido até então, ainda se faz constante o fluxo do pensamento psicológico condicionado — sempre ocorrente na ponte do tempo passado-futuro; no entanto, com suas imagens e monólogos, já não ocorre a inconsciente identificação reativa devido ao já instalado estado de observação meditativa.

Hoje é interessante notar que, essa conhecida e irresolvível inquietude, desde a mais tenra idade, sempre esteve presente. Outrora, muitos foram os modos insanos utilizados para dela se safar (o que sempre causou, além da continuidade da inquietude, inúmeros conflitos pessoais e interpessoais). Com o advento do que costumo nomear de "Depressão Iniciática", os antigos e insanos modos de aplacar tal estado de inquietude foram substituídos por um intenso movimento de autoconhecimento, também conhecido por "busca de espiritualidade". O interessante é perceber que, mesmo neste novo movimento, a inquietude manteve sua presença; ouso dizer que, por meio desse esclarecimento, a mesma chegou a ampliar-se de modos nunca antes sequer imaginados. Se, por um lado, houve o aumento da inquietude, por outro, houve uma enorme baixa na presença dos antigos e dolorosos conflitos.

De fato, é para poucos, a vivência consciente do deserto.

Outsider

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!