A realidade que somos — por favor, é importante aqui, não fazer uso
de nenhum conceito, ideia, ou achismo quanto a realidade do que somos,
extraídos de algo escutado, lido, mas não vivenciado visceralmente — encontra-se aprisionada numa cadeia de
memórias associativas mecanicamente projetadas, as quais dão andamento ao
processo reacionário somático o qual, por sua vez, gera experiência que dá
origem ao fortalecimento à cadeia de memórias associativas mecanicamente projetadas.
Esse conjunto de memórias associativas mecanicamente projetadas, foi
condicionado pela influência cultural a ser associado como sendo a realidade do
que somos — o que, ao longo dos anos, associamos como "eu", como
"você", como "eles", como "nós". Nossa cultura dá
excessiva ênfase ao desenvolvimento do processo de memorização e de técnica,
deixando de lado o desenvolvimento do observar contemplativo. O "eu, você,
tu, ele, nós, vós e eles" faz parte dessa cadeia de memórias associativas
mecanicamente projetadas. O que é tido por "eu", é o conjunto das
memórias que foram associadas ao longo dos anos e que vem sendo mecanicamente
projetadas e reforçadas pelo contínuo processo das experiências. O mesmo se dá
com o que o "eu" tem por ideia do que seja o "você", o
sujeito daquilo que vê; a ideia que o "eu" tem a respeito de um
"você", não é, em absoluto, a realidade, mas, tão somente, seu acumulo
de memórias associativas mecanicamente projetadas como "você". Dentro
dessa cadeia de memórias associativas mecanicamente projetadas, pela estreita
janela dos sentidos — estreita devido aos condicionamentos da cadeia de
memórias — "pensamos" ver a realidade do mundo (do que é). O fato é que
essa cadeia de memórias associativas mecanicamente projetadas, distorce a
percepção da realidade do que é. Tudo que é visto, tudo que é experienciado é
adulterado pelo mecânico processo do pensar, o qual é a somatória da cadeia de
memórias associativas mecanicamente projetadas. Tomemos por exemplo: vê-se um
pássaro e, automaticamente, a cadeia da memória, além de rotular o que vê como
sendo "um pássaro", se, em seu arquivo de memória, tiver dados quanto
a espécie desse "pássaro", além de reconhecê-lo como "pássaro",
verbaliza — seja oralmente ou mentalmente — "Que lindo Sabiá!" Nesse
processo de reconhecimento e verbalização, resultante dessa cadeia de memórias
associativas mecanicamente projetadas, cria-se o espaço, cria-se o tempo, o
qual geram esse sentimento de separação entre o observador e aquilo que
observa. Interessante notar que essa cadeia de memórias associativas
mecanicamente projetadas, por funcionar mecanicamente, sem a presença de uma
ação consciente, cria toda forma de dispersão mental, impedindo o processo do
raciocínio lógico, através do qual, pode-se chegar a observação do processo de
tal cadeia de memória em ação, bem como da percepção quanto ao desperdício de
energia vital decorrente — do até então — incessante processo
dessa cadeia de memória.
Outsider44
Outsider44