Por que tanta pose, se em nossos últimos dias poucas são as poses possíveis num leito de um hospital qualquer?
Por que se preocupar com o espaço da casa e sua decoração se o que nos aguarda é um apertado e úmido espaço sob o solo coberto com flores mortas pelo chão?
Por que os olhos altivos e o nariz empinado se terminamos cativos e confinados, com o olhar longínquo, embaçado e agonizante para o teto voltado?
Por que essa doentia preocupação com a escolha de grifes e marcas para cobrir nosso corpo se não nos sobra escolhas diante das marcas deixadas pela doença que será coberta por um simples lençol?
Por que durante anos nos conformamos em negociar com o que é falso se o que nos espera sem a menor negociação ou conformismo, é a nossa única verdade: a morte?