Os prédios cinzentos com seus vidros espelhados pareciam vigiar o imenso movimento de pessoas. A cada farol verde, uma verdadeira São Silvestre de engravatados e de saltos altos pelas escadarias do Metrô. Os carros se amontoam freneticamente. As filas se concentram. A impessoalidade intensifica-se.
Policiais e outdoors vigiam o incessante movimento.
Um flautista solitário, acompanhado pelo sintetizador, faz seu show não na calçada da fama, mas sim, na calçada do anonimato. Sua alma está tão alinhada com a harmonia que sai de seu instrumento que nem percebe o som dos poucos trocados atirados em sua caixinha.
Um jovem adepto do Hare Krishna, simpaticamente oferece seus incensos na entrada da estação.
Um barbudo vendedor de bijuterias observa silenciosamente a insana massa em seu compasso acelerado.
O farol se fecha!
O gado se comprime!
O farol se abre!
E a porteira da normose se escancara!
Sentado num balcão de um dos raros restaurantes dotados de simplicidade, saciando minha sede com uma garrafa de água sem gás, observo o movimento do fim do horário comercial. Do outro lado do balcão, uma magérrima jovem de olhos claros e cabelos encaracolados. Um pequeno piercing em sua sobrancelha esquerda. Com olhar distante mascava seu chiclete de forma barulhenta. Sobre o balcão, um pequeno pacote branco do tabaco “Royal Choice”. Não devia ter mais que 23 anos de idade. Pediu ao garçom pelo suporte de guardanapos de papel. Retirou a primeira folha, amassou-a jogando-a ao lado do seu pé direito. Retirou a segunda folha, abrindo-a sobre o balcão. Depois de alisá-la delicadamente com as pontas dos dedos, deu inicio ao seu pequeno ritual quase que de forma sagrada. Tratava o preparo do seu cigarro como quem cuida de uma pequena criança. Os olhos pareciam não pestanejar.
Lá fora, o fluxo de pedestre parecia aumentar assim como o som das buzinas dos automóveis.
Depois de enrolar o tabaco, cortou as pontas e procurou reforçar a colagem lateral com sua saliva. Tirou da surrada calça jeans um pequeno isqueiro branco e com certa dificuldade procurou acender seu cigarro, sem ao menos se desfazer de seu chiclete. Depois de umas quatro ou cinco tragadas, já se podia sentir no ar o aroma achocolatado do mesmo. Voltando-se para o garçom, pediu pela promoção de pão de queijos anunciada numa enorme faixa amarela com letras vermelhas, logo na entrada do restaurante. O garçom prontamente acomodou três pequenos pães de queijo numa cestinha de vime forrada por uma pequena renda. Com uma mão colocou seu cigarro na beirada do balcão e com a outra procurou se desfazer do chiclete jogando-o do mesmo lado em que atirou a primeira folha de guardanapo amassado.
O garçom observava o movimento dos pedestres.
Um senhor de meia idade, talvez um do donos do estabelecimento, por detrás de uma pequena vitrine repleta de cigarros, doces e outras “cositas mas”, matava seu tempo fazendo palavras cruzadas.
A jovem pediu por mais uma porção da promoção. Quando o garçom já se preparava para dar continuidade à observação dos pedestres, ela pediu em alta voz por uma latinha de Coca-Cola. Quando o garçom depois de abrir a latinha e começar a derramar o escuro e borbulhante liquido em seu copo, ela com dificuldade de falar devido a baforada de seu cigarro exclamou:
- Dá para trocar? Esqueci de lhe dizer, só tomo Diet!
Policiais e outdoors vigiam o incessante movimento.
Um flautista solitário, acompanhado pelo sintetizador, faz seu show não na calçada da fama, mas sim, na calçada do anonimato. Sua alma está tão alinhada com a harmonia que sai de seu instrumento que nem percebe o som dos poucos trocados atirados em sua caixinha.
Um jovem adepto do Hare Krishna, simpaticamente oferece seus incensos na entrada da estação.
Um barbudo vendedor de bijuterias observa silenciosamente a insana massa em seu compasso acelerado.
O farol se fecha!
O gado se comprime!
O farol se abre!
E a porteira da normose se escancara!
Sentado num balcão de um dos raros restaurantes dotados de simplicidade, saciando minha sede com uma garrafa de água sem gás, observo o movimento do fim do horário comercial. Do outro lado do balcão, uma magérrima jovem de olhos claros e cabelos encaracolados. Um pequeno piercing em sua sobrancelha esquerda. Com olhar distante mascava seu chiclete de forma barulhenta. Sobre o balcão, um pequeno pacote branco do tabaco “Royal Choice”. Não devia ter mais que 23 anos de idade. Pediu ao garçom pelo suporte de guardanapos de papel. Retirou a primeira folha, amassou-a jogando-a ao lado do seu pé direito. Retirou a segunda folha, abrindo-a sobre o balcão. Depois de alisá-la delicadamente com as pontas dos dedos, deu inicio ao seu pequeno ritual quase que de forma sagrada. Tratava o preparo do seu cigarro como quem cuida de uma pequena criança. Os olhos pareciam não pestanejar.
Lá fora, o fluxo de pedestre parecia aumentar assim como o som das buzinas dos automóveis.
Depois de enrolar o tabaco, cortou as pontas e procurou reforçar a colagem lateral com sua saliva. Tirou da surrada calça jeans um pequeno isqueiro branco e com certa dificuldade procurou acender seu cigarro, sem ao menos se desfazer de seu chiclete. Depois de umas quatro ou cinco tragadas, já se podia sentir no ar o aroma achocolatado do mesmo. Voltando-se para o garçom, pediu pela promoção de pão de queijos anunciada numa enorme faixa amarela com letras vermelhas, logo na entrada do restaurante. O garçom prontamente acomodou três pequenos pães de queijo numa cestinha de vime forrada por uma pequena renda. Com uma mão colocou seu cigarro na beirada do balcão e com a outra procurou se desfazer do chiclete jogando-o do mesmo lado em que atirou a primeira folha de guardanapo amassado.
O garçom observava o movimento dos pedestres.
Um senhor de meia idade, talvez um do donos do estabelecimento, por detrás de uma pequena vitrine repleta de cigarros, doces e outras “cositas mas”, matava seu tempo fazendo palavras cruzadas.
A jovem pediu por mais uma porção da promoção. Quando o garçom já se preparava para dar continuidade à observação dos pedestres, ela pediu em alta voz por uma latinha de Coca-Cola. Quando o garçom depois de abrir a latinha e começar a derramar o escuro e borbulhante liquido em seu copo, ela com dificuldade de falar devido a baforada de seu cigarro exclamou:
- Dá para trocar? Esqueci de lhe dizer, só tomo Diet!