Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

21 abril 2012

A solidão do deserto é para poucos


No deserto do real, um dos sentimentos mais constantes é o sentimento de solidão. Não raro, todo aquele que se aventura nessa jornada do herói, nessa trilha menos percorrida, se ressente de não poder contar com outras pessoas vivenciando por situações semelhantes, buscando o mesmo que elas também buscam, falando aquilo que chamo de "o idioma dos proscritos", ou "idioma dos outsiders", idioma este, sempre mal interpretado e quase sempre rotulado de forma negativa por pessoas que nem ao menos desconfiam o que seja a esclarecedora vivência desta trilha menos percorrida. De fato, esse é um tipo especialmente doloroso de solidão, no entanto, ouso dizer ser um dos mais fecundos momentos da jornada do herói. Neste momento, quando a solidão é por nós devidamente abraçada, nosso antigo estilo de vida, adoentado pela excessiva influência de tantas formas de dependências psicológicas — a necessidade de aceitação, de colinho, do ombro amigo, do tapinha nas costas, da validação parental/social — é derretido nas areias escaldantes do deserto do real. Quando se tem a coragem de seguir esse caminho até que se apresente seu fim, adquirimos um modo de vida onde, de fato, a integridade se faz presente e, juntamente com ela, aprendemos um novo idioma dotado de uma inteligência única: o idioma do silêncio. 

Nelson Jonas

Gostou? Então compartilhe!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Postagens populares

Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!