Cálculos, cálculos, cálculos... conjecturas, conjecturas e conjecturas, para fugir da não compreensão do estado de ser que faz buscar por cálculos, cálculos, cálculos, conjecturas, conjecturas e conjecturas, em cima do que disse o Out, em cima do que disse o Krishnamurti, em cima do que disse o Nisargadatta, em cima do que disse Lao-Tsé... Vamos continuar com cálculos, conjecturas, dúvidas, buscas, enquanto não conseguirmos ficar sentados, em silêncio, observando a realidade do estado de ser que nos faz buscar pelo Out, o Krishnamurti, o Lao-Tsé, o Nisargadatta e quinhentos mil nomes aí que forem surgindo...
Compreender o estado de ser que nos faz surgir, inclusive a vontade de vir aqui neste grupo, ir ao Blog, ir em qualquer canto... isso só ocorre com o tempo; por isso que continuo dizendo, independente do que fale qualquer mestre: há um processo! Há um tempo de prontificação! O próprio Krishnamurti, ou qualquer outro mestre precisou de um tempo de assimilação; precisou de um tempo de percepção, para que ocorresse um estado criativo e aí ele pudesse falar à partir desse estado criativo.
É preciso nos questionarmos: Qual é o estado de ser da qual parte a busca? A natureza exata dessa busca está em compreender o estado que motivou a busca, ou é só mais uma estratégia de fuga criada pela mente, para que não ocorra a compreensão do "estado de ser" que motiva essa busca?...
Vejo que, durante muitos anos, a busca é uma fuga do nosso confuso estado de ser; estamos tão confusos, que não sabemos nem mesmo a qual escola seguir ou a qual mestre escutar (se é que todas as nossas formas de cálculos, conjecturas e nossas "disfarçadas disputas", nos deixam escutar alguém... elas não deixam!). Sempre está lá o cálculo, a conjectura e está sempre o nosso espírito de disputa, que nos impede de podermos, de fato, escutar, que nos impede de podermos "confiar".
E o resultado disso aí? Qual que é?... De tanta fuga por conhecimento, nós criamos a nossa própria "Torre de Babel", uma vez que os mestres sempre acabam se contradizendo, uns aos outros; e com isso, a "natureza exata" do nosso conflito, a "natureza exata" do estado de ser que nos leva a partir para a busca, permanece sem ser compreendida.
A coisa toda seria muito mais fácil se soubéssemos escutar; o triste, é que nós não sabemos escutar; nós "pensamos" que sabemos escutar. Nossa escuta sempre pára nas imagens, nas palavras, nas conjecturas e no cálculo. Raramente se dá um momento de "reverberação"; aliás, quase nenhum de nós pára para meditar no que significa, quando nos é pedido para "deixar reverberar"... Nossa busca de certeza, de segurança e de auto-afirmação, impede o escutar; impede o reverberar. A questão do escutar, a questão do reverberar é tão importante, ela é tão essencial, que se pegarmos em algumas artes antigas, veremos que os anjos, os querubins, são representados com suas trombetas, não na boca, mas nos ouvidos; mas a "mente diabólica" ela impede a escuta dos anjos que nos falam... Não há como!
Não queremos, de fato, escutar, para não termos consciência do quanto somos... desonestos...
Outsider
Outsider