Este blog não foi criado para quem já fechou as persianas de sua mente e cuidadosamente as fixou para que nenhum filete de luz de novas idéias penetre e perturbe sua sonolenta e estagnante zona de conforto. Este blog é para os poucos que querem entrar na terra firme da experiência direta por não verem outro caminho mais seguro a tomar.

16 junho 2011

Observar e compartilhar sempre

Rodo do Cotidiano
Há muito tempo que eu não ficava tão estupefato com um livro. LAVAGEM CEREBRAL, de Joost A.M. Merloo, está me proporcionando respostas precisas a várias das minhas questões existenciais, bem como para muitos dos meus sentimentos passados e atuais. Em suas páginas, tenho encontrado um IMENSURÁVEL SENTIDO ao que venho vivenciando nestes meus últimos anos de deserto deserto. Por vezes, fico me questionando: como nunca consegui ver esta realidade por mim mesmo?... 


O que vivemos, nada diferente de um campo de concentração em momento de guerra. Guardas e prisioneiros, SÃO TODOS PRISIONEIROS, vivendo dentro do mesmo campo. O que difere é a qualidade e o espaço das celas; mas TODOS são prisioneiros. TODOS DIARIAMENTE ENFRENTAM OS APERTADOS VAGÕES PARA seu Auschwitz-Birkenau particular.  TODOS BRIGAM POR SUA PORÇÃO DIÁRIA DE ALIMENTO, TODOS SOFREM DE VÁRIOS MEDOS, TODOS TEM VÁRIAS DE SUAS NECESSIDADES ESSENCIAIS EXTREMAMENTE LIMITADAS... E RAROS SÃO OS QUE SE REBELAM, QUE ACEITAM PAGAR DIAS OU MESES DENTRO DE UMA SOLITÁRIA, QUE ACEITAM VIRAR AS COSTAS PARA CONTATOS DE FORTE INFLUÊNCIA CONFORMISTA. E mais raros ainda são aqueles que, mesmo inicialmente se rebelando, com poucos dias de solitária não se entregam ao conformismo, ao sistema operante. Raros conseguem ir até o fim e superar o medo da desintegração. Raros conseguem sobreviver a solidão que traz a tona os mais escondidos demônios interiores instalados em nós desde a mais tenra idade. O processo de auto-conhecimento nos colocou na solidão da cela — que é a nossa mente condicionada. É precisamos ficar com ela, ler seus conteúdos de forma diária e destemida, superar o medo de nosso inimigo (que é interno e não externo). Quem sabe, assim, seja possível o contato com outra realidade, com uma porta aberta em direção a luz que transpassa a razão. O mais importante é ter em mente que isso tudo faz parte de um processo, sempre permeado por impulsos para o retrocesso, para o conformismo, para a aceitação e enquadramento ao escravizante sistema estabelecido. É preciso observar atentamente. Observar e compartilhar o que se vê, sempre. 

Nelson Jonas Ramos de Oliveira


Filme: Revolver

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Escolho meus amigos pela pupila

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso. Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.

Para isso, só sendo louco! Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta. Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade. Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça. Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa. Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois ao vê-los loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.

Oscar Wilde

QUE BOM QUE VOCÊ CHEGOU! JUNTE-SE À NÓS!