Sempre a repressão diante dos meus desejos, pensamentos e sentimentos. Nunca a mínima expressão de validação, de apoio e confiança...
E tudo isto ocorreu numa época em que eu não tinha condições de me defender emocionalmente...
Essa vulnerabilidade, essa impotência diante dos abusos e do controle causou-me enormes feridas que levaram anos e anos para cicatrizarem e, quando hoje, algum "infeliz" tenta tocar nessas cicatrizes, a fera prontamente se apresenta... Uso a palavra "infeliz" por que somente uma pessoa infeliz pode fazer uso dessa infeliz atitude que tanta infelicidade produz.
E como é doloroso ver a manifestação interna dessa fera ferida, com seus urros em forma de pensamentos, sua frieza, seu olhar cerrado soltando chispas de fogo juntamente com cada palavra devidamente articulada...
A fera só silencia quando vê o agressor acuado, arcado em seus medos e emoções descontroladas...
E quando isso acontece, a fera ferida dá lugar à outra fera: a culpa.
Esse insano mecanismo tem ocorrido comigo por anos. Um misto de paixão e ódio...
Nesses momentos de insanidade animal, os pensamentos disparam de tal forma, que tudo que está em volta desaparece, o agora escapa entre o eco das palavras e o que se apresenta é uma torrente de imagens e sons do passado projetando-se num futuro imaginário que faz o presente submergir... Um verdadeiro tsunami emocional...
Minha reação natural é de fugir das garras do controlador que tenta me manter cativo.
Prefiro a solidão do que a morte em vida por novamente me permitir ser fera ferida encarcerada somente para fazer média diante do público...
Isso nunca mais!
E que se torne público!